A gripe ou influenza está entre as viroses mais frequentes do mundo. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS) estima que, aproximadamente, um bilhão de pessoas são infectadas pelo vírus da influenza todos os anos. Apesar de ser uma doença comum, a gripe pode levar a sérias complicações e até à morte: 3,5 milhões de pessoas desenvolvem a forma grave da gripe no mundo todos os anos, e 500 mil pessoas morrem em decorrência de seu agravamento.
Caracterizada pelo seu início súbito, com sintomas incluem febre acima de 38 graus, calafrios, tremores, dores de cabeça, de garganta e no corpo, congestão nasal, coriza, cansaço e mal-estar generalizado, perda de apetite e tosse seca. A maioria dos casos não costuma ter complicações sérias e tende a melhorar em até 10 dias após o início dos sintoma.
No entanto, os sintomas podem prejudicar seriamente o funcionamento dos pulmões e causar bronquite, pneumonia e síndrome respiratória aguda grave (SRAG), complicações mais preocupantes, dependendo do estado do sistema imunológico da pessoa (forte ou fraco) e da agressividade do vírus. Crianças, pessoas com doenças crônicas e idosas têm mais chances de desenvolver esses quadros graves e, por isso, são considerados grupo de risco.
Com isso, a vacinação segue sendo a melhor forma de evitar que o quadro grave de gripe ocorra. A vacina da gripe – disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e no sistema privado de saúde – deve ser tomada anualmente para controlar surtos epidêmicos.
Este ano, com o aumento da circulação do vírus da influenza no Brasil, o Ministério da Saúde antecipou a vacinação e ainda prorrogou o prazo, ampliando o público-alvo que pode tomar a vacina para qualquer pessoa com mais de 6 meses. No entanto, as baixas coberturas vacinais de influenza preocupam as autoridades.
Mas por que é necessário tomar a vacina da gripe todos os anos?
A imunização – por meio das campanhas anuais de vacinação – reforça as defesas do corpo contra as novas mutações do vírus que causam a doença. Por ser uma doença contagiosa e aguda causada pelo vírus Influenza, que possui vários subtipos e estão em constante mutação, e pela possibilidade de que a mesma pessoa fique gripada várias vezes ao longo da vida, é fundamental manter o quadro de vacinação atualizado.
A médica Luisa Chebabo, infectologista dos laboratórios Sérgio Franco e Bronstein, que fazem parte da Dasa, esclarece:
A gripe é uma infecção respiratória provocada pelo vírus influenza, que tem uma grande facilidade de sofrer mutações sazonais. Isso quer dizer que, de tempos em tempos, ele se apresenta com uma nova composição e pode causar sintomas diferentes das gripes anteriores, aumentando as chances de a população desenvolver as versões graves da doença caso não esteja devidamente protegida”.
Para evitar que isso aconteça, é essencial que a população reforce a dose da vacina da gripe ano após ano, já que é por meio dessa nova imunização que o organismo fica protegido das mais recentes mutações do vírus da Influenza. O apelo é ainda maior para crianças de até 6 anos, idosos e pessoas que fazem parte do grupo de risco (composto por mulheres grávidas e puérperas, imunossuprimidos, transplantados e profissionais de saúde).
A Influenza se apresenta nos tipos A, B, C e D, sendo os dois primeiros os mais comuns nas épocas de gripe. Entre os principais sintomas da doença estão febre que começa de forma abrupta; dor de cabeça, muscular e/ou nas articulações; tosse, principalmente seca; dor de garganta; coriza e mal-estar”, detalha a especialista.
Leia mais
Gripe: vacinação abaixo do esperado preocupa autoridades
Efeito do negacionismo: só 22% se vacinaram contra a gripe
Vacina da gripe agora é para todo mundo acima de 6 meses de idade
Outras formas de prevenção
Além de manter a vacinação sempre atualizada, outras formas de prevenir a gripe incluem hábitos do dia a dia, como:
- higienizar as mãos antes com sabão ou álcool em gel e depois das refeições, ao tossir e espirrar e ao chegar em casa;
- cobrir a boca e o nariz com papel ao tossir ou espirrar;
- não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres;
- limpar superfícies e objetos compartilhados;
- manter ambientes internos arejados;
- evitar locais com aglomeração e fechados.
