É real o risco de o Brasil ter as 500 mil mortes agora registradas dobradas até dezembro. A situação é grave e pode ser ainda mais crítica entre gestantes e puérperas. Apenas nos primeiros cinco meses e meio de 2021, houve aumento de 111,7% dos óbitos por Covid-19, em relação a 2020 inteiro. Esses dados são do Ministério da Saúde, com atualização semana a semana, sempre às quartas-feiras, e têm sido amplamente divulgados pelo Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19), após estudo estatístico e interpretação científica.

A infecção decorrente do novo coronavírus tornou-se a principal razão de óbitos de gestantes em 2020 e caminha para repetir semelhante quadro em 2021. Ao longo dos 14 meses de pandemia, 1149 gestantes e puérperas faleceram em decorrência da Covid-19 (695 delas, somente neste ano). Até 16 de junho de 2021, dado mais recente do MS, perderam a vida 1.412 gestantes e puérperas. Outra marca estarrecedora é a da letalidade da doença: saltou de 7.4% em 2020 para 17% em 2021.

Entre março de 2020 e 16 de junho de 2021, foram 14.042 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid e 1.412 óbitos (10,1%). Houve ainda mais 11.785 de registros com 296 mortes entre gestantes e puérperas com SRAG não especificada, que, na avaliação dos pesquisadores, podem ser também episódios de SARS-Covid-19.

Desde o início da pandemia, uma a cada cinco gestantes e puérperas que faleceram por Covid não teve acesso a unidades de terapia intensiva (UTI) e 33% não foram intubadas – o derradeiro recurso terapêutico que poderia salvá-las.

Para a Sogesp – Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, “o país registra números lamentáveis, vergonhosos e cruéis”. Diante dessa tragédia anunciada, os ginecologistas e obstetras paulistas entraram em estado de alerta. A avaliação é a de que atitude e solidariedade são imperativas, mais do que nunca, para brecar a Covid-19 e tentar evitar a tragédia de 1 milhão de óbitos.

No caso específico de grávidas e puérperas, um complicador justifica a preocupação dos tocoginecologistas: a adesão delas à vacinação está bem abaixo do esperado. O diagnóstico é que temem por improváveis reações adversas para a saúde delas e para a de seus bebês, principalmente de malformações.

Monitoramos as redes sociais com frequência e nossos associados recebem, diariamente, centenas de mensagens por whatsapp/e-mail. As manifestações de grávidas e puérperas evidenciam pavor e angústia. Fica claro que são alvo de campanha de contrainformação, via fake news, de grupos contrários à imunização”, analisa a presidente da Sogesp, Rossana Pulcineli.

Mutirão para esclarecer grávidas e incentivar vacinação

Diante desse cenário, a entidade resolveu reagir. Orientação/informação de qualidade e baseada 100% na Ciência é a receita da Sogesp para minimizar dados altíssimos impingidos a essas mulheres durante a pandemia. A entidade mobilizou seus especialistas para um plantão on-line, uma espécie de live de emergência, de 22 a 25, e também no dia 28 de junho, para atender aos questionamentos das pacientes. Inicialmente, estão marcadas as cinco lives gratuitas, mas o calendário pode ser estendido em virtude da demanda.

É nossa obrigação defendê-las e prezar pela saúde e vida delas. Temos de trabalhar com esclarecimentos permanentes e mostrar a elas que vacinas só fazem bem a grávidas, puérperas e a todos”, diz ela.

O formato é simples: após breve explanação sobre os benefícios e segurança de todas as vacinas, três ginecologistas e obstetras ouvirão dúvidas e prestarão esclarecimento às grávidas e puérperas. As lives são gratuitas, começando sempre às 19h. As transmissões ocorrerão nas redes sociais da Sogesp, abertas a todos. Mais informações neste link.

Agende-se

Mutirão: gestantes e puérperas, vacinas sim

Quando: 22, 23, 24, 25 e 28 de junho

Horário: a partir de 19h

Onde: redes sociais Sogesp (Facebook, Instagram e Youtube)

A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) promove nesta quinta-feira (24), às 18h, mais uma edição do Anahp AO VIVO – série de webinars com especialistas da área da saúde para debater as principais pautas do setor. Desta vez, o tema será “O impacto da pandemia para gestantes e puérperas”.

Participam da discussão Lely Guzmán, coordenadora da Unidade Técnica de Família, Gênero e Curso de Vida da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), e Antônio Braga Neto, diretor do departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção Primária da Saúde (Dapes/Saps/MS).

A edição será dividida em dois painéis: o “Panorama da mortalidade materna no contexto da Covid-19 no Brasil”, conduzido por Rossana Francisco, professora associada da disciplina de Obstetrícia da USP, e “Assistência à gestante grave: um desafio multidisciplinar”, com a docente do departamento de Tocoginecologia da FCM/UNICAMP, Adriana Luz.

A moderação será compartilhada entre o presidente do conselho administrativo da Anahp Joana Eduardo Amaro, que é e diretor administrativo do Hospital e Maternidade Santa, e a coordenadora do grupo técnico do Ministério da Saúde – Gestantes e puérperas x Covid-19 Rosiane Mattar. As inscrições para acompanhar o debate são gratuitas e devem ser feitas pelo link.

Com Assessorias

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