O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil é lembrado neste domingo (23). O tumor infantojuvenil é hoje a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil. Apesar da gravidade, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), quando diagnosticado precocemente e tratado de forma adequada, as chances de cura podem alcançar 80%.
Para que o diagnóstico ocorra de forma precoce, pais e responsáveis precisam reconhecer os principais sinais de alerta. Entre eles estão febre persistente, dores ósseas, fadiga, palidez e hematomas. Outros sintomas incluem perda de peso inexplicável, inchaços ou caroços no corpo (como no pescoço, nas axilas e no abdômen), além de dores de cabeça persistentes com vômitos e alterações na visão.
A hematologista pediátrica Fernanda Catta-Preta, do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), reforça a importância de ouvir e levar a sério as queixas das crianças.
A maioria dos sintomas não está relacionada especificamente ao câncer e pode estar ligada com diversas outras doenças. Por outro lado, devemos desconfiar sempre que não houver uma causa que justifique os sintomas ou quando eles persistirem por muito tempo”, explica.
Foi o que fez Juliane Rodrigues, 38 anos, mãe de Enzo. Em 2019, quando o menino tinha apenas 2 anos, começou a reclamar de dores na barriga. Julia o levou imediatamente à pediatra e, mesmo sem alterações no exame físico, insistiu na investigação com os profissionais de saúde. Os exames de imagem revelaram um tumor.
O único sinal foi a queixa do Enzo. Ele não tinha nenhum outro sintoma, nem o abdômen volumoso. Até a médica comentou: ‘Mãe, foi Deus mesmo que fez você insistir, porque até no exame físico era imperceptível’”, lembra Juliane.
Enzo foi diagnosticado no Setor de Oncologia Pediátrica do CHN com tumor de Wilms, um tipo de câncer renal que afeta principalmente as crianças. Graças ao diagnóstico precoce, Enzo foi operado para a retirada parcial do rim direito e iniciou quimioterapia logo após o diagnóstico.
Em 2020, teve uma recaída com células tumorais no pulmão iniciou a quimioterapia novamente e, por fim, passou por transplante de medula óssea. Hoje, aos 9 anos, vive em Itaboraí, onde leva uma rotina cheia de brincadeiras e continua o acompanhamento médico.
Juliane celebra a recuperação do filho e deixa um recado para outros pais: “Precisamos prestar atenção a qualquer mudança de comportamento ou queixa dos nossos filhos, porque nem sempre é ‘manha’. Bastou uma queixa do Enzo para que eu procurasse ajuda médica”, finaliza.

Câncer infantojuvenil: incidência varia com idade da criança

Os tumores mais comuns na infância e adolescência são as leucemias (que atingem a medula óssea), os tumores do sistema nervoso central e os linfomas (do sistema linfático).
“O câncer mais frequente entre crianças e adolescentes é a leucemia, sem dúvida. Mas há diferenças entre faixas etárias. Nos menores de 5 anos, depois da leucemia, os carcinomas mais comuns são os tumores abdominais”, explica Catta-Preta.
câncer infantojuvenil é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).  De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), entre 2023 e 2025, são esperados 7.930 casos de câncer infantojuvenil por ano no país, em pacientes de 0 a 19 anos, o que representa um risco estimado de 134,8 casos por milhão de crianças nessa faixa etária.
Não é preciso confirmar o diagnóstico de câncer para encaminhar a criança ao especialista. É melhor afastar a doença e continuar investigando outras causas do que adiar o diagnóstico e o início do tratamento”, ressalta a hematologista.

Câncer infantojuvenil tem 80% de chances de cura com o tratamento correto

Hospital Estadual da Criança é referência para atendimento pediátrico de alta complexidade no estado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

O menino Caio Melonio, de 11 anos, foi internado em agosto no Hospital Estadual da Criança (HEC), em Vila Valqueire, na Zona Sudoeste do Rio. O garoto alegre e brincalhão andava abatido, com um cansaço sem explicação. O diagnóstico veio após uma consulta de emergência: era leucemia. Referência em atendimento pediátrico de alta complexidade, o HEC atende exclusivamente a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como uma das especialidades o tratamento oncológico voltado para crianças e jovens de 0 a 19 anos.