- evitar o contato com pessoas infectadas.
Também é importante fortalecer o sistema imunológico por meio de:
- Hidratação – manter-se hidratado, bebendo ao menos dois litros de água por dia, melhora o metabolismo e circulação sanguínea;
- Vitamina D – expor-se ao sol sem protetor solar por 15 a 20 minutos diários, até às 10h ou após as 16h, para potencializar a produção de vitamina D que ajuda na saúde óssea e imunológica.
- Alimentação saudável – incluir frutas ricas em vitamina C, vegetais escuros e alimentos com ômega 3, como peixes, mantém o corpo equilibrado Evitar alimentos industrializados e optar por marmitas caseiras é crucial.
- Atividade física – praticar exercícios por 30 minutos diários, como caminhada ou agachamentos, aumenta a imunidade, reduz o estresse e melhora a disposição, contribuindo para um melhor bem-estar e funcionamento do organismo.
Quando é hora de procurar um médico
Antigripais ajudam a aliviar sintomas, mas médico deve ser procurado quando quadro é agravado
Na maioria dos casos, os sintomas da gripe duram entre uma e duas semanas e melhoram apenas com repouso, mas nos casos em que a infecção evolui para sua forma grave, o paciente pode apresentar de modo que necessita de avaliação médica o quanto antes para iniciar o tratamento especializado. Para quem está com sintomas, o uso de máscaras é importante para evitar a transmissão.
Para a médica clínica dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Larissa Hermann, o quadro de gripe costuma ser autolimitado e o corpo dá conta de resolver o quadro com a imunidade.
A hora de procurar atendimento médico é quando percebemos piora nos sintomas, com falta de ar, cansaço excessivo e sonolência. Mas a atenção deve ser redobrada em pessoas com comorbidades, crianças pequenas e idosos”, frisa Larissa.
Alexandre Calandrini, coordenador e médico do time de Saúde na Sami, afirma que não existe um medicamento específico para acabar com a gripe, normalmente o tratamento é feito de forma que alivie os sintomas e fortaleça o sistema imunológico.
É recomendado que a pessoa infectada faça repouso, mantenha-se bem hidratada e, de preferência, fique isolada para evitar a disseminação do vírus. Fortalecer o sistema imunológico por meio de uma alimentação saudável e descanso e sono adequados também ajuda o corpo a combater a infecção”, explica.
Quanto aos medicamentos, é importante receber orientação médica, que prescreverá segundo os sintomas apresentados. O profissional pode receitar descongestionantes (que ajudam a desobstruir as vias nasais), analgésicos e anti-inflamatórios (para alívio das dores e febre), bem como hidratação, que contribui para reduzir o desconforto causado pela doença.
Farmacêutico pode ajudar na escolha dos medicamentos
Segundo a farmacêutica da Prati-Donaduzzi, Alyne Blasio de Carvalho, por ser viral, a gripe costuma passar em alguns dias e, de maneira geral, os antigripais disponíveis nas farmácias aliviam os sintomas e ajudam o corpo no combate da infecção.
“Antes de escolher um medicamento, é importante conversar com o farmacêutico para que ele ajude a entender o quadro clínico e possa oferecer algo mais efetivo para cada caso”, explica Alyne.
A assistência farmacêutica é importante para auxiliar e contribuir para uma farmacoterapia efetiva e eficaz. Além dos medicamentos que contribuem no tratamento, é importante manter as vias aéreas superiores hidratadas, auxiliar na remoção mecânica da secreção nasal, tornar fácil o fluxo de ar nas vias respiratórias e diminuir a exposição aos alérgenos inaláveis.
É importante que nós, como farmacêuticos, estimulemos o paciente a reconhecer o que está agravando seu quadro clínico, evitando a exposição e obtendo uma melhora dos sintomas”, complementa Alyne.
Com Assessorias