O descontrole da glicemia é responsável por internações e várias complicações do diabetes, entre elas, a retinopatia, doenças cardiovasculares, nefropatia, neuropatia e amputações. Estes eventos terríveis para o diabético e ainda mais para a família poderão ser minimizados com a adoção das insulinas análogas no Estado do Rio de Janeiro. Cariocas e fluminenses que vivem com diabetes tipo 1 podem passar a receber o insumo, de ação mais rápida e eficiente no tratamento da doença – hoje as insulinas análogas lentas não são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quarta-feira (26), em segunda discussão, inclui esse tipo  mais moderno de insulina  no arsenal terapêutico distribuído pela Secretaria de Estado de Saúde. O projeto de lei 4.324/18 altera a Lei 4.119/03, que regulamenta a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários ao monitoramento da glicemia capilar e tratamento das pessoas com diabetes. A proposta seguirá para o governador Luiz Fernando Pezão, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar.

Em nota, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) endossa a aprovação da lei que regulamenta a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários ao monitoramento da glicemia capilar e tratamento das pessoas com diabetes. Segundo a entidade, “o medicamento, produzido a partir da insulina humana e modificado de modo a ter ação mais curta ou mais prolongada, é essencial para pessoas com diabetes”.

“Todas as pessoas com diabetes Tipo 1 e muitas com Tipo 2 precisam de insulina para controlar a glicose no sangue. Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) defende o acesso ao medicamento e coloca seus especialistas à disposição para esclarecimentos sobre o medicamento e importância do acesso gratuito”, diz o texto.

Desde 2016, os deputados Dr. Julianelli (PSB) e Gilberto Palmares (PT) vêm promovendo audiências públicas com o objetivo de debates soluções para os problemas apresentados pelas associações de diabetes no Rio. Nesta quarta, integrantes de organizações e pessoas com diabetes estiveram no plenário para acompanhar a votação. A vice-presidente da Associação dos Diabéticos da Lagoa (Adila), Sheila Vasconcellos, explicou que atualmente o Governo do Estado somente distribui outros tipos de insulina, que têm uma ação mais lenta no organismo.

As insulinas análogas são as mais modernas e têm uma ação rápida, evitando muitas vezes desmaios devido a picos de glicose no sangue, o que dificulta a vida das pessoas. Sou diabética há 33 anos e minha qualidade de vida melhorou muito depois que eu passei a utilizar as insulinas análogas. Esta norma é muito importante para melhorar o tratamento dos diabéticos”, comemorou Sheila.

Ela explica que os diabéticos usam dois tipos de insulina análogas: uma lenta e uma rápida. A segunda vai ser entregue provavelmente a a partir de outubro pelo SUS. De acordo com a Adila, atualmente, no Estado do Rio de Janeiro, somente o IEDE fornece insulinas análogas lentas e rápidas aos seus pacientes.

Entretanto, quem recebe o diagnóstico de diabetes no estado tem o primeiro atendimento no posto de saúde do seu município, perto de sua casa, que deve fornecer  o aparelho de glicemia, fitas, lancetas e as insulinas NPH e Regular, além de outros medicamentos como a Metformina que vai agir sobre a resistência à insulina e a Sinvastatina para enfrentar a dislipdemia (colesterol elevado).

Estes medicamentos e insumos já estão incorporados na lista do Rename do SUS. Entretanto, somente a insulina análoga de ação rápida já foi aprovada pelo Conitec após oito anos de tentativas pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), devendo ser disponibilizada à população a partir de outubro para todos os diabéticos com dm1 do Brasil”, informa a Adila, em nota oficial.

Ainda de acordo com a entidade, alguns estados como o Sergipe, Santa Catarina, Salvador, Rio Grande do Sul e Piauí  já fornecem estas insulinas para a melhoria do tratamento dda pessoa com DM1 em seus estados. “O Rio de Janeiro ainda não tem lei regulamentando este fornecimento, nem um protocolo aprovado para a dispensação deste tipo de medicamento”, destaca.

As insulinas usadas atualmente nas unidades públicas de saúde da Atenção Primária (NPH e Regular) já estão em desuso há muito tempo. Com o avanço da tecnologia, novos medicamentos foram desenvolvidos justamente para evitar os picos de ação que causam as hipoglicemias severas em crianças e jovens com DM”, alerta a Adila.

