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Em dezembro de 2017, a atriz e apresentadora Úrsula Corona, de 34 anos, revelou no programa Encontro, de Fátima Bernardes, na TV Globo, o drama que viveu até ser diagnosticada com um tumor cerebral. Há dois anos, Úrsula passou por nove médicos, dos quais sete indicaram cirurgia e quimioterapia, mas não foi necessário. Curada, ela já está de volta à telona. Apesar de ser uma doença completamente invasiva, que provoca enormes mudanças físicas, sociais e psicológicas na vida do portador, o tumor cerebral não é o fim da linha e pode ter cura por meio de cirurgia.

Muitos pacientes que enfrentam o tumor cerebral podem voltar a ter uma vida normal e ativa. Por isso, quanto mais cedo receber o diagnóstico, maiores serão as chances de resultados efetivos do tratamento proposto, explica o neurocirurgião Luiz Daniel Cetl, , especialista em tumor cerebral pela Unifesp.

“Esse cenário é muito mais comum do que imaginamos, mas o paciente e as pessoas que vão apoiá-lo precisam entender que hoje a medicina evoluiu muito, nos mostrando todos os dias casos de pessoas que estão em tratamento, ou mesmo já o finalizaram, e conseguem realizar suas atividades diárias normalmente, sendo exemplos de que receber o diagnóstico da doença não é o fim do túnel”, afirma o especialista.

Segundo ele, muitos pacientes recebem o diagnóstico tardio, em muitos casos, pela automedicação, que muitas vezes além de mascarar e dificultar o diagnóstico do tumor cerebral, pode comprometer o prognóstico. “Isso só reforça que, ao sentir sintomas recorrentes, o paciente deve procurar um clínico geral ou neurologista, que pode encaminhá-lo a um neurocirurgião especialista em tumor cerebral”. Além disso, o portador de tumor cerebral, assim como portadores de qualquer tipo de câncer, deve receber acompanhamento especializado e apoio de amigos e familiares.

Experiência mística – Durante as gravações de um documentário na Floresta Amazônica, Úrsula disse que teve um encontro com uma médium russa que lhe revelou a doença no cérebro. “Estou bem, estou ótima, trabalhando, estou a mil! Estou feliz”, contou a atriz, que em fevereiro deste ano estreou a série documental Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, no Canal Brasil.  Úrsula contou que uma médica do Inca (Instituto Nacional do Câncer) a orientou e não foi necessário cirurgia, nem quimioterapia.

“O meu caso foi muito saudável. Eu não gosto nem de dizer que foi um câncer, foi um tumor na hipófise e eu estou bem. Mas a descoberta de um tumor nunca é fácil. Não conseguimos pensar: ‘vai dar tudo certo’.Há muitos medos! O meu pai teve cancro no intestino e a minha mãe na mama e superaram a doença. Mas até vermos uma luz ao fundo do túnel é uma transformação interna. Eu só consegui compreender quando parei de perguntar porquê e comecei a perguntar para quê. Sou muito melhor hoje”, disse ao site português Lux. em janeiro, quando participou das gravações da novela Ouro Verde, em Portugal. ”

 

tumor_cerebralCirurgia pode levar à cura

Na grande maioria dos casos, a doença é oriunda de metástase de um tumor proveniente de outra área do corpo. “Por isso, os sintomas do tumor cerebral vão depender muito de sua localização, mas, basicamente, são formados por dor de cabeça, tonturas, alterações de equilíbrio, convulsões, déficit neurológico progressivo e confusão mental”, esclarece o médico. Segundo ele, mesmo os tumores cerebrais benignos podem gerar, em um primeiro momento, medo no paciente e seus familiares, uma vez que seus sintomas são bem similares aos de um tumor cerebral maligno.

De acordo com Cetl, todos os tumores cerebrais podem ser tratados cirurgicamente, mesmo os benignos, cuja remoção completa poderá levar à cura da doença. O especialista conta que hoje a neurocirurgia é realizada inclusive com cálculos físicos e matemáticos, que diminuem as chances de danos em outras áreas do cérebro. “A cirurgia com o paciente acordado, por exemplo, conhecida entre os especialistas como ‘awake craniotomy’, permite que o cirurgião tenha a localização em tempo real de regiões funcionais do cérebro, permitindo ainda a preservação destas regiões. É considerada padrão ouro para a identificação das áreas eloquentes, que correspondem às regiões motora, sensitiva e de linguagem”.

A técnica apresenta excelentes resultados, sobretudo no que diz respeito à qualidade de vida, menor tempo de internação, retorno às atividades cotidianas do paciente e o controle das recidivas tumorais. Apesar de complexa, a ‘Awake Craniotomy’ é bastante utilizada em todo mundo há mais de duas décadas para os casos de ressecção (remoção) de tumores cerebrais. No Brasil, a cirurgia é realizada há quase 10 anos.

“O procedimento permite o controle da ressecção do tumor, com retirada maior sem comprometer uma determinada função cerebral e menor déficit pós-operatório. Há incidência de maior controle do tumor quanto maior for sua retirada e, ao mesmo tempo, são maiores as chances de postergar as recidivas. O grande diferencial deste procedimento é que o neurocirurgião consegue identificar as áreas eloquentes – motora, sensitiva ou de linguagem – e atingidas pelo tumor”, explica o neurocirurgião.

A cirurgia é realizada com o paciente submetido a uma anestesia geral que, após a abertura do osso do crânio, é acordado, através da diminuição do nível da sedação. São colocados eletrodos nas mãos, nas pernas ou nas áreas em que se quer testar os estímulos cerebrais. No momento da estimulação da área correspondente, o cirurgião pede para o paciente falar uma frase. Nesse momento, o circuito da área atingida pode sofrer alteração e, assim, ser cessada a fala ou demonstrar distúrbio de linguagem (parafasia). Após o mapeamento das áreas de interesse, o paciente é novamente colocado em anestesia geral e a cirurgia é concluída com a remoção total ou parcial do tumor.

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