Evento na orla de Copacabana chamou atenção para os casos de suicídio (Foto: Isabela Kassow - Divulgação)
Evento na orla de Copacabana chamou atenção para os casos de suicídio (Foto: Isabela Kassow – Divulgação)

A cada 45 minutos, uma pessoa dá cabo na própria vida no Brasil.  De acordo com os números do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, ocorrem, em média, 32 mortes por suicídio por dia. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), todos os anos são registrados cerca de dez mil suicídios no Brasil, e mais de um milhão em todo o mundo. A ABP afirma ainda que 17% das pessoas no Brasil pensaram, em algum momento, em tirar a própria vida. O Brasil está na 73ª posição na esfera mundial e no grupo de países com taxas crescentes de suicídio.

No mundo, esse número é ainda mais assustador: a cada 40 segundos, alguém comete suicídio. Ou quase um milhão de pessoas se mata a cada ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A campanha Setembro Amarelo chama atenção para esse grave problema de saúde pública, muitas vezes ignorado.  Estima-se que até 2020 poderá ocorrer um aumento de 50% na ocorrência anual de suicídios em todo o mundo, ultrapassando o número de mortes decorrentes de homicídio e guerra combinados.

Homens de 15 a 49 anos são o maior grupo de risco, além de idosos, pessoas com doenças mentais ou que abusam de drogas e também os detentos. Esta já é a 10ª principal causa de morte em todo o mundo. Cerca de 7% da população é exposta ao luto por suicídio a cada ano. Pesquisas estimam que 60 pessoas sejam intimamente afetadas em cada morte por suicídio, incluindo família, amigos e colegas. Cerca de 48 milhões e meio de pessoas podem ser expostas ao luto do suicídio anualmente no mundo: são os sobreviventes.

Estima-se que o  ato suicida não fatal ocorra pelo menos 10 vezes mais do que suicídios fatais. A Organização das Nações Unidas (ONU) criou em 1996 uma diretriz para prevenção do suicídio, visto que é um evento em grande parte evitável, com o objetivo de reduzir as estatísticas ainda tão elevadas em todo o mundo.

Números podem estar subestimados

Ideação e comportamento suicida estão entre as mais sérias e comuns emergências psiquiátricas, no entanto, as taxas de suicídio relatadas podem estar subestimadas, devido ao estigma legal ou social e questões processuais relacionadas ao registro do óbito. O suicídio outrora predominante entre a população idosa, atualmente é frequente em faixas etárias mais jovens.Segundo a OMS, as taxas de incidência de suicídio consumado variam consideravelmente entre os diferentes países, sendo que na América Latina, as taxas são relativamente baixas em comparação as taxas de homicídio.

Estudos têm demonstrado a existência de diferenças quanto ao gênero, já que as taxas de suicídio são mais altas entre homens do que entre mulheres.O suicídio no sexo masculino, é caracterizado por alto grau de letalidade, tendo como métodos mais frequentes de suicídio: enforcamento, uso de arma de fogo, e salto de lugares altos. Entre o sexo feminino, ocorrem as tendências à intoxicação auto infligida, permitindo maior possibilidade de a pessoa ser salva.

Transtorno psiquiátrico presente em 100% das mortes

A prevenção começa quando se aborda o tema e sua principal causa, que é a depressão, uma doença que precisa ser levada a sério. É preciso estimular as pessoas a procurar ajuda. Romper com o estigma com a ajuda da mídia é fundamental para salvar vidas. Essa é a estratégia da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) promove, mais uma vez, este ano a campanha Setembro Amarelo. O alerta pretende informar para prevenir, estimulando as pessoas a procurarem ajuda.

De acordo com a ABP, diversos estudos apontam que mais de 100% das mortes por suicídio estão associadas a um transtorno psiquiátrico. Com o objetivo de contribuir para a redução desses números alarmantes, o Setembro Amarelo busca conscientizar a população acerca da importância da identificação e do tratamento corretos das doenças mentais, o que resultaria na redução de mortes por suicídio.

