Afinal, existe vida sexual ativa e plena após a menopausa? Sim e podemos provar! Com o avanço da Medicina e o acesso à informação, mais mulheres estão procurando formas de manter uma vida sexual satisfatória após os 40 anos. No entanto, o orgasmo ainda é um assunto tabu, especialmente para mulheres.

Muitas, inclusive, desconhecem a sensação. Dados apontam que 70 a 80% das mulheres não conseguem atingir o orgasmo nas relações sexuais tradicionais, sem um estímulo direto no clitóris. E o problema é ainda mais grave quando as mulheres alcançam a menopausa.

Na menopausa atingir o orgasmo torna-se ainda mais difícil. A intensidade das sensações prazerosas diminui nessa fase, a resposta orgástica é mais lenta e menos intensa”, diz o ginecologista Igor Padovesi, membro da North American Menopause Society (NAMS), da International Menopause Society (IMS) e associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Além disso, há o fato de que, na menopausa, há uma diminuição da função e desejo sexual. Com a redução da libido, mulheres na menopausa sofrem com menor intensidade das sensações prazerosas e resposta orgástica mais lenta.

Uma série de fatores pode prejudicar a libido na menopausa, mas temos, principalmente, uma questão hormonal. A queda nos níveis hormonais prejudica o desejo e a resposta sexual”, pontua o médico.

Quebrando tabus: a sexualidade feminina na menopausa

Estudos indicam que 70% das mulheres entre 45 e 55 anos relatam mudanças na vida sexual, mas a procura por terapias está em crescimento, refletindo maior conscientização e busca por uma sexualidade plena na menopausa.

No contexto do Dia Mundial da Menopausa, celebrado em 18 de outubro, e do Dia Nacional do Ginecologista, que acontece em 30 de outubro, é importante abordar sobre um tema que ainda carrega muitos tabus: a libido feminina. As datas reforçam a importância de entender as transformações do climatério e os cuidados que podem proporcionar uma vida saudável e plena, incluindo a sexualidade.

O climatério, que começa, em média, cinco anos antes da última menstruação, é marcado pela queda de hormônios como progesterona, testosterona e estradiol, afetando aspectos físicos e emocionais da mulher. Um dos maiores desafios é a vida sexual, muitas vezes impactada pela secura vaginal e baixa libido”, explica a  ginecologista Paula Beatriz Tavares Fettback, doutora em Ciências Médicas pela USP e especialista em Reprodução Humana.

Essas mudanças acontecem em um período da vida em que muitas mulheres estão no auge de suas carreiras e relacionamentos, o que torna o apoio médico fundamental. “O climatério não precisa ser uma fase de sofrimento; existem muitos tratamentos que podem melhorar significativamente a qualidade de vida e a autoestima da mulher”, afirma a especialista.

Tratamentos e cuidados

Para minimizar os impactos do climatério e melhorar a saúde sexual, diversas opções estão disponíveis, desde terapias hormonais supervisionadas por profissionais, pode ser administrada de várias formas — oral, vaginal, tópica ou subcutânea — sempre considerando possíveis contraindicações.

Outras alternativas, como fisioterapia pélvica, pompoarismo, psicoterapia e até o laser vaginal, também podem ajudar a mulher a se sentir mais segura e confortável com seu corpo durante essa fase”, destaca a médica.

Além disso, manter hábitos de vida saudáveis, como alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos, é fundamental para atravessar o climatério de maneira positiva. Dra. Paula, com 20 anos de experiência, enfatiza a importância de um acompanhamento multidisciplinar.

Tenho vivido essa jornada com minhas pacientes ao longo de duas décadas, e vejo que o apoio especializado pode transformar essa fase em algo mais leve e equilibrado.”

Dra. Paula destaca que “as mulheres podem viver uma sexualidade plena durante e após a menopausa, e com a maturidade e autoconhecimento, essa fase pode trazer até mais liberdade sexual, sem os antigos tabus e preconceitos. “As mulheres estão mais conscientes e empoderadas para buscar ajuda, e isso é essencial para viver essa fase de forma plena”, conclui Dra. Paula.

Masturbação, terapia hormonal e acessórios sexuais

Igor Padovesi

O ginecologista Igor Padovesi diz que existem algumas maneiras de facilitar o orgasmo mesmo na menopausa. Estratégias como masturbação, terapia hormonal e uso de acessórios sexuais podem ajudar a chegar ao clímax mais facilmente.

Segundo o especialista, a masturbação é fundamental para o autoconhecimento e para conquistar uma relação mais saudável com a própria sexualidade e com o próprio corpo. Essa prática ajuda a mulher conhecer o corpo e saber como e onde ela tem mais prazer, o que melhora a satisfação sexual nas relações.

Dr. Igor afirma que a masturbação também tem outros benefícios para mulheres na menopausa.

Assim como o sexo, a masturbação estimula o fluxo sanguíneo da região genital, o que pode melhorar a lubrificação e ajudar a combater o ressecamento vaginal; também fortalece os músculos do assoalho pélvico, reduzindo a incontinência urinária e aumentando a sensibilidade; e ainda libera substâncias que causam relaxamento e ajudam no combate ao estresse e flutuações de humor”, diz o ginecologista.

