Apesar de toda a conscientização anual do Novembro Azul, o câncer de próstata permanece como a neoplasia sólida mais comum entre os homens e a segunda maior causa de óbito oncológico. É o segundo tipo de câncer que mais acomete os homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). No triênio de 2023 a 2025, a doença deve representar 10,2% do total de casos no país. Mais de 71 mil novos casos são esperados até 2025. Os dados são do estudo “Estimativa | 2023 – Incidência de Câncer no Brasil”, do Ministério da Saúde junto ao Inca.
Mês dedicado à saúde do homem, o Novembro Azul é uma campanha mundial de conscientização de grande valor social, principalmente devido a baixa adesão da população masculina à prevenção da doença. Em 2023, menos de 40% dos homens com mais de 50 anos realizaram exames de próstata. O estudo é da farmacêutica Apsen em parceria com as seccionais da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Além disso, segundo um levantamento realizado pela SBU, 46% dos homens acima dos 40 anos vão ao médico somente quando apresentam algum sintoma. Os dados são alarmantes, demonstrando como os homens não têm se cuidado devidamente e nem feito exames regulares, fator que tende a ser um diferencial para a descoberta da doença.
Ainda que os avanços terapêuticos estejam avançando, como a cirurgia robótica e o advento de centros especializados no tratamento de câncer de próstata, cerca de 25% dos pacientes morrem pela doença e 20% são diagnosticados em estágios avançados. A descoberta da doença logo no início, porém, aumenta a chance de cura, que chega a 90% dos casos. Além disso, também evita o sofrimento e a necessidade de tratamentos de alto custo.
Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata (17 de novembro), especialistas destacam que o exame de rastreamento é capaz de encontrar lesões precursoras e diagnóstico precoce revela melhor prognóstico de cura. Confira!
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Quanto mais cedo o diagnóstico, mais chances de cura
Segundo o médico urologista Samuel Juncal, o câncer de próstata pode ser assintomático na fase inicial e quanto mais cedo o diagnóstico, maior as chances de cura, ou seja, campanhas como o Novembro Azul são essenciais, principalmente no que tange a conscientização da realização de exames.
É muito importante que a população masculina busque se cuidar de maneira regular, Quando falamos de exames relacionados à próstata, além do toque, há também o teste de PSA, Antígeno Prostático Específico, que aumenta as chances de detecção precoce”, destaca o médico, explicando que fazer exames de maneira regular, principalmente após os 45 anos é essencial.
Segundo ele, como o câncer de próstata pode se desenvolver inicialmente de forma assintomática, é fundamental um rastreamento regular. Muitos homens podem não perceber que têm a doença até que ela se torne mais grave, reduzindo as chances de um tratamento bem-sucedido. Portanto, a conscientização e a busca ativa por exames são essenciais para a detecção precoce e, consequentemente, para um tratamento bem-sucedido”.
De acordo com Alexandre Pompeo, urologista do Hcor, os exames de rastreamento devem ser realizados a partir de 50 anos. “A avaliação precisa ser realizada por um especialista e de maneira individualizada. Os benefícios que essa abordagem traz são sentidos até mesmo nas taxas de mortalidade. Segundo estudos recentes, foi possível identificar uma queda entre 25% e 32%, nos pacientes que tiveram seu cuidado personalizado”, explica.
Isso acontece porque a identificação de pacientes com risco de desenvolver a doença de forma mais agressiva, por meio de parâmetros clínicos ou laboratoriais, pode ajudar com a indicação e frequência do rastreamento.
Os exames de rastreio tem o intuito de identificar uma lesão precursora ou um câncer em estágio inicial. Essa prática é altamente utilizada para a detecção de câncer de colo uterino e de mama, além de ser apoiada pelas sociedades oncológicas ao redor do mundo”, aponta.
Como reduzir os fatores de risco da doença?
A idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente a partir dos 60 anos. Porém, o histórico familiar de câncer de próstata e a obesidade também estão associados à maior incidência (até 56% mais riscos) e ao achado de tipos histológicos mais avançados. Destacam-se, ainda, como fatores de risco associados à doença a etnia e a exposição a agentes químicos relacionados ao trabalho.
Apesar de a melhor forma de reduzir esses fatores ser o rastreamento, cessar o tabagismo, manter uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios também são opções muito significativas. O estilo de vida mais saudável não protege apenas do surgimento do câncer de próstata, mas de várias outras doenças. Além disso, é importante procurar ajuda profissional quando sentir os sinais do corpo quando tem algo errado”, complementa o Dr. Alexandre Pompeo.
Tratamento quase sempre envolve cirurgia
Por vezes, o tratamento da condição exige a realização de cirurgia. Nesse contexto, tecnologia para auxiliar procedimentos têm sido cada vez mais importantes, possibilitando a realização de cirurgias complexas de forma mais precisa e com recuperação mais rápida dos pacientes.
Com Fellowship clínico em cirurgia laparoscópica e robótica pela Universidade de Heidelberg, Alemanha, o Dr. Samuel Juncal reforça que a tecnologia abre novas possibilidades para a medicina, melhorando a qualidade do serviço e o tempo de recuperação dos pacientes.
A utilização de braços robóticos nas cirurgias urológicas permite uma visão tridimensional e ampliada da área. Com pequenas incisões, a cirurgia robótica resulta em menos dor, menor sangramento e tempo de recuperação mais curto”, pondera o médico. “Muitos homens não sabem como as cirurgias robóticas têm diminuído os efeitos colaterais de uma cirurgia. Essa informação é relevante, até para fazê-los perder o medo de se cuidar”, conclui.
Com Assessorias