Passado o susto inicial, o pai Leonardo Melonio, de 35 anos, agradece a rapidez do tratamento. “Logo, logo ele estará curado. Estamos muito bem aqui no Hospital da Criança, com uma equipe maravilhosa, muito atenta às necessidades do meu filho. Agradeço todos os dias por notar a diferença no comportamento dele. Estava de férias em casa e pude passar mais tempo com ele”, lembra Leonardo, morador de Duque de Caxias, operador de máquinas pesadas, pai de três filhos.

O menino estava tão pálido e abatido que chegou a desfalecer. “Parecia uma virose e o levei a uma emergência. A médica pediu um exame de sangue e desconfiou da taxa alterada de leucócitos. Foi muito difícil receber a notícia, comecei a chorar muito”, lembra, emocionado.

Chefe do setor de oncologia do HEC, Patricia Moura conhece bem a reação das famílias ao falar sobre a doença. “O diagnóstico de câncer é algo que nenhum médico gosta de dar e nenhum paciente gosta de receber. Agora, imagine dar essa notícia aos pais de uma criança, com uma vida inteira pela frente? Apesar de raro, o câncer na infância corresponde a cerca de 1% do total de casos diagnosticados por ano no mundo”, esclarece a médica.

Caio também ficou surpreso quando soube do diagnóstico, mas encara o tratamento com otimismo. “Tive poucos enjoos até agora. Meu cabelo caiu um pouco, mas sei que isso vai acontecer”, disse o menino, que recebeu uma cartilha educativa sobre o enfrentamento da doença, logo que foi internado.

Caio sabe tudo o que vai acontecer com o tratamento. Tivemos muito apoio psicológico desde que chegamos aqui. Ele só ficou triste com a perda do cabelo”, completa o pai.

Hoje, eu não ligo mais não. Os médicos me falaram que o meu cabelo pode até nascer diferente. A primeira coisa que quero fazer quando sair daqui é visitar um rodízio de mini hambúrguer, que tem aqui perto do hospital”, afirmou, alegre.

Os casos mais comuns de câncer infantojuvenil são as leucemias, de acordo com a médica. “A linfoide aguda tem incidência de 80% e acomete em geral crianças de dois a cinco anos. A leucemia mieloide aguda tem cerca de 20% de incidência e afeta menores de 2 anos de idade, com outro pico menor na adolescência. Já a leucemia mieloide crônica é mais incomum em crianças e tem uma taxa de incidência de 2 a 5%”, enfatiza a oncologista. “Outros cânceres comuns na infância são os tumores do sistema nervoso central, sendo o segundo tumor mais frequente, assim como tumores como neuroblastoma, tumores renais, sarcomas, entre outros”, completa.

câncer infantojuvenil é a segunda causa de morte na infância, ficando atrás apenas das doenças infecciosas, porém o diagnóstico não é simples, de acordo com a médica. “Por isso, é tão importante que os pais e responsáveis fiquem atentos a pequenas mudanças no comportamento das crianças. Qualquer alteração deve ser avaliada por um profissional de saúde. Se for identificada e tratada de forma adequada, a doença tem em média 80% de chances de cura”, esclarece Dra Patrícia Moura.

 

Fique atento(a) aos sinais e sintomas de alerta:

> Perda de peso contínua e inexplicável

> Dores de cabeça com vômito de manhã

> Dor persistente nos ossos ou articulações

> Inchaço ou massa no abdômen, pescoço ou qualquer outro local

> Aparência esbranquiçada na pupila do olho ou mudanças repentinas na visão

> Febres recorrentes e persistentes não causadas por infecções

> Hematomas esparsos ou sangramento, geralmente repentinos

> Palidez inexplicável ou cansaço prolongado

com assessorias

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