Criada para conscientizar o público masculino sobre o câncer de próstata, doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), deve representar cerca de 65.840 novos casos só neste ano, a campanha Novembro Azul chama atenção para a  necessidade de prevenção e do diagnóstico precoce desse tipo de câncer. Afinal, excluindo os tumores malignos de pele não melanoma, 29,2% dos casos de câncer em homens começam na próstata.

No combate para diminuir os índices do câncer de próstata e demais doenças oncológicas que acometem os homens, está a necessidade de conscientizá-los sobre os cuidados com a saúde. Por essa razão, neste ano, o engajamento do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) no Novembro Azul acontece por meio da campanha nas redes sociais que traz como mote “Homens que inspiram também cuidam da saúde”.

Nesse contexto está, por exemplo, a necessidade de praticar atividade física regularmente, uma medida que diminui o risco de várias doenças, inclusive de diversos tipos de câncer, entre eles o de próstata. O brasileiro, no entanto, está longe de ter a atividade física como rotina.

A edição 2021 da pesquisa anual da Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, revela que apenas 11,31% dos homens entre 18 e 24 anos, das capitais brasileiras, praticam atividades físicas no deslocamento equivalentes a pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana.

Esse percentual permanece similar nas faixas etárias a partir dos 18 anos até 54 anos: 11,38% (25 a 34 anos); 10,97% (35 a 44 anos); 12,42% (45 a 54 anos); 11,36% (55 a 64 anos). A partir dos 65 anos, a prática de atividade física cai para apenas 4,43% dessa população.

“A atividade física ao lado de uma alimentação equilibrada contribui para combater a obesidade, fator de risco para o câncer de próstata e diversas outras doenças que acometem o público masculino”,  destaca o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, diretor do IUCR e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Segundo ele, os cuidados com a saúde devem fazer parte da rotina do homem e não somente quando doenças já estão instaladas. “Ter hábitos de vida saudáveis é tão importante como a consulta anual ao urologista, como forma de prevenir doenças ou diagnosticar um câncer ainda em fase inicial quando as chances de cura são maiores”, afirma Guimarães.

Dois entre 10 homens, no país, são obesos

A obesidade traz diversos prejuízos para a saúde, entre eles o de aumentar o risco para vários tipos de câncer. Em maio deste ano, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, publicado na revista BMC Medicine*, trouxe mais um sinal de alerta ao relacionar a obesidade a um tipo de tumor de próstata letal. “Motivo para que os homens sejam mais disciplinados em relação à manutenção do peso dentro de níveis saudáveis”, afirma o cirurgião oncológico. Ele destaca que cuidar da saúde como um todo está entre as principais formas de diminuir o risco de desenvolver doenças oncológicas.

Em relação à obesidade, um dos fatores de risco para a doença, os dados são preocupantes. A Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE referente a 2019 revelou que o percentual de pessoas obesas em idade adulta no país mais que dobrou em 17 anos – entre 2002 e 2019. Em relação à população masculina, em 2002,  43,3% dos homens apresentavam excesso de peso. Esse índice em 2019, saltou para 60,0%.

Com obesidade, quando o IMC (Índice de Massa Corporal) está acima de 30 Kg/m2, o percentual na população masculina foi de 9,6%, em 2002, para 22,8%, em 2019. Manter uma alimentação equilibrada e atividade física regular são medidas de combate à obesidade. No entanto, se a pessoa tem dificuldade em manter o peso adequado, ela precisa passar por uma avaliação médica para investigar as causas, recomenda Guimarães.

Além de manter hábitos de vida saudáveis, o combate ao câncer de próstata se faz com a consulta anual ao urologista, atitude essencial para diagnosticar um eventual câncer ainda em fase inicial quando as chances de cura são maiores.

Câncer de próstata: uma doença silenciosa no início

O câncer de próstata tem evolução silenciosa e não costuma apresentar sintomas ou, quando apresenta, pode ser confundido com crescimento benigno da próstata, pois é uma doença que tem sintomas semelhantes. Portanto, vale ficar atento e procurar um médico para avaliação, caso tenha alguns dos sintomas a seguir com persistência superior a duas semanas:

Dor ou ardência ao urinar

Dificuldade para urinar ou para conter a urina

Fluxo de urina fraco ou interrompido

Necessidade frequente ou urgente de urinar

Dificuldade de esvaziar completamente a bexiga

Sangue na urina ou no sêmen

Dor contínua na região lombar, pelve, quadris ou coxas

Dificuldade em ter ereção

Diagnóstico e tratamento

Para o diagnóstico de câncer de próstata são importantes o exame de sangue que avalia a proteína produzida pelo tecido prostático (PSA) e o exame de toque retal, que propicia descobrir a doença em fase mais inicial. A confirmação diagnóstica se dá por biópsia.

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado, para avaliação individualizada. Homens negros ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar com essa consulta médica aos 45 anos.

O tratamento do câncer de próstata é individual, ou seja, leva em conta variáveis como idade, tipo do câncer, estágio, estadiamento, estado clínico e emocional do paciente e possíveis efeitos colaterais associados ao tratamento.

“Munidos dessas informações, podemos oferecer uma abordagem personalizada, baseada em evidências científicas, beneficiando cada paciente de forma assertiva”, explica Guimarães.

As abordagens podem ser cirúrgicas, com destaque para a robótica; assim como por ultrassom de alta frequência, hormonioterapia, radioterapia, crioterapia, protonterapia e quimioterapia. “Há casos também em que a doença é indolente a tal ponto de optarmos por não tratar, mantendo uma vigilância ativa.

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