O Setembro Verde, mês de conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, ganha um significado especial com a divulgação de dados históricos que reforçam a importância da solidariedade. Neste ano, o Ministério da Saúde registrou mais de 30 mil transplantes realizados pelo SUS, um marco inédito que representa um aumento de 18% em relação a 2022.

Segundo o SUS, em 2025, o Brasil já realizou 3.408 transplantes de órgãos pela rede pública, na liderança do ranking de órgãos transplantados estão: rim (2.292), fígado (874) e coração (151). Do número de beneficiados, 67% são homens. São Paulo é o estado que mais realiza transplantes no país. De 2022 até agora, cerca de 2 mil doadores ajudaram a salvar a vida de milhares de pessoas no território paulista.

Apesar do recorde histórico, 78 mil pessoas em todo o Brasil – 26.819 delas em São Paulo – ainda aguardam na fila por um órgão, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Na fila de espera, 46.116 pessoas ainda aguardam o procedimento, sendo 42.661 esperando por um rim.

O contraste está no alto índice de recusa familiar: 43% das famílias se negam a autorizar a doação, quase o dobro da média mundial (25%).  No dia 27 de setembro, é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, um convite à reflexão sobre um tema que impacta milhares de famílias todos os anos.

Saúde lança campanha para reduzir recusa à doação de órgãos

Principal motivo é famílias não conversarem sobre desejo de doar
São Paulo (SP), 25/09/2025 - Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participa de cerimônia de Lançamento da Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos. Foto: Rafael Nascimento/MS.
© Rafael Nascimento/MS.

O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (25), em São Paulo, uma campanha para estimular a doação de órgãos no país. O objetivo, diz a pasta, é tentar reverter a recusa de doação, que ainda atinge 45% das famílias brasileiras.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esclareceu que a  principal mensagem que o governo quer trazer para essas famílias é sobre a segurança e sobre a seriedade do Programa Nacional de Transplantes, que é reconhecido mundialmente. Padilha participou do lançamento da campanha no Hospital do Rim, na capital paulista.

Quando um profissional de saúde vier conversar com a família para fazer essa doação, saiba que esse profissional de saúde tem todo o reconhecimento não só nacional, mas internacional de um programa extremamente seguro”, disse o ministro da Saúde.

“O sistema de saúde brasileiro não tem venda de órgãos, não tem tráfico de órgãos. A gente conseguiu consolidar, ao longo desses anos, um programa extremamente sólido, que faz com que essa família possa ter a absoluta segurança em nossa obra”, acrescentou ele.

Segundo o médico José Medina Pestana, superintendente do Hospital do Rim, isso decorre do fato de que as famílias ficam inseguras em fazer a doação quando desconhecem se essa era a vontade do ente querido que morreu.

“Não tem mais nenhuma família que desconfie de morte encefálica, isso está bem claro, já faz parte da cultura do brasileiro, que já entendeu o que é a morte encefálica. Também não tem barreira religiosa: mesmo Testemunhas de Jeová, que não aceitam a transfusão de sangue, aceitam ser doadores e aceitam ser receptores de órgãos. Também não temos nenhuma barreira cultural aqui: por alguma razão cultural, a população brasileira é bastante solidária”, descartou.

A principal razão [para a negativa da doação] – e é por isso que a campanha do Ministério da Saúde reforça isso – é que é preciso avisar à família [que você é um doador]. Quando a família nega, é porque a pessoa nunca falou em vida que queria ser doadora ou não”, acrescentou.

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Política nacional

Durante o evento de lançamento da campanha que pretende estimular que as pessoas conversem com suas famílias em vida e se reconheçam como doadoras, o ministro da Saúde também assinou uma portaria que cria a Política Nacional de Doação e Transplantes. Essa foi a primeira vez que a política foi descrita em portaria específica, desde 1997, quando o sistema de doações foi criado.

A política, informa o ministério, organiza os princípios e diretrizes do Sistema Nacional de Transplantes, “reforçando a ética, a transparência, o respeito ao anonimato e a gratuidade no acesso pelo SUS”.

Um dos grandes avanços dessa política, destaca a pasta, é a regulamentação dos transplantes de intestino delgado e multivisceral, que agora foram incluídos no SUS. Com isso, pacientes que tenham falência intestinal poderão ser tratados totalmente na rede pública de saúde, desde a reabilitação intestinal até os procedimentos de pré e pós-transplante.

