Em meio às intensas discussões sobre o aborto legal no Brasil, especialmente com a tramitação de projetos de lei como o PL 1904/2024, a Hibou, empresa de pesquisa e insights de consumo, divulga uma pesquisa inédita que traz à tona dados alarmantes e significativos sobre a opinião dos brasileiros em relação ao tema.  A pesquisa entrevistou 1.560 brasileiros maiores de 18 anos, de diversas regiões e classes sociais, entre os dias 17 e 18 de junho de 2024.

Entre os achados mais relevantes, está o fato de que 74% dos brasileiros defendem a legalização do aborto em casos específicos, 62% são contra a PL 1904, 68% não acham que homens devem votar em questões relacionadas à reprodução feminina, e 87% acreditam que quem tem que decidir sobre o aborto é a vítima. Assustadores 36% não sabiam que o aborto já é permitido no Brasil em caso de estupro.

As discussões sobre o aborto no Brasil têm sido acaloradas, especialmente com a tramitação de projetos de lei como o PL 1904/2024, que busca equiparar o aborto a homicídio após 22 semanas de gestação. Esse projeto tem gerado controvérsias e dividido opiniões tanto entre políticos quanto na sociedade civil. Além disso, observamos a influência da religião na política e na opinião pública como um fator significativo, refletindo nas percepções e decisões sobre o tema’’ explica Lígia Mello, coordenadora da pesquisa.

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81% defendem aborto em casos específicos

A pesquisa revelou que 81% dos entrevistados defendem a permissão do aborto em casos específicos. Entre eles, 21% acreditam que o aborto deve ser permitido em todos os casos, enquanto 45% apoiam a legalização apenas em situações de estupro ou risco de vida da mãe.

Só 5% acham que deve ser permitido em casos de estupro até 22 semanas. Em contrapartida, 10% são a favor da proibição, salvo liberação especial na justiça, 12% são totalmente contra a legalização do aborto e 6% não têm opinião formada sobre o assunto.

Projeto de Lei 1904/2024

Sobre o Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto a homicídio após 22 semanas de gestação, mesmo em casos de gravidez resultante de estupro, 62% dos entrevistados são contra, 20% são a favor e 18% não têm opinião a respeito.

Conhecimento da população sobre as condições legais do aborto legal no Brasil

Em relação ao conhecimento das condições legais do aborto no Brasil, 73% dos entrevistados sabem que o aborto é permitido quando o bebê é anencéfalo ou quando a vida da mulher está em risco. No entanto, apenas 36% estão cientes de que a gravidez resultante de estupro também é um caso permitido.

Brasileiros sabem da falta de agilidade da justiça

A pesquisa também abordou a percepção sobre os casos de estupro no Brasil. De acordo com os dados, 84% dos entrevistados acreditam que a maioria dos casos de estupro não são denunciados pelas vítimas, 79% afirmam que os estupros atingem crianças e são praticados por conhecidos das vítimas, e apenas 3% consideram que os casos de estupro são denunciados e julgados de forma ágil.

A grande maioria (90%) dos brasileiros acreditm que os políticos desconhecem os números e as dificuldades que as mulheres passam ao denunciar um estupro no Brasil. Para 68% dos entrevistados, homens não deveriam votar em temas sobre reprodução feminina.

Decisão sobre o aborto após estupro

Quando questionados sobre quem deve decidir em casos de aborto após estupro, 87% dos entrevistados defendem que a vítima deve tomar essa decisão. Outros 36% acham que a família da vítima deve ter essa responsabilidade, enquanto 28% acreditam que a decisão deve ser do médico.

Influência de fatores religiosos e sociais

A influência da religião e da política também foi um tema abordado na pesquisa. A maioria dos entrevistados (59%) acredita que a decisão sobre o aborto tem cunho religioso, e 68% acham que homens não deveriam votar em assuntos relacionados à reprodução feminina.

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