O Livro do Perdão
Perdão é um processo mental e espiritual. Você acaba com aquele nó dentro do seu coração. Você dissolve a raiva. Você decide se libertar de uma coisa que te prende mais que uma corrente de ferro. Você fica livre. E essa decisão é só sua. Ser livre é saber que o sofrimento é uma escolha, e você pode escolher não sofrer. Perdoar-se pode ser o caminho”, diz o autor.
É nosso dever cuidar bem de nós mesmos e da nossa saúde. Quanto mais nos conhecemos, mais aceitamos o que é de verdade, dominamos as ações e assim, aprendemos o poder do perdão. Quero ajudar você a ser livre. Quero ajudar você a construir uma nova forma de se relacionar consigo mesmo e com os outros frente aos erros inevitáveis. Que essa leitura ajude nessa jornada em busca do perdão, da liberdade e da felicidade”, diz Marques.
O PERDÃO MUDA TUDO
Para a master coach Shirley Brandão, a vida não flui quando retemos as faltas do outro. “É preciso ter desapego para seguir em frente. Quando não perdoamos, fazemos mal a nós mesmos”, diz. Em “O Caminho de Shanti – O perdão muda tudo”, publicado pela Editora Hércules, a escritora goiana busca evidenciar o perdão como ferramenta fundamental para a conquista da paz interior.
Ela decidiu escrever o livro em razão dos relatos que passou a ouvir de seus coachees. “Por trás dos executivos que nos procuram em busca de mais eficiência ou mudanças em sua vida profissional, estão histórias marcadas por mágoas, medos e traumas que precisam ser desnudados para que eles sigam adiante”, comenta.
O livro conta a história de uma mulher que no auge dos seus 40 anos, com sucesso em sua profissão e família constituída, decide partir para um imersão interior para descobrir o seu propósito de vida. A história é narrada usando como ferramenta uma conversa entre amigas durante uma viagem em busca de belas paisagens e reflexões importantes sobre o passado recente de Shanti, a protagonista.
Ela conquistou da vida tudo aquilo que o padrão comum da sociedade deseja: um bom casamento, filhos, carreira bem sucedida, boa posição social, e uma vida financeira dentro daquilo que ela considerava ideal. Porém, “Shanthi” não se sentia realizada e iniciou uma busca existencial para acalmar as inquietações de sua alma. Abriu mão das posições conquistadas à custa de muito esforço para buscar um recomeço de carreira mais alinhado a seus propósitos.
Em uma viagem para o charmoso vilarejo medieval de Eze, no sul da França, a protagonista compartilha, com sua amiga Helena, todo o caminho percorrido em busca da descoberta da sua verdadeira chama de vida. O que ela não sabia é que descobrir seu propósito exigiria que ela entrasse em contato com feridas até então desconhecidas e inimagináveis, desapegar-se de suas verdades em um processo que misturava dor, amor e perdão.
Classificada como auto-ajuda, a obra é uma não-ficção que provoca o leitor a se despir diante de suas verdades e dores mais íntimas para conseguir romper com os padrões de felicidade idealizados pela personagem, que naquele momento de sua vida, já não faziam o menor sentido. Por meio de Shanthi o leitor é convidado a entrar em contato com o sua mais profunda realidade, sem máscaras, numa busca individual do crescimento pessoal.
O grande objetivo do livro é estimular as pessoas a buscar seus enfrentamentos, a conquistar e conceder o perdão. É com a conquista da capacidade de perdoar e de ser perdoado, que o ser humano adquire, de fato, liberdade para permitir que a vida flua em outros ângulos”, afirma a autora.
Ouse ser Grande
Palestrante e autor do livro “Ouse Ser Grande”, Mauricio Souto explica que a prática desse sentimento que traz uma série de benefícios aos envolvidos.
Uma frase de Martin Luther King que cito em meu livro resume a importância desse sentimento: ‘O perdão é um catalizador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício’. Perdoar fortalece a relação e traz bem-estar aos envolvidos. Já a mágoa nos faz perder momentos importantes da vida e que não são eternos”, diz Souto.
Se os ganhos são muitos para quem se dispõe a perdoar, algumas pessoas optam por seguir no caminho contrário. “A demora em perdoar pode ser o resultado da falta de autoconhecimento. Quando há autoconhecimento, prevalece sempre a calma e o equilíbrio, o que facilita o perdão”, explica Souto.
