Desde 2007, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mobiliza anualmente seu Escritório de Prevenção da Cegueira e Surdez para promover um debate mundial focado em compartilhar informações e promover ações de prevenção à perda auditiva e de promoção dos cuidados auditivos. Com base nesta iniciativa, o dia 3 de março ficou marcado como o Dia Mundial da Audição, que, este ano, tem como tema “Cuidados com o ouvido e audição para todos”.
A data torna-se ainda mais importante diante da previsão feita pela OMS de que até 2050 o mundo poderá registrar 2,5 bilhões de pessoas surdas. Dados levantados pelo Instituto Locomotiva revelam ainda que apenas 9% das pessoas com deficiência auditiva nasceram com essa condição, e 91% adquiriram ao longo da vida, sendo que a metade destes indivíduos começou a ter problemas antes dos 50 anos. Diante deste cenário, é importante saber como cuidar da audição para prevenir a surdez, ou então, prevenir seu agravamento.
Os cuidados começam no dia a dia, evitando a exposição prolongada a estímulos sonoros que ultrapassem o limite de segurança de 85 decibéis estipulado pela OMS. Para se ter uma base comparativa, o som de uma britadeira, ou de uma motocicleta, por exemplo, atinge 100 decibéis. O momento da higienização, inclusive, precisa de atenção, visto que as hastes flexíveis podem apresentar um risco para a audição por contaminação ou até perfuração dos tímpanos.
Manter um acompanhamento médico para verificação da saúde em geral e também focada na audição é imprescindível para o diagnóstico precoce e tratamento adequado. Isto porque até doenças como meningite, sarampo, caxumba e infecções crônicas no ouvido podem causar perda auditiva. E segundo a OMS, uma pessoa sem problemas auditivos consegue ouvir sons de 25 decibéis ou mais baixos.
3 etapas no processo de adaptação dos aparelhos auditivos
Quando diagnosticada a perda auditiva, o uso de aparelhos auditivos pode ser um aliado na prevenção do agravamento do problema. Porém, o início da utilização de aparelhos auditivos é um processo que leva mais tempo e exige mais etapas do que só adquirir um dispositivo com configurações padronizadas e passar a colocá-lo na orelha, como prega o senso-comum.
Antes de começar a utilizar esta tecnologia assistiva diariamente, é preciso que o paciente passe por três etapas determinantes para o sucesso de sua adaptação. Abaixo, você confere quais são essas etapas, além de dicas de quem entende do assunto, a fonoaudióloga e audiologista Luciene Machado, que atua na rede Audição de TODOS.
“Óculos são dispositivos que, assim como aparelhos auditivos, ajudam a amenizar os efeitos da perda de um sentido. Se os óculos são tão difundidos, como podemos verificar hoje em dia, por que com os aparelhos seria diferente?”, comenta a especialista.
Fase 1: Audiometria de alta precisão
Todos aqueles que sentem que estão passando por um processo de perda auditiva e decidem buscar ajuda, precisam procurar um profissional da área, seja ele audiologista, fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, capaz de realizar um exame chamado de “Audiometria”. Na Audiometria, o profissional identifica o grau da perda auditiva, traça as particularidades dessa perda e indica o tipo de aparelho correto para que o paciente possa voltar a escutar.
Fase 2: Personalização do aparelho
Depois que o paciente estiver com o aparelho indicado em mãos, faz-se necessária ainda a personalização de como as ondas sonoras serão captadas pelo dispositivo, tendo em vista que o processo de perda auditiva possui caráter único e individual, de modo semelhante a impressões digitais, e por isso, cada aparelho precisa de uma configuração particular e minuciosa.
Fase 3: Acompanhamento e limpeza frequentes
O cumprimento das duas primeiras etapas elencadas prepara o paciente para dar início ao uso dos aparelhos diariamente. No entanto, a fonoaudióloga e audiologista Luciene Machado ressalta a importância de que o paciente mantenha um acompanhamento frequente com profissionais capacitados, para que o aparelho seja calibrado da forma mais apurada possível e passe por um processo de limpeza periódico que contribui para o aumento da vida útil do dispositivo.
Aparelhos padronizados não resolvem a perda auditiva
Preços altos e a demora no atendimento, no entanto, muitas vezes afugentam aqueles que precisam passar por estas três fases, fazendo com que eles frequentemente optem por alternativas com configurações padronizadas que são comercializadas em e-commerces por preços mais baixos.
Em grande parte dos casos, no entanto, os aparelhos padronizados não vão resolver os problemas dos pacientes, mas sim fazer com que eles passem a integrar uma parcela de 87% da população brasileira que está consciente sobre sua perda auditiva, porém não quer fazer uso do aparelho, devido à dificuldade de adaptação.
De acordo com a fonoaudióloga e audiologista Luciene Machado, a compra de produtos sem fiscalização, além de não possuir qualquer garantia de funcionamento, também pode representar um risco à saúde auditiva do usuário.
“Todo e qualquer aparelho auditivo vendido por revendas autorizadas são fiscalizados pelo Conselho Regional de Fonoaudiologia, bem como é exigido o acompanhamento do paciente pelo profissional fonoaudiólogo. Além disso, todos os aparelhos auditivos comercializados no Brasil devem ser aprovados pelo Inmetro e pela Anvisa, de modo que sejam seguros e confiáveis”, pontua Luciene.