Para o êxito da campanha, é fundamental falar de suicídio de forma responsável e com base em informações corretas. Por conta disso, a ABP e o CFM lançaram duas cartilhas com orientações acerca do tema: “Comportamento suicida: conhecer para prevenir”, direcionada aos profissionais da imprensa, e “Suicídio: informando para prevenir”, voltada aos profissionais da área de saúde.
Conheça aqui a cartilha da ABP “Suicídio – informando para prevenir”
Prevenção pode evitar 90% das mortes

Neste Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro), Jaber liderou uma grande passeata em Copacabana, para chamar a atenção para o problema. O evento distribuiu camisetas e cartilhas para ajudar na identificação de pessoas que precisam de ajuda. Contou ainda com uma aula de ginástica dançante gratuita.  Na noite de domingo, o Cristo Redentor também foi iluminado de amarelo, para chamar a atenção de todos para a prevenção ao suicídio.

“Romper com o estigma é fundamental para salvar vidas: A depressão e o abuso de álcool e drogas estão por trás da maioria das tentativas e 90% dos suicídios podem ser evitados”, afirma o psiquiatra Jorge Jaber, um dos maiores nomes no país nas estratégias de combate ao suicídio.

Rio tenta chamar atenção para o problema

Para vencer o tabu em torno desse grave problema e tentar diminuir os índices alarmantes, diversas ações vêm sendo tomadas tanto no âmbito público, quando no particular. O município do Rio quer sair na frente no quesito prevenção, e acaba de aprovar no plenário da Câmara de Vereadores o projeto de lei que estende o Plano Municipal de Prevenção ao Suicídio, o Setembro Amarelo.

O projeto foi o primeiro aprovado com a autoria do vereador Felipe Michel, presidente da Frente Parlamentar de Saúde Mental. A ideia agora é promover ações, como palestras, elaboração de guias e cartilhas, e ampla divulgação, para que a população saiba mais sobre o assunto e mude esse quadro.

Mais sobre Setembro Amarelo

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, que tem como intuito alertar a população sobre a realidade do suicídio e as formas de prevenção. De acordo com a ABP, este trabalho surgiu para disseminar informações que podem auxiliar a sociedade a desmitificar o tabu em torno do assunto e ajudar médicos a identificar seus fatores de risco, tratar e instruir seus pacientes.

Iniciado no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM e ABP, o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2014, em Brasília. Em 2015, a campanha conseguiu uma maior exposição com ações em todas as regiões do País. No exterior, o IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio – também incentiva a divulgação do evento.

Campanha na Clínica Jorge Jaber

 A Clínica Jorge Jaber conta o ano todo com o Grupo de Valorização da Vida, para ajudar pessoas que tiveram a ideia ou tentaram o suicídio. A iniciativa foi implantada no Exército em 2015 e, desde então, conseguiu reduzir à metade o número de ocorrências do tipo dentro da instituição. O General Teixeira, que implantou o projeto, esteve presente na passeata em Copacabana. O coordenador nacional da campanha Setembro Amarelo pela ABP, psiquiatra Antonio Geraldo; o vereador Felipe Michel e o ex-jogador do Botafogo, Maurício também estiveram presentes.
Confira um vídeo sobre o Grupo de Valorização da Vida
Na sexta-feira e sábado, na Clínica Jorge Jaber, em Vargem Pequena, foram desenvolvidas atividades para pacientes, familiares e funcionários.  Exposição de trabalhos de artes, poemas e narrativas pessoais, palestra sobre o tema, depoimento, verbalização de  frases de valorização da vida, apresentação de músicas. No gramado, foi realizado um painel humano e aula de zumba no gramado, 100 balões com gás hélio foram soltos.

Post atualizado dia 11 de setembro, às 15h

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