Desde 1º de janeiro, 69 pessoas morreram no Estado do Rio de Janeiro por causa da febre amarela. Ao todo, foram 190 casos da doença, na forma silvestre. É o terceiro estado do país mais atingido pela epidemia que chegou ano passado à Região Sudeste – só perde para Minas Gerais e São Paulo. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde nesta terça-feira (27), em uma semana, foram registrados mais 11 casos da doença. Em todo o ano de 2017, foram 27 casos, com 9 mortes no estado. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (21) mostram que o Estado do Rio de Janeiro registra 188 casos de febre amarela silvestre em humanos, com 68 mortes, entre 1º de julho de 2017 a 20 de março de 2018.

Também nesta nesta terça-feira (27), o Hospital Quinta D’Or,  no Rio de Janeiro, anunciou o segundo transplante de fígado realizado com sucesso no Brasil em um paciente com febre amarela e hepatite fulminante. A cirurgia foi liderada pelo médico Lucio Pacheco e sua equipe. De acordo com o boletim médico, “o paciente, um homem de 54 anos, passa bem e apresenta ótima recuperação”.

A dona de casa Adriana da Paixão (foto), de 43 anos, moradora de Comendador Soares, aproveitou para tomar a vacina contra a febre amarela durante a Semana da Saúde, realizada nesta terça em Nova Iguaçu. Ela também imunizou o pequeno Gabriel de 9 meses. Neste primeiro dia da ação foram realizados mais de 3,9 mil atendimentos.

“Nem eu e nem meu filho tínhamos tomado essa vacina ainda. Eu estava na dúvida porque ele ainda tem outras vacinas para tomar, mas me explicaram tudo direitinho e entendi que não havia nenhuma contraindicação. Foi tão rápido, ele levou uma picadinha na perna e eu no braço. Chorou, mas agora estamos protegidos”, disse Adriana.

O triste ‘ranking’ dos municípios afetados pela epidemia

Já são 25 as cidades atingidas pela epidemia no Estado do Rio. A situação é pior em Angra dos Reis, que registra mais dois casos, num total de 48, sendo 14 mortes. Houve quatro novos casos em Barra do Piraí, com uma morte. Engenheiro Paulo de Frontin registrou mais duas mortes. Nova Friburgo e Duas Barras registraram mais um caso cada uma. O último boletim da SES mostra ainda que mais duas cidades registram casos da doença no Estado do Rio. Sapucaia registrou a primeira morte por febre amarela e Barra do Piraí, o primeiro caso. O número de cidades que registram epizootias (epidemias de febre amarela entre macacos) permanece em 11.
1º Angra dos Reis – 48 casos, sendo 14 óbitos
2º Valença – 23 casos, sendo 6 óbitos
3º Teresópolis – 21 casos, sendo 8 óbitos
4º Nova Friburgo – 15 casos, sendo 5 óbitos
5º Duas Barras – 14 casos , sendo 2 óbitos
6º Sumidouro – 12 casos, sendo 5 óbitos
7º Cantagalo – 7 casos , sendo 4 óbitos
8º Rio das Flores – 5 casos, sendo 2 óbitos
9º Barra do Piraí – 5 casos, sendo 1 óbito
10º Trajano de Moraes – 4 casos, sendo 3 óbitos
11º Engenheiro Paulo de Frontin – 4 casos, sendo 3 óbitos
12º Silva Jardim – 4 casos, sendo 2 óbitos
12º Paty do Alferes – 4 casos, sendo 2 óbitos
13º Vassouras – 3 casos, sendo 2 óbitos
13º Miguel Pereira – 3 casos, sendo 2 óbitos
14º Cachoeiras de Macacu – 3 casos, sendo 1 óbito
14º Rio Claro – 3 casos, sendo 1 óbito
15º Mangaratiba – 2 casos, sendo 1 óbito
15º Carmo – 2 casos, sendo 1 óbito
15º Maricá – 2 casos, sendo 1 óbito
 15º Piraí – 2 casos, sendo 1 óbito
16º Paraíba do Sul – 1 caso, sendo 1 óbito
16º Sapucaia – 1 caso, sendo 1 óbito
17º Petrópolis – 1 caso
17º Bom Jardim – 1 caso
* Levantamento do ViDA & Ação, com base nos números divulgados pela SES-RJ

Imunização também no Maracanã

Vacinação contra a febre amarela no Maracanã
 Torcedores tricolores, botafoguenses, funcionários e outros profissionais que estiveram no estádio do Maracanã para a final da Taça Rio,neste domingo (25), no Maracanã, participaram da campanha “Vacinação: só falta você”. Antes de o clássico começar, uma faixa foi estendida no campo para lembrar à população-alvo que devem procurar uma das 232 unidades municipais que oferecem a vacina e, assim, receber o imunizante. No intervalo da partida, um vídeo da campanha foi exibido nos telões do Maracanã, para reforçar as orientações de saúde. Durante a ação, também foi exibido um vídeo educativo sobre o tema da campanha
A vacinação ocorreu durante a partida e contou com dois pontos que foram montados, um para cada torcida, no interior do estádio, no setor norte (posto 53) para os torcedores do Botafogo e no setor sul (posto 23) para os tricolores. Enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde participaram da ação.  A ação foi realizada pela Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). Na semana anterior, foi a vez de o Estádio do Engenhão receber a campanha.

