O envelhecimento com qualidade de vida está nas prioridades do Brasil para a cúpula do G20. A longevidade também marcou presença no G20 Social, o encontro que reuniu a sociedade civil organizada para discutir as propostas a ser apresentadas à Cúpula dos Líderes do G20, na segunda e terça-feira (dias 18 e 19), no Rio de Janeiro

O Painel da Longevidade do G20 Social trouxe à tona importantes discussões sobre políticas públicas voltadas para a população idosa e teve como objetivo debater estratégias para promover uma vida mais saudável e ativa para os idosos, abordando temas como saúde, inclusão social e o papel da tecnologia na melhoria da qualidade de vida dessa população.

O secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Alexandre da Silva, ressaltou a importância de integrar políticas públicas que garantam direitos e promovam o bem-estar dos idosos.

São ações simples que podem acolher a pessoa idosa, uma caixa para guardar medicamentos, fotos, santinhos, a questão de ter uma cama na altura adequada e a atenção à saúde mental”, disse, ao propor que a reunião do G20 leve em conta a globalização e os seus efeitos nos hábitos e costumes das populações dos diferentes países.

Movimento Longevidade Brasil entrega carta a ministro

Presente no G20 Rio para ouvir e apresentar propostas, o Movimento Longevidade Brasil (MLB) entregou uma carta ao ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, com todas as ações, sugestões e os resultados das reuniões nos espaços criados para diálogo e troca de experiências entre diferentes setores da sociedade, incluindo governo, organizações não governamentais e a comunidade acadêmica.

Carlota Esteves, que criou e lidera o movimento, acredita que a integração de esforços é fundamental para enfrentar as questões relacionadas ao envelhecimento, como saúde, inclusão social e acessibilidade.

Com uma visão voltada para o futuro, o Movimento Longevidade Brasil continua a lutar por uma sociedade mais inclusiva e respeitosa, onde a experiência e o conhecimento dos idosos sejam valorizados e onde todos tenham a oportunidade de envelhecer com dignidade e qualidade de vida”, disse.

Carlota Esteves, do Movimento Longevidade Brasil, entrega documento ao ministro Márcio Macêdo (Fotos: Divulgação)

Em maio deste ano, o Portal Vida e Ação abordou a luta do MLB para incluir a longevidade na agenda de prioridades do G20 – veja aqui. “Compartilhar as melhores práticas e colaborar na construção de um futuro mais inclusivo e sustentável em todas as gerações é o nosso propósito”, dizia a coordenadora do MLB na ‘Carta Aberta ao G20′.

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O evento contou com as presenças de autoridades e renomados especialistas como o médico e gerontólogo Alexandre Kalache e o professor Hélio Furtado e outros. Conhecido por seu trabalho na área de saúde e envelhecimento, Kalache trouxe à discussão a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para lidar com os desafios que a longevidade impõe à sociedade.

Devemos repensar as cidades e os serviços para que sejam mais amigáveis e acessíveis para os idosos”, afirmou Kalache, destacando a relevância de ambientes que favoreçam a mobilidade e a socialização.

O professor Hélio Furtado também contribuiu com insights valiosos, ressaltando a importância da educação e da capacitação para a população idosa. Ele defendeu a criação de programas que incentivem o aprendizado contínuo e a inclusão digital, permitindo que os idosos se mantenham ativos e conectados.

O painel foi uma oportunidade para que representantes de diversas áreas, incluindo saúde, educação e assistência social, compartilhassem experiências e boas práticas. Passo importante na busca por soluções que garantam uma vida digna e plena para a população idosa, reafirmando o compromisso das autoridades em promover políticas que respeitem e valorizem essa fase da vida.

Envelhecimento ativo e saudável reduz a carga no sistema de saúde

Em abril deste ano, a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados cobrou do governo prioridade para a agenda do envelhecimento ativo e saudável na reunião da cúpula do G20, sob a presidência do Brasil.

Entre as ações que devem ser adotadas para promover o desenvolvimento saudável estão o acesso aos serviços de saúde ao longo de toda a vida, a promoção de estilos de vida saudáveis, a prevenção de quedas e acidentes, a proteção social e a educação. Além do fortalecimento da atenção primária à saúde, é necessário atualizar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que é de 2006.

A gente tem que cada vez mais aprimorar as nossas ações para que as pessoas idosas possam usufruir melhor das condições de vida. Construir também linhas de cuidado a partir das particularidades dos diversos grupos”, defendeu Silva.

Brasil, um país cada vez mais envelhecido

O envelhecimento da população brasileira é um processo acelerado. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro subiu de 71,1 anos em 2000 para 76,6 anos em 2023. A pandemia causou uma queda na expectativa de vida, mas ela subiu novamente após o fim da crise sanitária.

No Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010 havia 20 milhões de pessoas idosas, o que correspondia a 11% da população brasileira. Já o último Censo de 2022 evidencia o acelerado processo de envelhecimento populacional em curso no Brasil: aproximadamente 32 milhões de pessoas (15,8% de uma população total de 203 milhões) são idosas.

A projeção é que em 2070 a porcentagem da população idosa seja de 37,8%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define que o país é envelhecido quando alcança percentual de 14% da população idosa (65 anos e mais).

Confira alguns dados oficiais sobre a longevidade no Brasil:

  • A expectativa de vida ao nascer no Brasil subiu de 71,1 anos em 2000 para 76,4 anos em 2023
  • O Distrito Federal tem a maior expectativa de vida do país (79,7 anos). Roraima e Amapá têm a menor (74,3 anos)
  • No Rio de Janeiro o índice de envelhecimento  é o segundo maior do país – só perde para o Rio Grande do Sul.
  • Para cada 100 crianças de até 14 anos no Estado do Rio, há 73,64 pessoas acima de 65 anos.
  • Entre as capitais, o Rio tem a terceira taxa do país: 86,44. No estado, Niterói tem o maior índice: 118,15, ou seja, mais idosos do que crianças
  • Em 2022, o Índice de Envelhecimento era de 55,2, o que significa que havia 55,2 pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.
  • Entre os homens, esse indicador foi de 67,3 anos para 73,1 anos, no período, e entre as mulheres, de 75,1 anos para 79,7 anos. Os dados são das Projeções de População do IBGE com dados do Censo 2022.

Com informações da Câmara dos Deputados, MDHC e Movimento Longevidade Brasil

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