Com a chegada do outono e o aumento de casos de infecções respiratórias, uma pergunta se torna essencial: por que devo me vacinar contra a gripe? A vacina da gripe pode proteger contra complicações sérias que atingem o trato respiratório superior — como sinusites, otites e até pneumonias.

A gripe é uma infecção viral que inflama a mucosa do nariz, garganta e seios da face, podendo desencadear uma série de outras doenças, principalmente em crianças e idosos”, alerta Cristiane Adami, médica otorrinolaringologista do Hospital Paulista. Segundo a especialista, os pequenos estão mais suscetíveis a otites e laringites, enquanto os mais velhos enfrentam risco maior de pneumonia e agravamento de doenças respiratórias crônicas, como asma e DPOC.

Mas não é só quem está nos extremos da vida que deve ficar atento. Pacientes com rinites, sinusites ou histórico de infecções no ouvido têm um motivo a mais para manter a carteirinha de vacinação em dia. “Essas pessoas já têm uma mucosa mais sensível. A gripe pode piorar os sintomas e facilitar infecções secundárias por bactérias. Em crianças, a gripe pode causar disfunção da tuba auditiva e levar à otite média”, explica a médica.

E o melhor: a vacina é segura para praticamente todos, inclusive para quem sofre com problemas otorrinolaringológicos. A única contraindicação é para quem tem alergia grave a algum componente da fórmula. Além da proteção individual, a vacinação em massa tem um papel essencial no controle da doença em nível coletivo. “Ela reduz a circulação do vírus, protege os mais vulneráveis e ajuda a evitar a superlotação dos consultórios e emergências durante os meses de inverno”, afirma Dra. Cristiane.

E quanto ao velho mito de que a vacina “dá gripe”? A especialista é categórica: “É um mito! A vacina é feita com vírus inativado. Não tem como causar gripe. Os sintomas leves que algumas pessoas sentem são apenas sinais de que o sistema imunológico está trabalhando. Às vezes, a pessoa se infecta com outro vírus logo após a vacina e acha que foi ela a causa, mas não foi”.

Por fim, a médica enfatiza que a vacinação contra a gripe é considerada uma das medidas mais eficazes para reduzir complicações respiratórias, infecções secundárias e a propagação do vírus na comunidade. “A imunização anual é segura, recomendada para praticamente todos os grupos e tem impacto direto na prevenção de quadros mais graves, especialmente nos meses de maior circulação do vírus”.

Mitos e verdades sobre a vacina da gripe: o que realmente funciona?

Crédito: Freepik

 

O número de casos de doenças respiratórias, como a gripe, tem chamado atenção no Brasil. De acordo com dados divulgados em abril deste ano pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), o país vem registrando aumento dos casos de infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR), causador da bronquiolite, e o da influenza A, um vírus com grande potencial de transmissão, que causa a gripe.

A gripe é uma infecção viral aguda causada pelo vírus influenza, que afeta o sistema respiratório e pode ser grave, especialmente em crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades. Por ser altamente contagiosa, a prevenção é fundamental, mas a desconfiança é a principal barreira para a imunização”, alerta Fábio Argenta, diretor médico da Saúde Livre Vacinas, rede de clínicas de vacinação para todas as idades.

Segundo ele, ainda existem mitos que atrapalham a adesão às vacinas. “Um dos mais comuns é a ideia de que não é necessário se proteger contra a gripe todos os anos, o que não é verdade. Como o vírus sofre mutações frequentes, a vacinação anual é essencial para garantir a proteção a cada nova cepa”.

Com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da vacinação contra a gripe, o Dr. Fábio esclarece mitos e verdades que ainda geram dúvidas sobre o imunizante. Confira:

1. A vacina da gripe causa gripe

Mito. Essa vacina é produzida com vírus inativados, logo, não causa a doença. “Criou-se esse pensamento devido aos efeitos colaterais que ela causa em algumas pessoas, no entanto, são reações leves como dor no local, mal estar ou febre baixa. Mas esses sintomas não perduram por mais de 48 horas”, explica Argenta.

2. Gestantes podem se vacinar contra a gripe

Verdade. Mulheres grávidas fazem parte do grupo de risco, ou seja, estão mais vulneráveis ao contágio e complicações da gripe, por isso, é essencial que elas se vacinem. “A vacina da gripe não faz mal para o feto, muito pelo contrário, a vacina é segura em qualquer idade gestacional e ajuda a proteger o bebê nos primeiros meses de vida”, comenta o diretor médico.

