Este Dia dos Pais terá um gosto especial para aqueles que passaram o último ano longe dos seus filhos por causa da covid-19. Para estas e milhares de outras famílias, a data deste ano tem uma dimensão maior. Poder estar perto dos filhos, recuperados da doença que assusta o mundo há mais de um ano, é o presente que eles mais desejavam em 2021.

Até hoje, o comerciante Ramilto Lima lembra que passou o domingo do Dia dos Pais de 2020 parado em frente ao Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), pensando no filho, o advogado Guilherme Kovalski, de 35 anos, que estava internado na UTI com quadro grave de Covid-19.

“Meu coração estava muito angustiado. Não sei dizer quantos dias passei parado em frente ao hospital pedindo a Deus para curar o meu filho. Ano passado a equipe médica estava cuidando dele. Esse ano, quero retomar o meu papel de pai, de cuidar e estar perto”, se emociona Ramilto.

Já o filho, que havia sido intubado no dia 28 de julho, lutava pela vida para ter a chance de comemorar a data deste ano junto do pai e das duas filhas, Letícia, de 7 anos, e Larissa, de 1. Guilherme ficou sete meses internado para se recuperar das complicações da doença. Ao todo, foram 200 dias, 101 deles na UTI.

“Costumo dizer que a Covid é uma doença muito traiçoeira. Ano passado eu não acompanhei o Dia dos Pais, das Crianças, Natal. Quando fui internado, a minha filha mais nova mal sabia andar. Na minha alta ela já corria e a mais velha já sabia nadar”, relembra.

Pedido de passar o Dia dos Pais com a filha antes de ser intubado

Na mesma UTI, um dia antes, o farmacêutico Raphael Sant’Anna pedia ao médico – nos momentos que antecederam a intubação – que prometesse que estaria junto da filha para passar o Dia dos Pais em 2021.  “Saber que a gente precisa ser intubado dá muito medo. Medo de não poder ver e ficar próximo de quem a gente mais ama”, diz.

Após um ano, esse pedido do Raphael continua emocionando o médico intensivista Jarbas da Silva Motta Júnior, chefe da UTI do hospital, que realizou o procedimento e estava com os dois filhos pequenos em casa esperando por ele, após um longo plantão. 

“A pandemia nos trouxe muitas perdas e histórias de superação, muitas delas familiares. Não tem como deixar de nos alegrar a cada alta. De ser grato a cada pai que reencontra o filho ou volta para a família. Eu já sofri todas as incertezas e medos da doença quando meu pai ficou internado por mais de 30 dias na UTI com Covid e sei que não é nada fácil”, conta o médico.

Paciente de Covid passou 101 dias em UTI

Equipes de enfermagem e psicologia levaram o paciente até uma das sacadas do hospital para que ele pudesse ver família e amigos (Foto: Divulgação)

Diabético e hipertenso, Guilherme Kovalski Lima foi internado no hospital no dia 27 de julho, após oito dias da confirmação do diagnóstico do coronavírus. No dia seguinte, devido a uma trombose pulmonar, uma das principais complicações da doença, precisou ser encaminhado às pressas para UTI.

“Eu estava em casa quando ele me ligou da UTI dizendo que precisaria ser intubado, mas os médicos iam deixar eu vê-lo antes disso. Larguei tudo e saí correndo. Foi o pior dia da minha vida”, conta a esposa Jaqueline Lima.

101 balões foram soltos representando os dias em que Guilherme ficou internado na UTI (Foto: Divulgação)

O dia 6 de novembro de 2020 vai ficar marcado na memória do advogado. Após 101 dias de internação na UTI do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), ele ganhou uma linda homenagem da família e amigos ao receber alta para a enfermaria.

Durante a homenagem, as equipes de enfermagem e psicologia levaram o paciente até uma das sacadas do hospital para que ele pudesse ver família e amigos de corais de Curitiba e São José dos Pinhais cantarem uma das músicas que o paciente, que também é músico, balbuciou durante um dos contatos com a família. Para encerrar a ação, 101 balões também foram soltos, representando o período de internação na terapia intensiva.

Guilherme é hoje como um irmão para todos nós da UTI. Não tem como não nos envolvermos com os pacientes, ainda mais os que ficam por períodos mais longos como foi o caso do Guilherme”, disse o intensivista Jarbas da Motta Júnior.

Cuidados em tempos de variantes

Mesmo com uma redução no número de casos da Covid, os especialistas afirmam que ainda não é hora para diminuir os cuidados como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento. Muitos pais já receberam a vacina da covid-19, mas não é hora de afrouxar os cuidados.

“A vacina protege dos casos graves da doença, mas não significa que o vírus deixa de ser transmitido. Por isso, os cuidados para evitar reunir pessoas fora do convívio diário, fazer as refeições em locais ventilados, não compartilhar talheres e copos devem continuar”, ressalta a infectologista do Hospital Marcelino Champagnat, Camila Ahrens.

Com informações do Hospital Marcelino Champagnat

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