As doenças inflamatórias intestinais (DII), representadas pela doença de Crohn e retocolite ulcerativa, são condições imunológicas que se caracterizam por inflamação do trato gastrointestinal, de forma crônica e progressiva, com períodos de atividade e remissão.

Enquanto a doença de Crohn pode acometer todo o trato digestivo, desde a boca até o ânus, a retocolite ulcerativa é limitada à inflamação no intestino grosso. Essa inflamação leva a danos orgânicos, incapacidades e redução da qualidade de vida do paciente.

“As doenças inflamatórias intestinais não têm cura, mas consultas com gastroenterologista podem estabelecer o diagnóstico correto de forma precoce, a partir do qual é possível definir um tratamento multidisciplinar individualizado mais efetivo e apropriado, melhorar qualidade de vida do paciente e evitar danos intestinais irreversíveis”, ressalta Luísa Leite Barros, gastroenterologista do Einstein.

De acordo com a médica, é fundamental estar atento à saúde intestinal, já que essas são doenças que afetam consideravelmente a qualidade de vida do paciente, ocasionando altos índices de absenteísmo, por exemplo, além de ampliar o risco para o desenvolvimento do câncer – a retocolite ulcerativa pode aumentar em 10 vezes o risco para tumor de intestino em até 20 anos.

Em vista da alta incidência, o mês de maio é marcado pela conscientização dessas enfermidades que atingem mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, o número de casos novos tem aumentado e se concentra nas regiões Sudeste e Sul, em função do índice de desenvolvimento humano e urbanização – fatores que impactam, sobretudo, nos hábitos de vida da população.

De diarreia à anemia, conheça os sintomas das doenças inflamatórias intestinais

Os sintomas variam de leve a graves dependendo do grau de atividade inflamatória e de onde ela ocorre. O quadro clínico se manifesta com diarreia crônica com duração superior a 1 mês, presença de sangue ou muco nas fezes, dor abdominal, anemia por deficiência de ferro e perda de peso.

A causa das DII é complexa e vem sendo extensivamente estudada nas duas últimas décadas, o que a torna desafiadora. Fatores genéticos, imunológicos e alterações na microbiota intestinal são as principais causas das doenças. Além disso, outros fatores de risco modificáveis têm sido estudados como o tabagismo, redução do tempo de aleitamento materno, consumo de alimentos ultraprocessados e uso excessivo de antibióticos na infância.

“A genética contribui para o surgimento das DII em 30 a 50% dos casos, mas os gatilhos ambientais e de microbiota são indispensáveis para que as doenças se manifestem. Por isso, é importante sempre prezar por hábitos de vida saudáveis como manter a dieta balanceada, evitar uso indiscriminado de antibióticos e antiinflamatórios e não fumar”, pontua a médica.

Atualmente, o rastreio das doenças envolve desde exames de sangue, como o hemograma e o PCR, exames de fezes, como o parasitológico de fezes e a calprotectina fecal e, em casos suspeitos, a ileocolonoscopia com biopsias. Mas Luisa admite que a medicina de precisão é uma realidade cada vez mais próxima e que deve ganhar força no estudo e tratamento das DII, assim como aconteceu com a oncologia em um passado não tão distante.

“No futuro, teremos a identificação de novos biomarcadores e da análise da microbiota que identifiquem quais pacientes são mais suscetíveis às DII, quais são super-respondedores a cada tipo de tratamento e como é possível prevenir o surgimento dessas condições”, conclui.

Diferença entre doença de Crohn e retocolite ulcerativa

Doença de Crohn e retocolite ulcerativa são as principais DIIs e afetam cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).

Prevenção e tratamento fazem de maio o mês escolhido para sensibilizar a sociedade sobre a saúde do órgão apelidado de “segundo cérebro”: o intestino.

Quem sofre com as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) – lembradas mundialmente no dia 19 de maio – sabe o quanto o uso de medicamentos corretos para controlar a inflamação crônica é importante para lidar com a rotina sem interferências frequentes.

Por isso, o diagnóstico precoce evita o agravamento da condição, que é incurável e altera todo o funcionamento do organismo na medida em que desregula níveis de nutrientes e mexe com a saúde mental, já que o intestino está diretamente ligado às respostas em situação de estresse e outras reações psíquicas, como ansiedade e depressão, conforme estudo publicado pelo Núcleo de Divulgação Científica da Universidade de São Paulo (USP).

As principais Doenças Inflamatórias Intestinais são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Há também as chamadas “colites indeterminadas” e, como o próprio nome indica, o diagnóstico não é objetivo, conforme explica a médica e professora de gastroenterologia da Unigranrio Afya,Daniela Nadruz. Apesar de compartilharem sintomas como dores abdominais, sangramentos nas fezes e diarreia, por exemplo, cada doença tem as próprias características e níveis.

Enquanto os portadores de Crohn podem ter inflamações por todo o trato digestivo, desde os tecidos do intestino até o ânus, os que sofrem com a retocolite ulcerativa têm problemas que afetam o intestino grosso e o reto, no geral.

Outra diferença está na faixa etária: a doença de Crohn se manifesta mais em pessoas no fim da adolescência e até a idade adulta, com picos entre 15 e 35 anos; já a retocolite tem maior incidência após os 30 anos e tem pico entre os 50 e 60 anos.

Como lidar com as DIIs

É preciso ficar de olho em sintomas recorrentes, como desconfortos abdominais, diarreia crônica – fezes pastosas ou líquidas por mais de 1 mês, acompanhadas ou não de muco ou sangue –, dor nas articulações e possíveis alterações emocionais.

A médica gastroenterologista e professora da Unigranrio Afya, Daniela Nadruz, ressalta a importância de buscar ajuda de um especialista assim que a pessoa notar comportamentos do corpo dentro desse quadro:

“O diagnóstico precoce evita, sobretudo, que as complicações dessas doenças evoluam e atrapalhem a contenção de riscos, já que não há cura. É preciso instituir o tratamento prévio para adequar remédios, evitar cirurgias e garantir o sucesso na qualidade de vida do paciente. Os avanços recentes com medicamentos imunobiológicos estão melhorando a resposta terapêutica também, percebemos que os portadores das DIIs estão levando vidas normais”, declara Nadruz.

Não há mistérios para uma vida saudável: uma dieta equilibrada e personalizada por especialistas para cada caso, a prática constante de exercícios físicos e a atenção para uma rotina de cuidados médicos, como exames e consultas de checagem são importantes também para quem sofre com as Doenças Inflamatórias Intestinais.

Com Assessorias

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