3. A vacina é ineficaz

Mito. A vacina da gripe é a maneira mais eficaz de combater a gripe e suas complicações. Mas ela não impede resfriados e sintomas relacionados. Dessa forma, cria-se o mito de que ela não funciona. “Como o vírus passa por mutações frequentes, há possibilidade do indivíduo ficar gripado e, por isso, é importante tomar a vacina todos os anos, pois ela age na redução de casos graves, hospitalizações e óbitos. Além disso, com a caderneta de vacinação em dia, se ficar gripado, os sintomas tendem a ser leves”, esclarece.

A importância da vacinação e da prevenção contra doenças respiratórias

Com a chegada dos meses mais frios, o Brasil se prepara para enfrentar um aumento nas doenças respiratórias, com destaque para o vírus influenza, responsável pela gripe, e o vírus sincicial respiratório (VSR), principal agente responsável pela PAC em crianças de até dois anos de idade. A vacinação é uma ferramenta crucial na luta contra essas doenças, que afetam desproporcionalmente as populações mais vulneráveis, como crianças e idosos.

Entre os agentes causadores de doenças respiratórias, também estão incluídas as doenças causadas pelo Streptococcus pneumoniae, a bactéria responsável por infecções graves como pneumonia, meningite, otite média e pneumonia adquirida na comunidade (PAC).

  • A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) alerta que mais de 95% de todos os episódios de pneumonia clínica e mais de 99% das mortes por pneumonia aguda entre crianças menores de 5 anos ocorrem em países em desenvolvimento.
  • As infecções respiratórias, especialmente as PACs, são as principais causas de hospitalização e morte entre crianças menores de cinco anos nesses países.
  • A vacinação contra as doenças pneumocócicas deve ser realizada ainda na infância, mas é importante ressaltar que o risco de doenças relacionadas ao pneumococo não se limita à primeira infância; pessoas idosas também estão em risco, tornando a vacinação uma medida essencial em diferentes fases da vida.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia, a pneumonia é a infecção que mais mata no mundo. Dados do Ministério da Saúde revelam que a pneumonia é uma das principais causas de morte em crianças menores de cinco anos no Brasil, especialmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Norte. Anualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) registra mais de 600 mil internações por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Influenza.

Além disso, as meningites, embora menos comuns, representam uma preocupação significativa: dados do Ministério da Saúde apontam que de dezembro de 2023 a setembro de 2024 foram notificados mais de 14 mil casos suspeitos no Brasil, sendo a meningite pneumocócica a mais frequente e letal, com 30,4% dos óbitos durante o período. A média de óbitos por meningites no Brasil entre 2010 e 2014 foi na ordem de 1.500 óbitos por ano.

A vacinação como ferramenta de prevenção

As principais vacinas usadas para prevenir doenças respiratórias incluem a vacinação contra a gripe (influenza), a vacinação contra pneumonia (pneumocócica) e, mais recentemente, a vacinação contra o vírus sincicial respiratório (VSR). A vacinação contra a gripe é anual e protege contra os vírus influenza, enquanto a vacinação pneumocócica protege contra doenças causadas pelo pneumococo, como pneumonia. A vacinação contra o VSR é recomendada para idosos e gestantes, e protege contra a infecção grave causada pelo VSR, que pode levar à bronquiolite e pneumonia, especialmente em crianças e bebês11.

A vacinação pneumocócica pode proteger contra múltiplos tipos de pneumococos. Sua administração é recomendada para crianças a partir de 2 meses de idade e pode ser indicada para adultos a partir dos 50 anos de idade, a critério médico. A vacinação não apenas protege o indivíduo, mas também contribui para a imunidade coletiva, reduzindo a propagação da doença.

Fatores climáticos e comportamentais

Durante os meses de inverno, a incidência de doenças respiratórias tende a aumentar devido a permanência em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que favorece a circulação de vírus.

Para minimizar os riscos de infecções respiratórias, os cuidadores devem adotar uma série de medidas preventivas:

  1. Vacinação em dia: assegurar que as crianças e adultos em grupos de risco estejam vacinados.
  2. Higiene pessoal: promover a higienização frequente das mãos.
  3. Ambientes saudáveis: manter os ambientes ventilados e limpos, reduzindo a exposição a germes.
  4. Hábitos saudáveis: manter-se hidratado, com alimentação adequada e prática de atividades físicas regulares.

Com Assessorias

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