Souto faz também um alerta para quem não está disposto a perdoar. “A raiva ou mágoa, afeta o corpo, não só os relacionamentos. O ressentimento nos impede de ser feliz e, consequentemente, influencia no trabalho, nos estudos, relacionamentos”, diz.
Outro ponto importante destacado pelo autor é que a prática do perdão traz resultados positivos para as relações familiares. “Quando o filho se sente amado, protegido, ele irá se tornar um adulto participativo, capaz de demonstrar as suas emoções. E nessa relação saudável é preponderante que haja o perdão”, conclui.
Perdão, a revolução que falta
No dia 30 de agosto de 1997, o pequeno Ives, na época com 8 anos, foi sequestrado e morto. Depois de conhecer os assassinos do filho, a mãe do menino e seu marido, Masataka Ota, decidiram perdoar os sequestradores e assassinos. Por conta disso, o dia 30 de agosto foi instituído como o Dia Nacional do Perdão. O projeto que deu origem à lei é de autoria da deputada federal Keiko Ota (PSB-SP), a mãe de Ives.
Para Heloísa Capelas, especialista em inteligência comportamental, diretora do Centro Hoffmann e autora do livro “Perdão, a revolução que falta”, o perdão não deve ser associado a uma situação tão trágica quando a morte de um filho, mas um processo que deve ser praticado diariamente.
Devemos dar o perdão nosso de cada dia. Perdoar o colega de trabalho por ter tido uma conduta mal-educada durante uma reunião, perdoar um desconhecido que te fechou bruscamente no trânsito, perdoar o vizinho que não te deixou dormir à noite por conta do som alto e, principalmente, perdoar os pais e demais familiares por conta de atitudes que causaram mágoas. Perdoar é um ato de inteligência emocional e de cura interior”, diz.
A especialista ressalta que perdoar nem sempre é simples, embora seja o único caminho para a libertação. “Esquecer o que aconteceu não é fácil. Temos a sensação de que perdoar seria demonstrar que a nossa dor não vale tanto assim e, desta forma, em alguns casos, entramos em um ciclo sem fim, que alimenta a vingança e o próprio sofrimento e ressentimento”, afirma.
Quatro dicas para aprender a perdoar
Confira quatro dicas elaboradas por Heloísa:
1- Fale sobre a sua dor
A boca fala o que o coração está sentindo. Por isso, muitas vezes, uma pessoa magoada não consegue falar de outro assunto. Estudos demonstram que, cada vez que nos recordamos dos acontecimentos que elegemos como imperdoáveis, nosso organismo reage quimicamente de forma nociva. Ou seja, não perdoar – ou ficar preso ao ressentimento – faz mal à saúde. Segundo Heloísa, transformar a dor em palavras não significa falar mal do outro, mas sim, relatar o que, de fato, aquela circunstância significa para você. Ter alguém de confiança para desabafar pode ser uma boa saída. Mas, caso você prefira fazer isso sem envolver outras pessoas, escrever em um diário pode ser uma alternativa. “Canalizar a mágoa é uma forma de centralizar sua angústia e colocar um ponto final na culpa do outro”, diz.
2- Reconheça suas fragilidades
O primeiro passo para uma vida sem culpas é reconhecer os motivos que te levaram a uma situação desconfortável. Colocar na balança a sua parcela de culpa e identificar o que você poderia ter feito para evitar o confronto é uma excelente alternativa para uma vida de desapego de sentimentos ruins. Refletir sobre os prós e os contras de tal situação é um exercício de inteligência emocional.
3- Seja o “ponto final” de maus-tratos
Segundo Heloísa Capelas, nos mais de 30 anos de trabalho como terapeuta familiar, já ouviu inúmeras vezes filhos culpando seus pais por situações não resolvidas. Essa repetição de padrão é um ponto forte no desequilíbrio das relações diárias. “Todos nós estamos em profunda conexão com o universo e o universo está igualmente conectado conosco. Quanto mais abertos e atentos estivermos a esse elo, mais preparados estaremos para receber o que é nosso por direito”, explica.
4- Dê o pontapé inicial
O poder do perdão é individual e intransferível. Muitos pensam que perdoar é se reconciliar com o outro e, por isso, acabam na frustração. Segundo Heloisa, o apego à raiva e o sentimento de vingança tornam o ciclo mais complicado. Livrar-se dessa corrente pode salvar vidas, inclusive a sua. “Você pode perdoar em silêncio. O outro nem sempre precisa saber do seu perdão. A cura e o ponto final desse ciclo pode estar em não sentir mais raiva”, explica.
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Com Assessorias