Outra inovação dessa política é a incorporação do uso rotineiro da membrana amniótica, tecido obtido da placenta após o parto, para pacientes queimados, em especial crianças. Esse procedimento, diz o ministério, favorece a cicatrização e reduz as dores e o risco de infecções.

A nova política e o regulamento técnico representam um avanço importante para o Sistema Nacional de Transplantes. A redistribuição macrorregional garante que os órgãos sejam direcionados de forma mais eficiente, respeitando as malhas aéreas e assegurando que cheguem mais rapidamente aos hospitais. Isso amplia a possibilidade de transplantes em regiões que hoje realizam menos procedimentos e fortalece a equidade no acesso”, disse o ministro.

Outro lançamento realizado durante o evento foi o do Programa Nacional de Qualidade na Doação de Òrgãos e Tecidos para Transplantes, chamado de Prodot. Esse programa tem o objetivo de reconhecer e valorizar as equipes que atuam dentro dos hospitais e que são as responsáveis pela identificação dos potenciais doadores. Esses profissionais terão incentivos financeiros conforme o volume de atendimento e indicadores de desempenho, incluindo o aumento das doações.

SUS é campeão em transplantes

Atualmente, o Brasil ocupa a terceira posição mundial em número absoluto de procedimentos de transplantes de órgãos, atrás apenas de Estados Unidos e China. No entanto, o país lidera em transplantes realizados integralmente por um sistema públicoSó no primeiro semestre deste ano, foram realizados 14,9 mil transplantes, o maior número da série histórica. Mas esse valor poderia ser ainda maior se a recusa não fosse ainda tão grande.

Mais de 80 mil pessoas aguardam por um transplante no Brasil. Por isso, o Ministério da Saúde considera essencial sensibilizar as famílias do país sobre a importância da doação de órgãos, já que são elas que decidem pela doação ainda no hospital.

Com o mote, Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador, a campanha começará a ser veiculada ainda neste mês de setembro, quando é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, no dia 27.

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Com apoio das famílias doadoras e da rede pública de saúde, o Estado ultrapassou a marca de 4,2 mil transplantes em seis meses. Mais de 26 mil pessoas esperam por um transplante

Dados da Central de Transplantes de São Paulo, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), apontam que no primeiro semestre deste ano, foram realizados 4.229 transplantes de coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim e córneas, número 9% a mais que em 2022, quando foram registrados 3.863 procedimentos.

O Estado ter ultrapassado a marca de 5 mil transplantes representa não só a capacidade técnica da nossa rede, mas também a solidariedade das famílias que autorizam a doação. Estamos trabalhando com campanhas de esclarecimento e de capacitação de profissionais, que são fundamentais para que mais vidas sejam salvas”, afirma o coordenador da Central de Transplantes, Francisco de Assis Monteiro.

Para facilitar o acesso à informação, a Secretaria de Estado da Saúde, por meio do programa Saúde Digital, disponibilizou no aplicativo Poupatempo uma ferramenta que permite aos pacientes acompanhar de forma simples e prática o andamento do cadastro e sua posição na fila de transplantes.

O Governo de São Paulo desenvolve ações como o programa TransplantAR – Aviação Solidária, que utiliza aeronaves privadas para o transporte gratuito de órgãos destinados a transplantes, dando agilidade na logística de captação de órgãos e aumentando a chance de sucesso nos procedimentos.

Além disso, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) aumentou em 80% os valores pagos pela Tabela SUS Paulista para sete procedimentos relacionados à captação de órgãos para transplantes.

Junto a isso, o Governo também realiza campanhas de conscientização em diferentes canais, com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, fundamentais para ampliar o número de transplantes no estado.

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O Setembro Verde é o mês dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. Para ampliar o debate e estimular a participação da sociedade, o Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), promove ações como capacitações e treinamentos de profissionais de saúde, qualificando-os para atuar em todas as etapas do processo de doação.

Somente no primeiro semestre deste ano, o estado realizou 4.229 transplantes de coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim e córneas. Ainda assim, a fila de espera permanece expressiva: atualmente, 26.819 pacientes aguardam por um transplante em São Paulo.

Com Assessorias

 

 

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