Controle da glicemia é vital para pacientes

Na justificativa do projeto, os autores do texto destacam que o controle dos níveis glicêmicos é essencial para o tratamento do diabetes mellitus. “Os custos com a prevenção de agravos e a promoção da saúde são muito menores em comparação ao tratamento das complicações resultantes da diabetes. As insulinas análogas são uma das principais formas de correção das hiperglicemias”, apontam os deputados.

De acordo com a Adila, o acesso limitado à boa assistência, ou seja, ao fornecer somente as insulinas disponíveis no SUS ao paciente, contribui para o descontrole glicêmico, aumentando assim a incidência de complicações, incapacitações e morte prematura. Com um tratamento medicamentoso adequado que promova maior estabilidade glicêmica sem picos de ação quem tem diabetes tipo 1 pode continuar a vida com mais segurança e qualidade de vida.

O controle dos níveis glicêmicos é essencial para o tratamento do Diabetes. Com a realização do controle metabólico, o paciente se mantém assintomático e previne as complicações agudas e crônicas, promovendo a qualidade de vida e reduzindo a mortalidade. Os custos com a prevenção de agravos e a promoção da saúde são muito menores em comparação ao tratamento das complicações resultantes da diabetes.  Apesar da existência das insulinas por aplicação com seringas e agulhas, nem sempre o paciente estabelece homeostase necessitando então de outros tipos de insulina para alcançar o êxito no tratamento da diabetes.

Alto custo com internações no Brasil

Um estudo nacional, envolvendo mais de 6.700 pacientes,  revelou a desigualdade brasileira no que se reflete ao controle do diabetes: as regiões Norte e Nordeste apresentam os piores controles de hemoglobina glicada (média da glicemia dos três últimos meses), 9,2% e 8,9% respectivamente, seguidas das regiões Sudeste (8,4%), Sul (8,3%) e Centro Oeste (8,1%). Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a meta glicêmica embora seja individualizada, existe um consenso de que o resultado abaixo de 7% pode estar relacionado com uma menor probabilidade de causar as complicações.

O estudo Disease and Economic Burden of Hospitalizations Attributable to Diabetes Mellitus and Its Complications: A Nationwide Study in Brazil revela o valor médio por caso e custos totais de internações atribuíveis ao diabetes no Brasil em 2014, estratificados por estado, sexo e faixa etária. Foram registradas no Brasil 313.273 internações pela doença em adultos, totalizando U$$ 264,9 milhões. O custo médio de uma internação de adultos foi US$ 845, ou seja, 19% maior do que a hospitalização sem diabetes. As hospitalizações por doenças cardiovasculares relacionadas ao diabetes foram responsáveis pela maior proporção de custos (47,9%), seguidas por complicações microvasculares (25,4%) e diabetes (18,1%).

Para a Adila, entender os custos do diabetes e suas principais complicações é crucial para aumentar a conscientização e apoiar o processo de tomada de decisão na implementação de políticas públicas de estado, permitindo também a avaliação de novas estratégias de prevenção e controle.

“Todos estes dados refletem o significativo impacto causado pelo diabetes, com grande frequência na população, complicações associadas a alto risco de morte como os infartos, adesão baixa ao tratamento e conseqüente mau controle, implicando em elevados custos com hospitalizações e complicações”, informa a associação, em nota.

Por isso, os cuidados com a saúde das pessoas com doenças crônicas, como o diabetes, precisam ser contínuos, influentes no estilo de vida, dinâmicos e apropriados e devem ser prestados por equipes de profissionais de saúde devidamente capacitadas para cuidar e ensinar o autocuidado do diabetes para os pacientes.

Fonte: Alerj e Adila, com Redação

 

Shares:

Posts Relacionados

2 Comments
  • EGLE LIMA GUIMARÃES PEREIRA
    EGLE LIMA GUIMARÃES PEREIRA
    21 de novembro de 2019 at 20:04

    Sou diabética tem 10 anos , tomava regularmente os comp, há 4 meses passei para insulina, NPH e REGULAR, três vz ao dia e ñ esta baixando a glicemia. Como adiquirir a caneta SUS?

    Reply

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *