O primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado em março de 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que um quarto da população global, ou o equivalente a cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva até 2050. O estudo destaca que cerca de 60% das perdas podem ser evitadas com prevenção e tratamento de doenças ligadas à surdez. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de pessoas no país têm algum problema relacionado à surdez, ou seja, 5% da população é surda. Entre elas, 2,7 milhões não ouvem nada.
Neste Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, celebrado no dia 10 de novembro, a otorrinolaringologista Alda Linhares de Freitas Borges (CRM 19205), que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, destaca algumas questões sobre o que pode levar as pessoas a uma surdez precoce. Ao contrário do que muitos pensam, o fone de ouvido não é, necessariamente, o personagem malvado da questão. “Ele não é um vilão, mas pode se tornar um. Na verdade, ele vira um problema quando a pessoa faz uso muito prolongado com volume alto”, salienta.
A pandemia fez com que as pessoas se adaptassem ao home office com várias reuniões remotas e ao ensino à distância, aumentando o uso dos fones de ouvido. Embora ainda não haja estudos sobre o impacto disso na saúde auditiva, especialmente de crianças e adolescentes, sabe-se que houve crescimento no consumo de fones de ouvido. Segundo a fabricante alemã Sennheiser, em 2020, houve aumento de 70% nas vendas desses acessórios no Brasil. A brasileira Multilaser também registrou um crescimento de mais de 50% na comercialização desse tipo de equipamento.
“Isso torna-se uma preocupação, porque cada vez mais as pessoas estão usando o fone por um período maior e muitas vezes com um volume muito elevado. O ideal é tentar manter o uso por poucas horas no período de um dia, fazendo intervalos de uso, com uma intensidade menor que 50% da potência do aparelho, claro que isso irá depender da potência de cada aparelho, sendo o ideal manter em um volume menor ou igual a 50dB. Para intensidades de som maiores que 70dB, a OMS recomenda o uso do fone por no máximo uma hora ao dia”, detalha Alda Linhares.
Mais fatores de risco para a surdez
No entanto, os fones de ouvido não são os únicos que podem afetar a audição, levando a uma surdez precoce. A otorrinolaringologista explica com o que se deve ter cuidado: “evitar a exposição a sons muito altos, intensos e súbitos. Fazer proteção auditiva com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados para aquelas pessoas que estão expostas diariamente, em especial em ambiente de trabalho, a ruídos contínuos e de volume elevado”.
É preciso se atentar aos sintomas que indicam uma perda de audição. “Sinal comum é o isolamento social da pessoa, tanto em pacientes jovens quanto nos idosos, mas especialmente nos idosos. Isso decorre da dificuldade de compreensão da fala e distinção de sons, levando a constrangimentos. Outro sinal precoce de perda auditiva é o zumbido. Sensação de abafamento ou pressão nos ouvidos também podem servir de alerta”, pontua a especialista.
Alda Linhares destaca que o ideal é procurar um médico antes dos sintomas começarem. “O certo é sempre fazer uma rotina de prevenção com o seu otorrinolaringologista. É muito melhor a gente prevenir do que remediar essa perda auditiva. A prevenção é ter os cuidados auditivos corretos e manter acompanhamento com um otorrino que possa te orientar”, reforça a médica que atende na clínica Audilife, no Órion Complex.