No mundo, há mais de 25,9 milhões de refugiados e 3,5 milhões de pessoas solicitantes de refúgio. A cada minuto, 25 pessoas são deslocadas à força em decorrência de conflitos ou perseguições, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas em 2019. No Brasil, ao final de 2019, cerca de 130 mil pessoas vindas da Venezuela, solicitaram às autoridades competentes serem reconhecidas como refugiadas no país, conforme dados obtidos pela plataforma R4V.
Durante a pandemia mundial, alguns países ainda limitaram o acesso de refugiados e intensificaram as políticas restritivas de imigração. A situação dos refugiados ficou ainda mais complicada por conta do desemprego e da dificuldade que muitos tiveram para a obtenção do auxílio emergencial oferecido pelo governo federal, sem contar os casos de refugiados contaminados que acabaram perdendo a vida por conta da doença.
Em tempos de pandemia, o Dia Mundial do Refugiado (20 de junho) é celebrado no Brasil com uma ampla programação online, como o Tantos Somos, Somos Um, o Rio Refugia em Casa e a live “É Preciso Integrar” (veja abaixo a programação). O objetivo das atividades é a sensibilização do público em geral para a causa das pessoas refugiadas.
Em tom comemorativo, os organizadores do festival Tantos Somos, Somos Um desejam chamar a atenção do público com um conteúdo leve e festivo, mas consistente, em que seja possível conhecer não somente a realidade enfrentada pelas pessoas refugiadas ou solicitantes de refúgio, mas também como elas se expressam por meio da arte para tentar superar os desafios do dia a dia.
O festival será apresentado pelo ator Eduardo Mossri, que interpretou o médico sírio Faruq na novela “Órfãos da Terra”, produzida pela Rede Globo. Ele participou como voluntário, por um mês, das atividades do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR Brasil) em Boa Vista (RR) no início do ano. Após essa experiência, ele sentiu o desejo de sensibilizar e conscientizar mais pessoas para a causa da população em situação migratória ou de refúgio. Ao ser convidado para participar do festival, não hesitou em aceitar o convite.
Pessoas sofrendo não pode ser problema dos outros, pessoas sofrendo é um problema de todos, ainda mais quando são crianças. (…) É uma causa urgente e que necessita de amparo”, comenta Eduardo Mossri.
A Abraço Cultural, ONG e escola de idiomas com professores refugiados e migrantes, também traz algumas dicas para apoiar e refletir sobre a causa neste momento, mesmo sem sair de casa. Confira abaixo:
1. Aproveite a gastronomia de refugiados e migrantes
Arepas colombianas, falafel e pastas sírias, salgados venezuelanos. A plataforma #AbraceDaí reúne empreendedores/as que adaptaram suas produções culinárias para vendas online, e alguns também estão disponíveis em aplicativos de delivery. Não encontrou opções na sua cidade? Peça para um empreendedor refugiado preencher o formulário e seu trabalho será incluído na plataforma.
2. Aprenda um novo idioma com professores de culturas não hegemônicas
Aprender um novo idioma é sempre enriquecedor, principalmente quando te coloca em contato com diferentes culturas e perspectivas. Em meio à pandemia, o Abraço Cultural adaptou suas aulas presenciais ao espaço digital, garantindo que pessoas de todos os estados do Brasil possam aprender Inglês, Francês, Espanhol e Árabe com professores refugiados e migrantes. As inscrições para os cursos intensivos de 5 semanas já estão abertas no site.
3. Celebre a diversidade cultural sem aglomerações
O Abraço Cultural RJ junto com outros parceiros realizam anualmente o Rio Refugia, o maior evento em comemoração à data do Dia Mundial do Refugiado. Este ano a edição será online e, além do incentivo ao consumo de comidas e produtos de empreendedores em situação de refúgio, serão realizados webinários sobre refúgio, aula ao vivo de ritmo latino e vídeos culturais exclusivos. Confira a programação completa no site.
4. Se informe sobre a causa do refúgio
No Dia Mundial do Refugiado, o Instituto Adus irá promover uma live repleta de informações e música, com a participação dos/as jornalistas Antônio Prata e Patrícia Campos Mello e da cantora Maria Rita. Aproveite e garanta os seus ingressos!
5. Se coloque no lugar do outro. Como você sairia de situações complicadas?
O Refúgio 343 é uma organização humanitária dedicada à resgatar famílias venezuelanas refugiadas no Brasil. No Mês do Refugiado, a instituição lançou uma iniciativa de reflexão sobre a causa e como podemos contribuir com pequenas e valiosas ações. Acesse o link e faça o Teste de Resiliência para saber mais.
