Desde que o novo coronavírus surgiu na China em dezembro de 2019 e se tornou uma pandemia mundial, a alta taxa de transmissão do vírus mostrou que toda a população está sujeita à contaminação, o que certamente deve acontecer, caso a imunização por vacina não chegue antes disso.  Um estudo da Universidade de Harvard previu que a contaminação chegue em algo entre 40% e 70% da população, enquanto epidemiologistas do Imperial College of London, cuja previsão foi publicada em 26 de março de 2020, previram que mais de 80% da população brasileira deve ser infectada pelo novo coronavírus.

Segundo a médica infectologista Juliana Barreto, do total de infectados, 15% deve evoluir para um quadro que precisa de internação, dos quais 5% devem chegar a uma forma grave da infecção e necessitar de UTI.   “Em números, significa que *do total de 200 milhões brasileiros, 160 milhões devem ser infectados e cerca de 8 milhões de brasileiros podem evoluir para a forma grave da Covid 19”,  diz a especialista.

Para que o impacto no sistema de atendimento de saúde seja dentro do possível, é preciso manter a curva do contágio achatada.  “A velocidade do contágio pode levar a um número de pessoas doentes simultaneamente altíssimo e a estrutura da saúde não vai suportar, mesmo que a doença seja tratável, o tempo do tratamento é lento, e inversamente proporcional à contaminação”, alerta a médica infectologista Juliana Barreto, que atende no Órion Complex. 

O Japão, onde vivem 126,5 milhões de habitantes, é um exemplo de “curva achatada”, considerando que saíram de 1 para mais de 480 casos confirmados entre 16 de janeiro e 9 de março. Em média, quase nove casos novos por dia. A Itália, onde vivem 60 milhões de pessoas, é o exemplo contrário, onde os casos dispararam de 3 para mais de 9.000 entre 31 de janeiro e 9 de março. Em média, foram quase 230 casos novos por dia, montante 25 vezes maior que o Japão. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, já chegaram a 710 mil casos confirmados.

Outro ponto que precisa ser observado, segundo ela, é que ainda não há garantias que uma pessoa infectada e curada, está “automaticamente”, imune a uma segunda infecção. “Muitas pessoas não adquirem o anticorpo IGG, que determina a imunidade, neste caso elas continuam suscetíveis à Covid-19”.  Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que analisou resultados de testes de 648 pessoas e 1 536 amostras, mostrou que a maioria delas só desenvolveram anticorpos após 20 dias do início dos sintomas. Além disso,  estudo mostrou  que 40% das pessoas continuam positivas depois de 15 dias do aparecimento dos sintomas, mas nesta fase deixam de ser contagiosas, de acordo com Juliana.

Empresa brasileira na corrida pela vacina contra o coronavírus

A busca por uma vacina para combater o Covid-19 mobilizou diversas empresas no mundo todo a investir em estudos e testes para conseguir, no mais curto espaço de tempo, uma solução para frear a pandemia. No Brasil, uma empresa de pesquisa e desenvolvimento participa dessa corrida global para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus.  Especializada no desenvolvimento de produtos biotecnológicos e imunobiológicos, a  Farmacore, situada em Ribeirão Preto (SP),  e corre contra o tempo para encontrar uma imunização segura e eficaz contra o vírus responsável pela Covid-19.

A empresa já apresentou o projeto de vacina ao Ministério da Ciência, Tecnologia , Inovações e Comunicações (MCTIC), em parceria com a Faculdade de Medicina da USP/Ribeirão Preto e a PDS Biotechnology, buscando os recursos necessários para complementar as pesquisas, inclusive estudos clínicos em humanos. No momento, a empresa possui recursos para realizar os testes em animais, com previsão para julho.

Para realizar todas as etapas antes da produção para testes em humanos, a estimativa é de um investimento de US$ 2 milhões. Não podemos precisar o tempo, pois além dos desafios técnicos, existem as normas regulatórias a serem seguidas, indispensáveis para a realização dos testes em humanos”, explica Célio Lopes, consultor científico da Farmacore.

De acordo com nota da empresa, a equipe de cientistas da Farmacore e seu parceiro norte-americano, a PDS Biotechnology, desenharam uma composição vacinal que contém um importante antígeno viral associado a um sistema carreador totalmente inovador. A formulação vacinal contém ainda uma série de epítopos para ativação de resposta imunológica para a produção de anticorpos neutralizantes e ativação de linfócitos T CD4 e T CD8 citotóxico. “A empresa parceira norte americana possui um pipeline de vacinas já em ensaio clínico nos EUA com aprovação do FDA. A junção das duas tecnologias permite uma formulação altamente imunogênica e com um sistema de delivery comprovadamente seguro e eficaz”, afirma Helena Faccioli, diretora executiva da Farmacore..

Vantagens no acesso e redução de preços

O desenvolvimento local e a possível produção orientada com esta tecnologia, naturalmente, constitui uma vantagem para a redução de custos e preços. O completo controle sobre todos os processos é fundamental para esta possibilidade de acessibilidade maior ao produto resultante. Um produto que pode ter escala global, também, contribui em muito para diluir custos e preços”, afirma Faccioli.

Para a Farmacore, o sucesso de uma nova proposta vacinal para a Covid19 depende da tecnologia e infraestrutura da empresa, da competência na escolha de antígenos que sejam imunogênicos e tenham papel importante no controle da infecção por longo período de tempo, do tipo de carreadores e/ou adjuvantes para induzir o tipo certo de resposta imunológica e de longa duração, do tempo de desenvolvimento e produção da formulação para testes pré-clínicos e clínicos, da facilidade de otimização do processo industrial indispensável à produção e a distribuição da vacina em larga escala.

Com uma vasta experiência e reconhecimento tanto nacional como internacional,  participamos com sucesso junto como nosso parceiro norte-americano no desenvolvimento de uma nova vacina contra tuberculose no Brasil e no exterior. Este conhecimento conjunto dará muita velocidade ao desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, o que pode encurtar os prazos para os testes. É imprescindível uma grande articulação entre as entidades governamentais, reguladoras e financiadoras para o sucesso do projeto”, diz a executiva.

Avanço para a ciência brasileira

A iniciativa trará grandes benefícios ao país, uma vez que fará o Brasil entrar no rol das nações em que o setor privado se encontra em grande atividade para o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. Além disso, uma produção dessa vacina em escala global pode trazer muitas vantagens para a Ciência e Tecnologia Nacional.

Nesse cenário de pandemia pelo qual estamos passando, é prioritário o apoio às empresas brasileiras que estejam buscando uma solução para a Covid-19, apresentando-as a órgãos governamentais e empresas do setor privado para a fabricação em larga escala”, afirma Norberto Prestes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi).

Ele destaca a relevância do Brasil na produção de vacinas e a importância da entidade no apoio à busca de soluções para a saúde pública. “A Abiqui apoia iniciativas que fortalecem a cadeia de produção de vacinas, tendo como associadas tanto as empresas que produzem parte da matéria prima e insumos para sua fabricação como as dedicadas à pesquisa e inovação, sendo essas últimas de enorme importância para o Brasil na busca de controle de epidemias e no estímulo da economia através de investimentos, que é o caso da Farmacore”, finaliza.

Com Assessorias

 

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