A queda nas taxas de fecundidade ao redor do mundo não é sinal de rejeição à maternidade ou paternidade, mas sim reflexo de barreiras econômicas, sociais e de gênero que limitam as escolhas das pessoas. Essa é a principal conclusão do relatório Situação da População Mundial 2025, lançado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com o título “A verdadeira crise de fecundidade: a busca pela autonomia reprodutiva em um mundo em transformação”.

Realizado em 14 países — incluindo o Brasil — em parceria com a YouGov, o levantamento revela que uma em cada cinco pessoas no mundo acredita que não conseguirá ter o número de filhos ou filhas que gostaria. Dificuldades financeiras, insegurança no trabalho, alto custo de moradia, questões de saúde, falta de apoio para o cuidado e preocupação com o futuro do planeta são apontados como os principais obstáculos.

No Brasil, os dados refletem a tendência global. Quase 28% das pessoas entrevistadas afirmaram não conseguir ter o número de filhos desejado, e 40% relataram ter vivido uma gravidez não planejada. Além disso, cerca de uma em cada cinco mulheres relatou ter sido pressionada a engravidar’. 

Barreiras que limitam a autonomia reprodutiva e impactam decisões sobre formar família

Queda nas taxas de fecundidade é relacionada a fatores econômicos, desigualdade no cuidado e incertezas sobre o futuro

De acordo com análise do UNFPA, a ausência de condições justas para tomar decisões livres e informadas, especialmente entre jovens, têm impactado diretamente o momento de formar uma família ou a possibilidade de fazê-lo. Entre as soluções apontadas estão licenças familiares remuneradas, políticas públicas de cuidado com perspectiva de gênero, acesso acessível a tratamentos de fertilidade e a promoção da corresponsabilidade no cuidado dentro das famílias.

Para a representante do UNFPA no Brasil e diretora de País para o Uruguai e Paraguai, Florbela Fernandes, a justiça reprodutiva começa quando todas as pessoas, independentemente de sua origem, raça ou condição socioeconômica, têm acesso aos meios necessários para decidir livremente se, quando e quantos filhos desejam ter:

Ampliar esse acesso exige o enfrentamento de barreiras estruturais, por meio de esforços conjuntos entre governos, setor privado e sociedade civil, que garantam trabalho decente, habitação adequada, igualdade de gênero e acesso integral à saúde sexual e reprodutiva. Esse é um compromisso com a dignidade, os direitos humanos e o futuro inclusivo”, afirma.

Entre os principais dados globais:

  • Mais da metade das pessoas que têm ou desejam ter filhos/as dizem que obstáculos econômicos dificultam esse desejo;
  • 1 em cada 3 pessoas vivenciou, ou teve um(a) parceiro(a) que vivenciou, uma gravidez não intencional;
  • 1 em cada 5 pessoas declarou ter sido pressionada a ter filhos quando não queria;
  • 11% das pessoas disseram que as desigualdades na divisão das tarefas de cuidado dificultam sua decisão de ter filhas e filhos.

O relatório “Situação da População Mundial” é a principal publicação anual do UNFPA. Desde 1978, a publicação destaca temas emergentes em saúde e direitos sexuais e reprodutivos, colocando-os no centro do debate global e analisando os desafios e oportunidades que representam para o desenvolvimento sustentável. Acesse a edição completa de 2025 em: www.unfpa.org/swp2025.

Para mais informações sobre o UNFPA no Brasil, siga @unfpabrasil nas redes e visite a página: https://brazil.unfpa.org/

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