Não é todo mundo que tem tempo para cozinhar todos os dias, muito menos em cada uma das refeições. Uma pesquisa realizada em 2021 pela MindMiners em todas as regiões do Brasil revelou que apenas 41% dos entrevistados têm o hábito de cozinhar em casa diariamente. Ou seja, a maioria da população consome alimentos requentados ao longo do dia.

Entretanto, o que muitos não sabem é que o consumo de comidas reaquecidas pode ser bastante perigoso para a saúde. O alerta é importante neste Dia Mundial da Segurança dos Alimentos (7 de junho), conforme ressalta a nutricionista Mariana Etchepare, doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos e professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo (UP).

“Qualquer alimento que não for refrigerado e requentado adequadamente pode representar um risco à saúde. Quando esse processo é realizado de forma errada, pode não haver o aquecimento e tempo necessários para destruir algumas bactérias patogênicas que podem ter se desenvolvido no alimento”, alerta.

A especialista explica que essas bactérias podem causar toxinfecções alimentares, como salmonella, cólera, botulismo e rotavírus, entre outras. Elas podem se desenvolver mesmo em alimentos frequentemente consumidos de forma requentada, como arroz e feijão.

“A bacillus cereus, por exemplo, que se desenvolve em cereais, pode proliferar no arroz se ele for mantido em temperatura ambiente após ser cozido, antes da próxima refeição”, orienta Mariana.

Segundo ela, esse período em que o arroz fica fora de refrigeração é propício para o desenvolvimento de organismos patogênicos, que podem causar intoxicação alimentar.

Carnes, aves, peixes e frutos do mar reaquecidos de maneira inadequada também podem abrigar bactérias como salmonellacampylobactervibrio parahaemolyticus e vibrio vulnificus.

Se esses alimentos não forem aquecidos a uma temperatura interna segura, as bactérias podem sobreviver e causar intoxicação alimentar, o que pode levar a quadros mais graves de saúde, especialmente em grupos vulneráveis, como crianças, idosos, mulheres grávidas e pessoas com sistema imunológico enfraquecido.

Sintomas comuns da intoxicação alimentar

Os sintomas comuns da intoxicação alimentar incluem náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e febre. Esses sintomas geralmente desaparecem dentro de alguns dias, mas, a intoxicação alimentar pode levar a complicações sérias, como desidratação grave, danos aos órgãos, distúrbios neurológicos e até mesmo a morte.

Outro ponto que a especialista destaca são os cuidados na utilização do forno micro-ondas para reaquecer os alimentos. O principal problema é que o equipamento geralmente aquece a comida de maneira irregular, ou seja, algumas partes não atingem uma temperatura interna segura para consumo.

“Por isso, ao aquecer alimentos no micro-ondas, é essencial usar recipientes seguros, verificar a temperatura interna dos alimentos para garantir que estejam adequadamente aquecidos e seguir as orientações de segurança alimentar específicas para cada tipo de alimento”, ensina.

Mexer a comida durante o aquecimento e cobrir o prato com uma tampa também pode ajudar a reter a umidade e a aquecer os produtos de maneira mais uniforme.

Apesar do alerta, cozinhar em todas as refeições, ou todos os dias, não é a única forma de evitar problemas de saúde causados pelo consumo de alimentos requentados. A alternativa é prepará-los rapidamente e armazená-los na geladeira assim que estiverem prontos, ainda quentes.

“Para evitar a proliferação de bactérias nos alimentos, o correto é mantê-los refrigerados por até cinco dias antes de consumi-los, quando devem ser aquecidos por cinco minutos a uma temperatura de 74 graus Celsius, para garantir a eliminação de qualquer organismo patogênico que possa estar presente na comida”, finaliza Mariana.

Agenda Positiva

Livro defende maior controle da publicidade de alimentos

“Basta um olhar mais atento sobre a publicidade dos alimentos para perceber que ela induz o consumidor a comprar como saudável produtos ultraprocessados e nocivos à saúde”. A observação é da advogada e mestre em direito constitucional Carla Britto Pereira, que acaba de lançar no Rio de Janeiro um livro em que alerta para o não cumprimento das leis que deveriam reger este segmento.

Em ‘”Regime jurídico da publicidade de alimentos ultraprocessados no Brasil – uma perspectiva crítica à luz dos determinantes comerciais da saúde”, a autora defende a necessidade de mais controle da publicidade dos alimentos industrializados para evitar os prejuízos que eles podem causar. O livro é fruto de sua dissertação de mestrado e chama a atenção para que a legislação se atente para essa questão, o que não vem sendo cumprido.

Com Assessorias

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