Enquanto o Ministério da Saúde deixou estoques de milhares de testes para a Covid-19 vencerem em seus depósitos de São Paulo, sem distribuir à população que mais precisa, grandes grupos laboratoriais privados lucraram com a corrida pelo diagnóstico da doença. Dados recentemente levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostram que os laboratórios privados associados à entidade realizaram – entre fevereiro e dezembro de 2020 – 10,2 milhões de testes para detecção da Covid-19.

O número representa  43,1% de todos os exames para esse fim realizados no país. Desse montante, 4,5 milhões foram exames RT-PCR (padrão ouro para detecção da infecção pelo novo coronavírus na fase ativa da doença) e 5,7 milhões foram testes sorológicos. “Esses números evidenciam a atuação expressiva do conjunto de empresas associadas à Abramed no enfrentamento da crise desde o início do ano passado”, pontua Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da entidade.

Há um ano, quando o surto estava apenas começando no Brasil, os laboratórios privados rapidamente se mobilizaram para desenvolver, in house, os primeiros kits para diagnóstico da doença. Somente o Grupo Sabin superou a marca de mais de 1 milhão de testes para a Covid 19 realizados no país. Até o final de janeiro, a empresa contabilizou no total 1.220.000 exames, destes 745.000 no modelo RT-PCR (lançado ainda em fevereiro de 2020) e outros 475.000 sorológicos.

Posteriormente, esses mesmos laboratórios também atuaram na busca por exames alternativos e, hoje, temos uma sequência de testes que contribuem com a detecção da infecção. Além do RT-PCR e dos testes sorológicos capazes de identificar anticorpos e, assim, mostrar que aquele paciente já teve algum contato com o vírus, estão disponíveis outras modalidades diagnósticas como a proteômica, o RT-LAMP, o sequenciamento genético de nova geração, e os exames de imagem que contribuem com a melhor compreensão sobre o comprometimento pulmonar ocasionado pela doença.

Outros exames diagnósticos sofreram queda de 62%

Paralelamente à grande quantidade de testes para COVID-19 realizados ao longo de 12 meses, o setor demonstra preocupação com o represamento de tantos outros exames indispensáveis à prevenção e diagnóstico precoce de patologias. Em abril de 2020, por exemplo, quando a crise estava em um momento de ápice e diante de uma população bastante assustada, houve redução de 62% no número de autorizações emitidas pelos planos de saúde para realização de exames e terapias.

A queda persistiu por meses até que, em novembro, as autorizações entraram novamente em uma margem positiva e voltaram a subir. Dessa forma, estima-se uma redução de 15,3% no total de exames complementares previstos na saúde suplementar, o que representa um total de 147 milhões em 2020.

Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), nada menos do que 50 milhões de brasileiros são beneficiários potenciais dos serviços disponibilizados pelo setor. A Abramed conta com associados, que, juntos, respondem por mais de 60% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.

Um ano de pandemia, um ano de grandes desafios

No dia 26 de fevereiro de 2020 foi confirmado primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. O paciente era um homem,de 61 anos, recém-chegado de viagem à Itália, então o epicentro da pandemia na Europa. No dia seguinte ao anúncio oficial, o Ministério da Saúde confirmou outros 132 casos suspeitos da doença estavam sob monitoramento. Os dias, semanas e meses que sucederam o primeiro registro foram de preocupação.

Na mesma semana em que se relembra o primeiro caso oficial de Covid, o país chega a 250.079 vítimas da doença e supera 10 milhões de casos. O crescente número de casos e vítimas de norte a sul do país desafiou autoridades de saúde, tanto na esfera pública, quanto na privada, que se uniram em uma verdadeira ‘força-tarefa’ para tentar reduzir a incidência da doença.

Ao mesmo tempo, uma boa notícia estampa os noticiários: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a autorização de registro definitivo da primeira vacina contra Covid-19. Produzido pelo laboratório Pfizer/Biontech, o imunizante poderá ser importado para o país, inclusive pela rede privada, com medida que permite ao estado requisitar as vacinas para o setor público.

Para a Abramed, ao longo desses 365 dias de combate à pandemia, o setor de diagnóstico assumiu o papel de protagonista na gestão da crise e o suporte da saúde suplementar ao SUS se mostrou ainda mais relevante.

Mesmo diante da escassez global de insumos, a rede privada conseguiu dar início à testagem de forma ágil, permitindo a detecção do vírus o mais rápido possível e auxiliando a indicação do tratamento clínico mais adequado. Além disso, foi essencial para gerenciamento dos casos e a tomada de decisão sobre medidas de isolamento necessárias para evitar a disseminação acelerada do patógeno”, complementa Shcolnik.

O legado deixado pela pandemia para o setor de diagnósticos

O médico Rafael Jácomo, diretor técnico do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica, também enfatizou o legado deixado pela pandemia para o setor, durante a terceira edição do BootCamp, promovido pela Abramed. “Observar o cenário atual da pandemia, nos permite destacar um importante legado: a inegável contribuição para os avanços que temos hoje. Neste um ano, vimos o empenho e dedicação de cientistas e pesquisadores para responder de forma rápida, segura e eficaz à Covid 19”, declarou.

O especialista destacou ainda a relevância da medicina diagnóstica no enfrentamento à doença. “Os indicadores levantados a partir dos testes produzidos pelas companhias do setor fizeram diferença na rápida tomada de decisões de médicos e autoridades de saúde”, disse Jácomo, que esteve à frente da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento do Sabin no desenvolvimento dos testes para detecção da Covid 19.

Ainda segundo ele, a empresa agora ofece testes com capacidade de detecção de todas as variantes de SARS-CoV-2 descritas até o momento. “Mantemos uma rotina de atualização constante das alterações do vírus e desde os primeiros relatos dos casos das variantes seguimos acompanhando dos reports produzidos pelas principais autoridades de saúde globais”, enfatiza o médico.

Fonte: Abramed e Sabin

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