Pacientes de câncer não foram incluídos na lista de grupos prioritários do Programa Nacional de Imunização (PNI) para receber a vacina contra a Covid-19 porque o Ministério da Saúde não considera a doença crônica uma comorbidade. A decisão causou severas críticas por parte de médicos oncologistas e entidades que atuam com pesquisas, prevenção e tratamento do câncer. as como um dos maiores fatores de risco para o câncer é a idade, a campanha de vacinação acabou beneficiando muitos pacientes com essa doença.

Agora, com a inclusão de pacientes imunossuprimidos na lista do PNI, mais pacientes oncológicos também poderão tomar a vacina contra a Covid. É o caso de pessoas com cânceres hematológicos (leucemias, mieloma múltiplo, linfomas) ou que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses. Também podem ser vacinadas pessoas que passaram por transplante de órgão sólido ou de medula óssea.

As pesquisas feitas com as vacinas usadas no Brasil não incluíram pacientes oncológicos. Mesmo assim os especialistas recomendam a imunização dessas pessoas. Primeiro, porque a tecnologia usada nas vacinas já é conhecida para outros imunizantes e é segura para os pacientes que fazem quimioterapia.

O médico epidemiologista Alfredo Scaff, da Fundação do Câncer, afirma que as vacinas em aplicação no Brasil (CoronaVac e Oxford), são seguras e podem ser aplicadas em pacientes com câncer. “A vacina de vírus inativado (Coronavac) já é usada em pacientes oncológicos. Sabemos que os efeitos do vírus inativado nos pacientes são muito pequenos”, afirma.

Nós da Fundação e eu, particularmente, brigo muito para que o paciente com câncer seja um paciente rapidamente vacinado. Que a gente traga logo essas pessoas para o grupo de risco e para a vacinação assim que possível.”, recomendou o epidemiologista durante evento promovido nas plataformas digitais da Record TV em 26 de fevereiro.

De acordo com Scaff, pessoas que têm câncer e contraíram o coronavírus, devem se proteger ainda mais se comparado àquelas livres do vírus. O respeito ao isolamento social, utilização de máscaras e princípios básicos para evitar o contágio do coronavírus devem ser levados à risca. Mas é fundamental também procurarem se vacinar.

Tratamento do câncer durante a pandemia

Scaff também falou sobre a importância de manter o tratamento contra o câncer durante a pandemia. Diferentemente do que foi pregado por oncologistas no início da pandemia, hoje, os médicos da área afirmam a importância de não deixar as biópsias de câncer para última hora.

Respeitar o isolamento social será uma prioridade por tempo indeterminado, mas evitar os exames rotineiros é o mesmo que ampliar o período de tratamento do doente, o que pode acarretar maior risco de mortalidade. No início, nós mesmos, profissionais de saúde, encorajávamos as pessoas a ficarem em casa, imaginando que a pandemia iria passar, mas isso acabou virando um grande problema.”, afirmou.

Dados de rastreamento despencaram na pandemia

Anualmente, o Brasil descobre cerca de 19 milhões de casos de câncer e registra cerca de 10 milhões de mortes pela doença. A estimativa é de que até o ano de 2040 serão identificados mais de 30 milhões de casos por ano no país. Para especialistas da áreas, não há dúvidas de que a pandemia do coronavírus agravou a identificação e o tratamento do câncer.

O diretor geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), o oncologista Paulo Hoff, disse que no início da pandemia, os dados de rastreamento da doença despencaram e cerca de 30% não estavam sendo identificados. São novos casos de câncer que serão diagnosticados posteriormente em um estágio mais avançado”, disse.

Nos hospitais, grande parte da infraestrutura agora tem que ser desviada para o tratamento dos pacientes com a doença. Obviamente, é uma prioridade, mas gera uma discussão na disponibilidade de serviço. As pessoas que trabalham nos hospitais estão cansadas, dedicando atenção em se proteger da melhor maneira possível e dar um bom atendimento aos pacientes que chegam. E os pacientes têm medo de ir até uma consulta”, afirma.

Orientações e requisitos para vacinação

Para receber as doses, qualquer pessoa com comorbidades e que integre os grupos anunciados deve apresentar comprovante da condição de risco por meio de exames, receitas, relatório ou prescrição médica. Os cadastros previamente existentes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) também podem ser utilizados.

A orientação vale tanto para as pessoas com comorbidades nas faixas etárias de 50 a 59 anos quanto para as pessoas com Down, em hemodiálise e transplantados – para este último grupo, é também recomendável a apresentação de receita médica do medicamento imunossupressor em utilização pelo paciente.

Já as pessoas com deficiência permanente precisam apresentar o comprovante de recebimento do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC).

Relação de comorbidades definidas pelo Ministério da Saúde

• Doenças Cardiovasculares
• Insuficiência cardíaca (IC)
• Cor-pulmonale (alteração no ventrículo direito) e Hipertensão pulmonar
• Cardiopatia hipertensiva
• Síndromes coronarianas
• Valvopatias
• Miocardiopatias e Pericardiopatias
• Doença da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
• Arritmias cardíacas
• Cardiopatias congênitas no adulto
• Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados
• Diabetes mellitus
• Pneumopatias crônicas graves
• Hipertensão arterial resistente (HAR)
• Hipertensão arterial – estágio 3
• Hipertensão arterial – estágios 1 e 2 com lesão e órgão-alvo e/ou comorbidade
• Doença Cerebrovascular
• Doença renal crônica
• Imunossuprimidos (transplantados; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas em uso de corticoides; pessoas com câncer).
• Anemia falciforme e talassemia maior (hemoglobinopatias graves)
• Obesidade mórbida
• Cirrose hepática

Com Assessorias

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