Quando um adoecimento mental é descoberto e tratado de maneira precoce, maiores são chances do paciente ter a remissão da doença. Em 2021, mais de 200 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais, segundo o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que engloba doenças como Alzheimer, depressão, ansiedade, esgotamento mental, transtorno bipolar e esquizofrenia.

A categoria bancária é uma das mais atingidas pelo adoecimento mental, consequência da pressão para o cumprimento de metas e, consequentemente, do assédio moral. Nos últimos cinco anos, o índice de afastamentos nos bancos teve alta de 26,2%. Entre os trabalhadores de outras categorias, o percentual foi de 15,4%.

Uma pesquisa feita pela revista estadunidense Health, do Ministério da Previdência Social e do Instituto SWNS, apontou as 10 principais profissões e carreiras com altos níveis de profissionais diagnosticados com doenças mentais: policiais e profissionais de segurança, garçons, assistentes sociais, profissionais de telemarketing, profissionais de saúde, professores, artistas e escritores, consultores financeiros e profissionais de apoio administrativo.

”Do lado empresarial, as companhias precisam colocar em prática ações que visam o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores no ambiente de trabalho. A disponibilização de exames, psicólogos e psiquiatras, como canais diretos para a denúncia de assédio moral, são fundamentais para a construção de um ambiente saudável. Afinal de contas, nunca vamos saber as angústias e os temores de cada um”, diz Alex Araujo, diretor da 4 Life Prime Saúde Ocupacional.

Bipolaridade deve ser levada a sério, diz especialista

Um dos transtornos cujo diagnóstico vem aumentando nos últimos tempos é a bipolaridade, uma doença que deve ser levada mais a sério, na opinião do especialista. O distúrbio é caracterizado por episódios de oscilações de humor, podendo variar entre estados depressivos e de mania – chamado também de fases de euforia. Os sintomas mais comuns são: irritabilidade, esquecimentos, ganho de peso, fala compulsiva e culpa excessiva.

“É uma doença que não tem cura, mas pode ser controlada com o uso de medicamentos, psicoterapias e mudanças no estilo de vida. É essencial entender o que se passa com o nosso corpo e com a nossa mente. Se não tratado, o distúrbio pode desencadear irritabilidade e agressividade, prejudicando o relacionamento interpessoal, a vida pessoal e profissional do doente”, explica.

Doença pode estar associada ao transtorno borderline

O psiquiatra Estevão Scotti, vice-diretor clínico da Casa de Saúde  Saint Roman, no Rio de Janeiro, afirma que o TAB é uma condição crônica, progressiva e potencialmente debilitante que afeta atualmente cerca de 2,4% da população mundial, sendo considerada uma das 10 principais causas de incapacidade em todo o mundo.
“Sua apresentação clínica é altamente heterogênea nas suas diversas polaridades, graus e matizes de sintomas e, não raramente, co-mórbido com outros transtornos psiquiátricos como o Transtorno de Personalidade Borderline ou transtorno por uso de substâncias”, esclarece o especialista.
De acordo com Dr. Estevão, de etiologia multifatorial mas fortemente influenciado por fatores genéticos, o TAB tem seu  prognóstico favorável dependente do número de episódios de humor ao longo da vida (ex: episódios maníacos), do tratamento precoce e contínuo e também da rede de  apoio de familiares e amigos.
“Portanto, uma vez que o diagnóstico é feito precocemente por um profissional treinado e o tratamento correto instituído, é perfeitamente factível desfrutar de uma vida plenamente funcional e criativa convivendo com o TAB” finaliza.

Estados maníacos e melancólicos são descritos desde a Antiguidade

O psiquiatra explica que Robert Post, influente pesquisador americano sobre Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), certa vez proferiu que este transtorno encontrava-se “everywhere”.  “Aforismos a parte, o transtorno bipolar é, de fato, um dos diagnósticos psiquiátricos mais consistentes, além de altamente prevalente na sociedade”, alerta.
Segundo Dr. Estevão, embora estados maníacos e melancólicos já tenham sido descritos desde a Grécia antiga por médicos como Areteu da Capadócia e mesmo por Hipócrates, o pai da medicina, é apenas no século XIX que se percebeu que ambos os estados são facetas de um mesmo processo.
Ele explica que nesta época, o psiquiatra alemão Emil Kraepelin, incluiu, em definitivo, tal conceito na nosologia psiquiátrica sob a alcunha de Doença Maníaco-Depressiva, o qual viria a se chamar Transtorno Afetivo Bipolar no século XX.
Com Assessorias
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