Uso de brinquedos sexuais agora é prescrição médica

Outra estratégia que pode ajudar na satisfação sexual é o uso de acessórios, de acordo com o Dr. Igor Padovesi. “Para conseguir chegar ao orgasmo com mais facilidade, a mulher precisa de algum estímulo no clitóris. Então, o uso de brinquedos sexuais tornou-se algo de prescrição médica.

Isso melhora a satisfação da mulher, não só quando se masturba sozinha, mas também quando tem um parceiro. Geralmente, recomendamos o chamado bullet (vibrador) como o primeiro sex toy da mulher, pois é pequeno, tem um formato discreto e proporciona um estímulo vibratório para atuar no clitóris”, aconselha.

Terapia hormonal ajuda na hora H

O médico ainda destaca que a dificuldade de atingir o orgasmo só piora com o passar do tempo, especialmente quando as mulheres não realizam a terapia hormonal, que é a principal estratégia comprovada para recuperar a libido e a satisfação sexual das mulheres na menopausa.

O tratamento atua diretamente na principal causa do problema: o desequilibro hormonal. É cientificamente comprovado que, quando realizado corretamente, a terapia hormonal, além de ser muito segura, é capaz de melhorar a função sexual, pois trata os sintomas da síndrome geniturinária da menopausa (SGM), como falta de lubrificação, atrofia vaginal e dor na relação sexual, além de melhorar a libido e a satisfação sexual”, diz o Dr. Igor Padovesi.

Ele ressalta que a terapia hormonal é segura e eficaz, mas é importante que a mulher, assim que notar os primeiros sintomas da menopausa, busque um médico especializado para passar por uma avaliação e receber o tratamento adequado.

 

5 mitos da libido feminina na menopausa

Diferentemente do que muitos acreditam, a sexualidade da mulher é complexa e influenciada por uma série de fatores. Segundo Fernanda Nunes, ginecologista da Atma Soma, as causas são variadas e podem envolver tanto condições psicológicas, como o estresse, quanto fisiológicas, como as alterações hormonais típicas de determinadas fases da vida, como a gravidez, a amamentação e a menopausa.

Para ajudar a desmistificar esse assunto, a especialista listou alguns dos principais mitos sobre o tema:

Mito 1: o desejo sexual da mulher diminui naturalmente com a idade

Esse é um dos mitos mais comuns, mas a realidade é que o desejo sexual feminino não está diretamente relacionado à idade. “O que muda com o tempo são os fatores hormonais e até o contexto de vida. Com o envelhecimento, algumas mulheres podem experimentar essa diminuição por questões hormonais, como a menopausa, mas isso não é regra”, afirma Fernanda.

Existem maneiras de preservar uma sexualidade saudável e satisfatória em todas as fases, como terapias hormonais, mudanças no estilo de vida, relacionamentos e cuidados com a saúde de forma geral.

Mito 2: libido baixa é sempre um problema psicológico

Embora questões emocionais, como estresse, ansiedade e problemas no relacionamento, possam afetar o apetite sexual, é importante lembrar que ele também é fortemente influenciado por fatores biológicos.

“Condições médicas, como problemas hormonais, coloco como exemplo os distúrbios da tireóide, uso de certos medicamentos, doenças crônicas e até mesmo alterações no canal vaginal, ressecamento e fissuras, que podem gerar impacto. Por isso, o acompanhamento ginecológico é essencial para uma avaliação completa”, aponta.

Mito 3: a sexualidade feminina é sempre estável e previsível

Ao contrário do que se imagina, o desejo sexual nas mulheres pode variar bastante ao longo do mês. Isso porque ele é influenciado pelo ciclo menstrual e oscilações hormonais.

“Durante o período de ovulação, a mulher pode sentir um aumento da excitação, enquanto, em outras fases, ela pode ser mais baixa. Entender esse ciclo e conversar com o seu médico pode te ajudar a lidar melhor com essas variações”, comenta Nunes.

Mito 4: libido feminina e masculina funcionam da mesma forma

Segundo a ginecologista, fazer essa comparação é um erro comum. “A libido não está ligada à gênero. Muitas mulheres podem ter sua sexualidade mais acentuada do que os homens e vice-versa. O desejo sexual tende a ser influenciado por vários fatores simultâneos, incluindo o estado emocional e a conexão com seus parceiros”, pontua.

Mito 5: baixa frequência sexual significa desinteresse pelo parceiro

Uma preocupação constante de muitas mulheres está associada à falta de apetite sexual e ao desejo pelo parceiro. No entanto, é importante frisar que libido e amor não são sinônimos. “A diminuição do desejo sexual pode ter causas externas, como estresse, cansaço ou até mudanças hormonais, sem que isso signifique uma mudança no afeto pelo parceiro”, pontua.

Desconstruir esses mitos e falar abertamente sobre a libido feminina é um passo importante para quebrar o tabu e melhorar a qualidade de vida das mulheres. “Sempre tire suas dúvidas, não tenha vergonha ou receio de levantar questões relacionadas ao assunto. Procure sempre seu ginecologista de confiança para que tenham uma conversa franca e sem julgamentos”, finaliza.

Com Assessorias

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