Cerca de 30% dos brasileiros são hipertensos – isso significa que três a cada 10 pessoas no Brasil têm hipertensão arterial. No Brasil, conforme dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, mais de 38,1 milhões de pessoas com 18 anos ou mais sofrem de hipertensão. Nas crianças e jovens, o índice varia entre 5% e 8%.

Considerada uma doença silenciosa, que muitas vezes não apresenta sintomas, a popular pressão alta pode estar relacionada a 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC) e 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio (IAM). Hipertensos, assim como outros cardiopatas e portadores de doenças crônicas têm possibilidade de maiores complicações pela Covid-19.

Por isso, cardiopatas e pacientes com doenças crônicas não devem suspender seus tratamentos por conta da infecção pelo novo coronavírus. As medicações que fazem os ajudarão a proteger o organismo, de forma a permitir uma evolução mais favorável da Covid-19”, atesta Audes Feitosa, presidente do Departamento de Hipertensão Arterial (DHA) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Segundo ele, a hipertensão é o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares – entre elas o infarto e o AVC -, doença renal crônica e morte prematura. Associa-se a fatores de risco metabólicos para as doenças dos sistemas cardiocirculatório e renal, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes.

Uma pesquisa realizada pela CAPESESP (Caixa de Previdência e Assistência dos Servidores da Fundação Nacional de Saúde) analisou ao longo de dez anos o potencial impacto do estilo de vida de 46 mil beneficiários do plano de saúde e verificou que os fatores de risco modificáveis, tais como sobrepeso/obesidade, atividade física leve/sedentarismo e tabagismo, podem estar associados ao surgimento de hipertensão arterial e diabetes.

O estudo constatou que aqueles que não apresentavam fatores de risco em 2007 permaneceram livres das doenças 10 anos depois (2017). Desse grupo, 37% não desenvolveram hipertensão arterial e 31% continuaram sem manifestar diabetes. Os dados analisados foram obtidos a partir de pesquisas de saúde populacional realizadas pela entidade e registros de eventos no sistema informatizado.

De acordo com os autores da pesquisa, os médicos João Paulo dos Reis Neto, diretor-presidente da Capesesp, e Juliana Martinho Busch, Diretora de Previdência e Assistência da Entidade, essas duas doenças são particularmente importantes, pois também podem agravar ainda outras comorbidades, elevando o risco de mortalidade, além de gerar um impacto significativo, na utilização dos recursos assistenciais e na economia familiar como um todo, uma vez que resulta em incapacidade para atividades laborativas e perda de produtividade,

Ainda segundo os especialistas, o incentivo a uma rotina saudável é fundamental para reduzir os fatores de risco e assim, viver melhor e por mais tempo, ressaltam.

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial

O Brasil celebra em 26 de abril o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, data para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico preventivo e do tratamento da doença, que mata mais de dez milhões de pessoas por ano no mundo.

A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ou medicamentoso) superam os riscos. Por se tratar de condição frequentemente assintomática, a hipertensão costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos.

É caracterizada pela elevação sustentada dos níveis de pressão arterial, acima de 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio), popularmente conhecida como 14/9 – o primeiro número se refere à pressão máxima ou sistólica, que corresponde à contração do coração; o segundo, à pressão do movimento de diástole, quando o coração relaxa. Sua identificação e tratamento precoces, reduzem a mortalidade por causas cardiovasculares.

Principais fatores de risco para a hipertensão

O cardiologista aponta obesidade, tabagismo, sedentarismo, histórico familiar, estresse e envelhecimento como fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão. O sobrepeso e a obesidade podem acelerar em até 10 anos o aparecimento da doença, assim como o consumo exagerado de sal, que associado a hábitos alimentares não adequados também colaboram para o surgimento da doença.

Ao reconhecer qualquer um dos sintomas, como alteração do movimento e/ou da sensibilidade em uma parte do corpo; dificuldade de fala ou compreensão; dor de cabeça intensa e súbita; tontura ou alteração no equilíbrio; alteração da visão e/ou dificuldade para enxergar, náusea ou vômito, dificuldade para engolir e/ou perda da consciência (desmaio) – é importante procurar ajuda médica, pois os profissionais de saúde têm um curto espaço de tempo para atuar: a cada minuto, milhões de neurônios podem ser perdidos durante um AVC. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maior é a chance de recuperação.

Feitosa destaca que a hipertensão tem fatores de risco que são modificáveis e outros não modificáveis, como predisposição genética e envelhecimento. Por isso é de fundamental importância trabalhar aqueles que são passíveis de mudança, o que inclui: manter uma rotina saudável, tendo uma alimentação balanceada e evitando o sedentarismo – e consequentemente o sobrepeso e a obesidade.

O hábito de fumar, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, diabetes e outras doenças com causa cardíaca fazem parte do conjunto de fatores de risco. “Além disso, se possível, é importante também que a pessoa tente combater o estresse”, complementa o presidente do DHA/SBC.

Diretrizes para tratamento da hipertensão

Em 2020, a SBC, em parceria com as Sociedades Brasileiras de Hipertensão e Nefrologia, o DHA/SBC trabalhou na construção das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 2020. O resultado desse esforço conjunto e da colaboração de mais de 90 experts é um documento robusto, rico em atualizações e capaz de promover avanços no contexto do diagnóstico, avaliação clínica, estratificação, tratamento e controle da doença hipertensiva nos seus diversos cenários. Acesse a publicação AQUI.

Segundo as diretrizes, os índices de controle da hipertensão arterial ainda são insatisfatórios no Brasil. Os motivos para a falta de controle dos hipertensos são diversos, mas um dos fatores de maior peso neste cenário é a falta de adesão ao tratamento. Esta questão envolve barreiras relacionadas com as condições sócio-demográficas, o tratamento medicamentoso, os sistemas de saúde, o paciente e a doença propriamente dita.

Com Assessorias

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