Diabética desde criança, depois de ouvir que seus rins não estavam funcionando como o esperado, a biomédica Danielle Bastos, de 33 anos, passou a realizar diálise diariamente há cerca de quatro anos. Outro biomédico, Caio Alves, de 26, paciente renal crônico, também dependia exclusivamente do aparelho para filtragem do sangue, simulando a função do rim.

Além da juventude e da profissão, as histórias desses dois moradores do Rio de Janeiro se cruzam por causa de uma decisão nobre de alguém. Ambos passaram por transplante de rim recentemente, depois de anos precisando realizar diálise toda semana como terapia de suporte à vida, pelo fato de o órgão deles ter parado de funcionar. Hoje, levam uma rotina saudável e feliz.  No caso de Caio, morador de Niterói, a doadora foi a mãe. Já Danielle, recebeu o rim de um doador falecido.

Caio recebeu a doação do rim da mãe, Inês (Foto: Álbum de família)

Considero que tenho uma vida nova pela frente após o transplante. Estou animada em poder dar continuidade à minha segunda faculdade, de nutrição, para poder trabalhar com pacientes renais”, diz Danielle.

Atualmente, pós-transplante, me sinto bem melhor. A minha qualidade de vida melhorou muito, mas sei que tenho que seguir todas as recomendações médicas para que tudo continue bem”, afirma Caio.

A importância da diálise para o sucesso do transplante

Caio e Danielle são paciente da Clínica de Doenças Renais (CDR) de Niterói, unidade da rede Fresenius Medical Care. Eles seguem sendo acompanhados, após o transplante, pela equipe que garantiu a estabilidade de seus quadros de saúde, o que possibilitou a realização da cirurgia.

Mas o que muita gente não se atenta é que não basta estar na fila de transplante e conseguir um doador compatível. É fundamental que o paciente que aguarda o órgão esteja bem preparado enquanto espera, para não desperdiçar a chance de ser transplantado quando um doador compatível é encontrado, diz a a gerente médica da Fresenius Medical Care, Ana Beatriz Barra.

Pacientes que são submetidos a uma diálise de qualidade no período anterior ao transplante apresentam menor taxa de complicações e menor necessidade de hemotransfusão depois de operados. O nosso trabalho é estimular, através das equipes multidisciplinares de saúde, os pacientes aptos a realizarem o transplante, por ser a modalidade de terapia que proporciona mais liberdade ao paciente com falência renal. Porém, é preciso garantir um bom cuidado antes, durante e depois da cirurgia”, afirma

Somente entre janeiro e setembro deste ano, a CDR NIterói registrou 17 encaminhamentos de doentes renais para transplantes. Segundo o diretor-médico da unidade, Ronaldo Allão, a presença de um ambulatório exclusivo para indicações de transplantes dentro da unidade facilita a rotina de consultas e exames e promove a confiança na terapia.

Na clínica é feito um trabalho de incentivo e esclarecimento de dúvidas para que os pacientes se inscrevam para o transplante. O acompanhamento ambulatorial antes e depois do transplante é essencial”. O médico destaca que só através dele é possível acompanhar como o organismo está reagindo ao novo órgão. “Através dele são monitoradas todas as variáveis implicadas na terapia como a evolução dos marcadores de função renal – creatinina e ureia, dosagem de imunossupressores e, inclusive, detecção de infecções e possíveis complicações”, destaca.

Cenário no Rio e no Brasil

O Dia Nacional da Doação de Órgãos, 27 de setembro, existe para chamar atenção para uma decisão e uma ação que salvam vidas. Em 2018, segundo dados do Ministério da Saúde, foram realizados 42,5 milhões de transplantes de órgãos no Brasil. Destes, seis mil foram de rim e pouco mais de cem de pâncreas e rim. Atualmente, cerca de 30 mil pessoas aguardam na fila por um transplante renal em todo o país.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2018, a taxa de doadores efetivos cresceu apenas 2,4%, tendo passado de 16,6 por milhão de população (pmp) em 2017, para 17,0 pmp em 2018, 5,5% abaixo da taxa prevista (18,0 pmp).  Na região Sudeste, o transplante de rim ocupa a segunda posição entre os transplantes realizados (35,8 pmp), atrás do transplante de córnea (86,4 pmp).

No Rio de Janeiro, o Programa Estadual de Transplantes (PET) é responsável pela coordenação das atividades de doação e transplante, incluindo a gestão da fila única. Ainda segundo dados da ABTO, mais de mil pessoas aguardavam por um transplante de rim.

Quem pode ser doador de rim

Existem dois tipos de doadores: os doadores vivos (parentes ou não) e os doadores falecidos.

Doadores vivos:

Parente de até 4º grau ou cônjuge que não apresente problema detectável após avaliação médica rigorosa. São feitos vários exames do doador para se certificar que apresenta rins com bom funcionamento, não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor e que o seu risco de realizar a cirurgia para retirar e doar o rim seja reduzido.

Para ser um doador vivo é necessário manifestar desejo espontâneo e voluntário de ser doador, além de ter compatibilidade sanguínea ABO com o receptor. São realizados testes para comprovar outras compatibilidades (HLA e cross-match).

Doadores falecidos:

No caso de doadores falecidos, os rins são retirados após se estabelecer o diagnóstico de morte encefálica e após a permissão dos familiares ou cônjuge. O diagnóstico de morte encefálica segue padrões rigorosos definidos pelo Conselho Federal de Medicina.

Vários exames são realizados para se certificar que o doador apresenta rins com bom funcionamento e que não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor. O sangue do doador será cruzado com o dos receptores, e receberá o rim aquele paciente que for mais compatível (menor risco de rejeição) com o órgão que está disponível.

Para receber um rim de doador falecido é necessário estar inscrito na lista única de receptores de rim, da Central de Transplantes do Estado onde será feito o transplante. Os critérios de seleção do receptor são compatibilidade com o doador e tempo de espera em lista.

Fonte: Fresenius Medical Care, com Redação

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