Ter a visão prejudicada com o avançar dos anos não é fácil e muda a rotina da gente. Até pouco tempo atrás, eu enxergava bem que era uma beleza. Rompida a barreira dos 40, os problemas começaram, primeiro para ver de perto – situação agravada pelo uso constante do celular e do computador. E mais recentemente, a vista começou a embaçar também para ver à distância. Enxergar o letreiro de um ônibus ou uma placa na rua ficou complicado.

Adaptar ao multifocal recomendado em 2017 foi difícil. A sensação era que eu iria cair! E por isso, resolvi desmembrar os dois óculos – um para longe, outro para perto. E agora, após novo exame que revelou um aumento do grau para perto e para longe, decidi que era hora de me render ao multifocal, que contempla também a visão intermediária – aquela para leitura de computador, por exemplo.

No meu caso, a questão é a presbiopia, uma condição que costuma atingir a visão de pessoas a partir dos 40 anos, causando dificuldade de foco e leitura a curta distância. Minha oftalmologista garantiu que agora o problema não deve avançar mais, estacionando no grau que chegou – 2 para longe, 4 para perto e 3 para intermediário.

Mas nem sempre é assim. Doenças como retinopatia diabética, glaucoma, catarata e degeneração macular podem causar a perda parcial ou total da visão, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo.

Neste Dia Nacional do Deficiente Visual (13 de dezembro), reunimos números estarrecedores. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil 1,2 milhão de pessoas perderam completamente a visão, sendo que destes, 80% dos casos poderiam ser evitados.

Um estudo realizado pela Lancet, revista científica publicada no Reino Unido, indicou que, atualmente, a cegueira afeta 36 milhões de pessoas em todo o mundo e a expectativa para 2020 é que cerca de 38,5 milhões de pessoas sejam portadoras da deficiência

“Indivíduos com mais de 40 anos são mais propensos a desenvolver doenças como o glaucoma. Já os pacientes que têm diabetes, possuem maiores chances de apresentar problemas na retina”, afirma o oftalmologista Rony Preti, fundador do Preti Eye Institute e professor da USP.

Dentre os principais problemas oculares que causam a cegueira, a catarata é a única que é completamente reversível. “Durante a cirurgia, o cristalino danificado é substituído por uma lente artificial. Já no caso das outros problemas oculares, são realizados tratamentos para que a doença não avance, mas, não é possível recuperar totalmente a visão”, explica o médico.

É preciso evitar o diagnóstico tardio

problemas de visão mais comuns

Além das doenças oculares que podem provocar a cegueira, outros motivos que podem colaborar para o aumento de deficientes visuais são o envelhecimento da população, sedentarismo, hábito de fumar e doenças crônicas, como a diabetes e pressão alta. A falta de acesso à saúde também é um dos fatores que colabora para o aumento dos casos de cegueira, por isso, é importante que o país dê atenção à população de risco.

O especialista alerta, ainda, que o glaucoma, degeneração macular e retinopatia não apresentam sintomas iniciais, como ocorre na catarata. Por este motivo, a probabilidade de um diagnóstico tardio, nestes casos, é alta. Logo, conscientizar a população a procurar um especialista, caso apresentem sintomas anormais, como manchas escuras no campo visual, ou então, vista embaçada, é a melhor estratégia para combater este elevado índice de deficientes visuais”, completa.

Para evitar o diagnóstico tardio, é importante que o paciente saiba reconhecer os sintomas das doenças que mais causam cegueira em todo o mundo. “O principal sintoma da catarata e da retinopatia diabética é a vista embaçada ou turva. Já o glaucoma causa estreitamento visual, enquanto a degeneração macular provoca a perda do campo central da visão, além de linhas tortas”, explica.

Por isso, é imprescindível que o paciente faça consultas regulares ao oftalmologista. “Caso o paciente apresente alguma destas queixas, é necessário que procure por um oftalmologista o quanto antes, para evitar que a visão seja ainda mais comprometida pela doença”, finaliza Preti.

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