Após enfrentar uma árdua luta contra o câncer de pulmão, diagnosticado em 2021, a cantora e compositora Rita Lee, 75 anos, morreu na noite desta segunda-feira (8), em sua residência em São Paulo, “cercada de todo amor e de sua família, como sempre desejou”, informou o comunicado da família nas redes sociais da rainha do rock nacional.

Considerada um dos nomes mais icônicos da história da música brasileira, Rita vinha fazendo tratamento para conter um câncer de pulmão desde que foi diagnosticada com a doença, em maio de 2021. Em nota, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) lamentou o ocorrido e alertou a população para a importância da prevenção e detecção precoce deste tipo de câncer, o segundo mais mortal entre as mulheres no Brasil.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca),câncer de pulmão é um dos tipos que mais leva à morte de pacientes no Brasil. Este é o terceiro tumor mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil – sem contar o câncer de pele não melanoma. Em mortalidade, é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres segundo estimativas mundiais.

Em 2020, o câncer de pulmão vitimou cerca de 29 mil homens e mulheres — uma taxa de morte elevada em comparação ao número de diagnósticos da doença: 30 mil novos casos ao ano.  O órgão projeta que são esperados mais de 32 mil novos casos de câncer de pulmão no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025.

Os casos são descobertos tardiamente, o que reduz significativamente a chance de cura da doença e o tempo de vida do paciente. Quando o tumor é identificado em estágio avançado, apenas 18% das pessoas sobrevivem por 5 anos ou mais. Já se o câncer de pulmão for diagnosticado em estágio inicial, a taxa de sobrevida em cinco anos sobe significativamente, alcançando 56%.

Grande desafio para a saúde pública, o câncer de pulmão tem sinais inespecíficos e frequentemente confundidos com outras patologias pulmonares. Os sintomas mais característicos do tumor são: tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, rouquidão, falta de ar, perda de peso e de apetite, pneumonia recorrente ou bronquite, cansaço ou fraqueza.

Tabagismo é uma das principais causas da doença

É importante ressaltar que um dos principais fatores de risco é o tabagismo (inclusive os cigarros eletrônicos), mas é importante ter conhecimento que 15% dos pacientes com o tumor nunca fumaram, e sedentarismo, má alimentação, exposição à agente químicos, poluição e fatores genéticos também são associados à doença.

A SBP alerta ainda sobre a importância do médico patologista no diagnóstico do câncer, definindo se o tumor é benigno ou maligno, e qual seu estágio. O profissional é quem analisa a biópsia para realizar o diagnóstico preciso e indicar qual o tratamento mais eficaz.

“A maior medida de prevenção é não fumar. O tabagismo é causa de vários cânceres. Não só de pulmão”, diz o presidente da SBP, Clóvis Klock.

De acordo com a SBP, o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são os fatores de risco mais importantes. A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer.

O velório será aberto ao público no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta-feira (10), e atendendo à vontade de Rita, seu corpo será cremado, em cerimônia particular. Rita Lee deixa o marido, Roberto de Carvalho, e três filhos – Beto, de 45 anos; João, de 44; e Antônio, de 42. Nas redes sociais, fãs, familiares e artistas publicam homenagens.  Um dos filhos da cantora, João Lee, escreveu:

“A admiração que eu tenho por você é infinita. Sempre foi. Que honra e privilégio ser seu filho. Que honra e privilégio ter sido educado por você. Receber seus valores. Nunca conheci uma pessoa como você. Sua força, sua coragem, seu senso de justiça, sua genialidade, sua sensibilidade, seu bom humor e tantas coisas maravilhosas a mais. Eu posso dizer que escolhi bem meus heróis. Você e o meu pai são meus heróis”.

Entre os artistas que se manifestaram, estão a apresentadora Xuxa Meneghel, as cantoras Pitty e Preta Gil e a atriz Glória Pires. “Estou em frangalhos. A Maior nos deixa hoje… Que dia triste! Ritinha, te amarei para todo sempre! Meus sentimentos à família, aos amigos. Brilhará eternamente pra mim. Nunca haverá outra Rita Lee. Obrigada por existir!”, postou a roqueira Pitty.

“Minha tudo Rita Lee, as palavras me faltam agora!!! Eu tive o privilégio de conviver com minha ídola, com minha musa, desde a minha infância até a vida adulta. Cantamos juntas, rimos juntas, um grande presente!!!! Me veio uma paz com a notícia de sua partida, você viveu intensamente uma vida linda que transformou a história desse país!!! Descanse em paz não combina com você, aonde quer que você vá, você será pra sempre luz e revolução!!! Te amo pra sempre!!!”, escreveu a cantora Preta Gil.

Veja na TV Brasil:

Repercussões no meio político

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou mensagem no Twitter. “Rita ajudou a transformar a música brasileira com sua criatividade e ousadia. Não poupava nada nem ninguém com o seu humor e eloquência. Enfrentou o machismo na vida e na música e inspirou gerações de mulheres no rock e na arte. Jamais será esquecida e deixa na música e em livros seu legado para milhões de fãs no mundo inteiro. Meu abraço fraterno aos filhos Beto, João e Antônio, familiares e amigos. Rita, agora falta você.”

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participava de uma audiência pública no Senado quando recebeu a notícia da morte de Rita Lee. Emocionada, a ministra interrompeu sua apresentação sobre os projetos do ministério tentando conter as lágrimas. “Perdão”, pediu Margareth.

“Não é nem uma questão direta de amizade, apesar de eu ter tido alguns poucos momentos com ela. É pelo que a Rita Lee simboliza para o Brasil e para a música popular brasileira enquanto mulher revolucionária”, acrescentou a ministra, afirmando ter se espelhado na cantora paulista em algum momento de sua carreira. “

Pela referência. A gente vê as coisas que ela e o [seu marido] Roberto de Carvalho construíram…É um momento duro receber esta notícia”, acrescentou a ministra, que também lamentou o falecimento, do ex-deputado federal David Miranda (PDT), que estava internado desde agosto de 2022, no Rio de Janeiro, com uma infecção gastrointestinal.

Da Agência Brasil com SBP

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