Macacos como sentinelas para alertar sobre a doença

Equipes da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde do Rio também estiveram no estádio, informando os torcedores sobre o risco da chacina de macacos que está acontecendo no município, por desconhecimento da população em achar que o animal transmite o vírus da febre amarela. Somente neste ano 186 macacos foram encontrados mortos na cidade, sendo 42% vítimas de agressão humana.Os técnicos distribuíram material gráfico, informando que o macaco é o sentinela que avisa sobre a chegada do vírus à cidade.  Sem a presença do animal, é difícil bloquear a entrada  do vírus. A campanha também tem como objetivo conscientizar a população carioca sobre o perigo que a cidade corre se a matança de macacos e micos continuar.

Pesquisa sobre morte de macacos em Macaé

Considerados a espécie mais suscetível ao vírus da febre amarela, segundo pesquisadores da Fiocruz, os macacos bugios são conhecidos por  emitir sons característicos (vocalizações), que revelam a sua presença na mata. Mas com a epidemia avançando (chamada de epizootia), eles estão silenciando e morrendo. Uma pesquisa realizada no Parque Natural Municipal Atalaia, em Macaé (RJ), analisa os impactos da doença entre primatas das espécies Bugio (Allouatta guariba clamitans) e Macaco-prego (Sapajus nigritus). O objetivo é prevenir a extinção destas espécies nas unidades de conservação do município.

“É muito importante ter esse monitoramento contínuo com primatas como indicativos tanto de febre amarela, quanto de outras doenças”, explica a professora Malinda Dawn Henry, co-orientadora do estudo para uma dissertação de mestrado do curso de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação, da UFRJ/Macaé. Nos dias 16 e 18 de abril serão realizadas as primeiras trilhagens para iniciar o mapeamento, com apoio da Guarda Ambiental.

 “Com a pesquisa, poderemos identificar se há bugios, se há vocalizações, vamos quantificar melhor essas duas espécies e o impacto da doença na população, entender quais são as espécies mais sensíveis e o porquê. Vamos visualizar e anotar os registros e entender se é possível evitar a extinção. Dessa forma, podemos fazer um plano de manejo e prevenir que sejam extintos”, observa Malinda.

Brasil tem 1.131 casos, com 338 mortes, desde julho de 2017

O Ministério da Saúde atualizou nesta quarta-feira (28) as informações repassadas pelas secretarias estaduais de saúde sobre a situação da febre amarela no país. No período de monitoramento (de 1º de julho/2017 a 27 de março de 2018), foram confirmados 1.131 casos de febre amarela no país, sendo que 338 vieram a óbito. Ao todo, foram notificados 4.414 casos suspeitos, sendo 2.368 já descartados e 915 ainda em investigação, neste período. No Rio de Janeiro, foram 186 casos, com 63 óbitos no período. Minas Gerais teve 475 casos e 147 mortes e São Paulo registrou 464 casos e 127 óbitos.

No ano passado, considerando o mesmo período de monitoramento (julho/2016 a 20 de março/2017) eram 660 casos e 210 óbitos confirmados. Os informes de febre amarela seguem, desde o ano passado, a sazonalidade da doença, que acontece, em sua maioria, no verão. Dessa forma, o período para a análise considera de 1º de julho a 30 de junho de cada ano.

Embora os casos do atual período de monitoramento tenham sido superiores à sazonalidade passada, o vírus da febre amarela hoje circula em regiões metropolitanas do país com maior contingente populacional, atingindo 35,8 milhões de pessoas que moram, inclusive, em áreas que nunca tiveram recomendação de vacina. Na sazonalidade passada, por exemplo, o surto atingiu uma população de 9,8 milhões de pessoas.

Isso explica a incidência da doença neste período ser menor que no período passado. A incidência da doença no período de monitoramento 2017/2018, até 20 de março, é de 3,0 casos para 100 mil/habitantes. Já na sazonalidade passada, 2016/2017, a incidência foi de 6,6/100 mil habitantes, no mesmo período.

Da Redação, com Assessorias (atualizado dia 28/3/17 às 17h)

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