A pandemia do novo coronavírus volta a assombrar a população do Estado do Rio de Janeiro, após semanas de afrouxamento irresponsável e inconsequente, por parte do poder público, da iniciativa privada e da própria população durante a flexibilização do ‘novo normal’. O número de internações pela doença nos hospitais também deu um salto nos últimos dez dias – subiu de 878 para 1.051, um aumento de 26%. Houve ainda aumento de 216% na média móvel de mortes em apenas 14 dias, somando 22.141 óbitos, e 44% na média móvel de casos, num total de 340.844.
Diante dessa nova escalada de casos e mortes, o Governo do Estado decidiu criar métodos de testagem em massa para enfrentar uma segunda onda da Covid-19. Estarão disponíveis para a população 214 leitos na capital, testagem em massa e diagnóstico precoce, com exames de PCR e de imagem. Em 48 horas (já nesta quinta-feira, 26/11), o hospital modular de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense ganhará o primeiro posto para testagem e raio-x, incluindo internação se houver necessidade. Outras unidades também poderão ser utilizadas para realizar os testes.
O anúncio foi feito pelo governador em exercício, Cláudio Castro, nesta terça-feira (24), que também prometeu um aumento na fiscalização dos protocolos sanitarios, que vêm sendo sistematicamente desrespeitados em várias cidades, especialmente na capital. No entanto, ele descartou medidas mais restritivas no estado, o chamado lockdown (bloqueio total), que já vem sendo implementado em outros países para prevenir o avanço da segunda onda.
Não fecharemos nada neste momento. A nossa ação é de conscientização. Fizemos um pacto para que a gente aumente as regras de higiene e tenha uma maior capacidade de atendimento”, afirmou o governador em exercício, que substitui Wilson Witzel, afastado por suspeitas de irregularidades em contratos de hospitais de campanha.
Na véspera, em nota conjunta com o município e o governo federal, o estado anunciou a reabertura de mais vagas na rede pública de saúde para receber pacientes da Covid-19 devido à verificação do aumento dos indicadores de saúde em relação ao Covid-19. A nota é assinada por representantes da da Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro e das secretarias Estadual e Municipal de Saúde.
As medidas para liberação do maior número de leitos para Covid-19, sem maior impacto para a saúde no estado, têm duração de 15 dias e foram discutidas em reuniões com profissionais de saúde, prefeitos da Região Metropolitana e representantes de diversos setores da economia, como comércio, transporte, turismo e cultura.
Firmamos um pacto para que não precisemos parar o Rio de Janeiro e vamos ser mais rigorosos em relação às prevenções como distanciamento social, uso de máscaras e aglomeração de pessoas. Precisamos nos unir para termos resultados positivos”, disse Cláudio Castro.
Durante a coletiva de imprensa, no Palácio Guanabara, ele ressaltou ainda a importância da participação da população no combate e prevenção à doença para que o Rio de Janeiro não precise adotar ações mais restritivas. “Contamos com a ajuda de empresários, dos shoppings, restaurantes e equipamentos de cultura, que vão aumentar os cuidados de higiene. Não podemos nos descuidar até que a vacina chegue”, declarou.
Segundo Cláudio Castro, a curva da doença é acompanhada diariamente pela Subsecretaria Extraordinária de Covid-19, da Secretaria de Saúde, e as medidas anunciadas nesta terça serão avaliadas ao longo dos próximos 15 dias. “É importante deixar claro que estamos sempre monitorando os casos e vamos informar a população sobre as ações. Não haverá falta de transparência. O mais importante é garantir a segurança das pessoas e salvar vidas”, destacou.
Onde ficam os novos leitos para Covid-19
Os 214 novos leitos foram distribuídos nas seguintes unidades, em parceria com o Ministério da Saúde e a Secretaria Municipal do Rio:
Hospital Estadual Anchieta (25);
Hospital Universitário Pedro Ernesto (45);
Hospital São Francisco na Providência de Deus (60);
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (25);
Hospital Universitário Graffrée e Guinle (13);
Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz (36); e
Hospital Estadual São Sebastião (10).
Cirurgias eletivas suspensas a partir de 7 de dezembro
A partir de 7 de dezembro, serão suspensas as cirurgias eletivas nos hospitais de urgência e emergência da rede SUS no Rio de Janeiro. No entanto, serão mantidas todas as cirurgias eletivas de alta complexidade, como oncologia, bariátrica, vasculares, ortopédicas e neurológicas.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, a previsão é de que mais 400 leitos sejam disponibilizados nos próximos dias.
Vamos acompanhar a regulação e, dessa forma, providenciar mais leitos. Nós estamos fazendo tudo em comum acordo com os órgãos de controle. Vamos seguir protocolos para o atendimento do paciente, de acordo com a faixa etária, possíveis comorbidades e segundo as necessidades de cada um. Todas as nossas decisões serão reavaliadas em encontros semanais”, afirmou.
Fonte: Governo do Estado do RJ, com Redação