Festival online promete marcar as celebrações
Às 17h deste sábado, o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR Brasil) promoverá o festival TANTOS SOMOS, SOMOS UM – Pelos sonhos de todas as pessoas. O evento será transmitido pelo Facebook e Youtube e reunirá atrações que serão apresentadas pelo ator Eduardo Mossri. Os próprios refugiados de diversas nacionalidades estarão entre as atrações do festival que contará com apresentações artísticas variadas.
Entre elas, a da cantora e atriz haitiana, Angetona Dorgilus, que vive no Brasil há cinco anos e que participou do filme Rodantes, do diretor Leandro Lara, de 2019. Também estarão os fotógrafos Victor Moryama, correspondente do NY Times no Brasil, e o espanhol Sergi Camara, que registraram o drama dos migrantes e refugiados em solo brasileiro, além do fotógrafo Claudio Edinger.
Várias ações promovidas pela equipe de colaboradores e voluntários durante a pandemia serão lembradas durante a programação do festival. A intenção da instituição é que as pessoas conheçam as iniciativas promovidas em prol das pessoas migrantes e refugiadas nos últimos meses e colaborem ainda mais com as doações para que a assistência humanitária possa ser ampliada.
Como será a primeira edição do festival, a equipe organizadora deseja que os espectadores sejam envolvidos e se engajem pelo conceito do evento “Tantos somos, somos um”, para que o festival possa se fortalecer e continuar em outras oportunidades. Saiba mais no site sjmrbrasil.org/festival
Evento É Preciso Integrar
Neste sábado (20), o Instituto Adus promoverá o evento online “É Preciso Integrar”. A live será mediada pelos jornalistas Antonio Prata e Patricia Campos Mello, ambos do jornal Folha de S. Paulo, os quais promoverão um diálogo com três refugiados: Anas Obaidd, da Síria; Leonardo Matumona, da República Democrática do Congo; e Eliezka Garcia Soto, da Venezuela.
Das 20 às 22 horas eles contarão suas histórias de vida e a experiência com o refúgio, além de dividirem um pouco da cultura de cada região. O evento ainda contará com a presença da cantora Maria Rita, que se apresentará com o músico Matumona nos intervalos do bate-papo.
Para reforçar o apoio aos refugiados, especialmente neste período de isolamento social em que muitos estão sofrendo um impacto na fonte de renda, o Instituto Adus listará nos materiais de divulgação do evento nomes e contatos de alguns profissionais que dependem da gastronomia para sobreviver no Brasil. Assim, os interessados em adquirir algum item dos refugiados poderão saber qual é a especialidade culinária oferecida e entrar em contato direto com os vendedores para ter mais detalhes e efetuar a compra.
Ao longo da transmissão os espectadores poderão compartilhar perguntas para interagir. Além disso, serão divulgadas informações sobre o programa Amigo Adus para que os interessados possam conhecer o canal de doações do Instituto. A transmissão será pelos canais oficiais do Instituto Adus no YouTube e no Facebook. Inscrições: sympla – o evento é gratuito.
Sobre as entidades
Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR) – Organizado em 50 países, é a maior rede católica do mundo especializada em migração, deslocamento forçado e refúgio. Tem beneficiado milhares de pessoas com a prestação de serviços gratuitos, intervenções emergenciais, proteção, projetos de educação, integração, apoio psicossocial e pastoral. No Brasil, SJMR conta com cinco escritórios: Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Manaus (AM) e Porto Alegre (RS).
Instituto Adus – Há mais de dez anos, a ONG auxilia pessoas que estão em situação de refúgio no Brasil, atua na reintegração de refugiados e solicitantes de refúgio que buscam inserção social, econômica e cultural. “Nossa missão ganha ainda mais importância em um momento como este que estamos vivendo, com a pandemia da Covid-19. Mais do que nunca é preciso integrar. É preciso falar sobre este tema”, ressalta Marcelo Haydu, fundador e diretor do Instituto Adus.
Abraço Cultural – Criado em julho de 2015, é uma iniciativa da plataforma social Atados, que após realizar a 1ª Copa do Mundo dos Refugiados resolveu ter um projeto mais duradouro e que pudesse contribuir para a inserção desses refugiados na sociedade. Com operações no Rio de Janeiro e São Paulo, a ONG e escola de idiomas e cultura emprega apenas refugiados, capacitando-os para dar aulas e assim, promovendo uma troca de experiências, com a intenção de quebrar as barreiras culturais. São mais de 6.200 alunos, 90 professores capacitados e 2,5 milhões de renda gerada para os refugiados.
Com Assessorias