Em 2020, o mundo teve que encarar uma nova e desafiadora doença, mas é preciso voltar a atenção também para outras que são bem conhecidas e não deixaram de existir por conta da pandemia do novo coronavírus. Por isso, o Outubro Rosa – movimento de conscientização para o controle do câncer de mama criado na década de 1990 nos Estados Unidos e que atingiu proporções mundiais – chama a atenção este ano para a importância do acesso ao diagnóstico e tratamento precoce em meio à nova realidade.

Abraçando mais uma vez a causa, o Portal ViDA & Ação muda de cor durante todo este mês e traz uma série especial com matérias diárias sobre câncer de mama, câncer de colo do útero e outras doenças e transtornos que comprometem a saúde da mulher. No dia 7 de outubro, às 19 horas, o projeto #PapodePandemia promove uma live especial sobre o tema no Facebook do Portal ViDA & Ação.

Os convidados da jornalista Rosayne Macedo são o médico mastologista Vilmar Marques de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM); a professora de yoga e ex-paciente LUCIANA LOBO, que lançou recentemente o livroO que Aprendi com Minhas Células Rebeldes?”, em que conta sua luta contra a doença, e o médico oncologista Sandro Cavalléro, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc).

Campanha Outubro Rosa do chama atenção para auto-exame (Arte: Clarinha)

Câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil

Segundo tipo mais frequente entre mulheres no Brasil, o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, com patamares diferenciados entre as regiões, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A estimativa para 2020 é de 66.280 novos casos de câncer de mama no país. Esse valor corresponde a um risco de 61,61 de novos casos a cada 100 mil mulheres.

A maioria das ocorrências da doença – quatro a cada cinco – ocorre após os 50 anos, e a prática de hábitos saudáveis, como fazer atividade física, alimentar-se de forma balanceada e evitar o consumo de bebidas alcoólicas, são algumas atitudes que podem evitar cerca de 30% desses eventos.

O câncer de mama pode ser controlado com acesso à informação, exames de rastreamento e início do tratamento o quanto antes possível para redução de sua mortalidade. É indicado que toda mulher dos 50 aos 69 anos faça o exame de mamografia a cada dois anos, mesmo sem ter nenhum sintoma.

Em 2020 no Estado do Rio de Janeiro, que registra o segundo maior índice da doença no país, apenas 10.500 mil mamografias e 696 diagnósticos de câncer de mama foram realizados pelo SUS.

A chegada do novo coronavírus provocou a queda de cerca de 75% do atendimento em hospitais públicos de pacientes em rastreamento e tratamento para câncer de mama, adiando, para milhares de mulheres, as oportunidades de realização de exames e terapias de prevenção da doença.

A Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) estimam que, durante a pandemia, possivelmente até 50 mil casos de câncer deixaram (ou deixarão) de ser identificados, diagnosticados e tratados no Brasil.

Atenção especial também para o câncer de cólo do útero

Não é somente o câncer de mama que assusta as mulheres. Nos últimos anos, a campanha Outubro Rosa também foi ampliada para combater o câncer de colo do útero. Esta é a terceira neoplasia mais incidente na população feminina brasileira.

Para a prevenção deste tipo de câncer é importante que toda mulher com idade a partir dos 25 anos, que já tenham iniciado sua vida sexual, realize o exame preventivo, até os 64 anos. Para as meninas de 9 a 14 anos, é recomendada duas doses da vacina contra o HPV, conforme calendário do Ministério da Saúde.

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES) programou ações em apoio à campanha, com objetivo de fomentar a prevenção e a detecção precoce desses dois tipos de câncer. O objetivo, segundo a pasta, é aproveitar esse momento para destacar, em especial, a situação do câncer do colo do útero, que pode ter o agravamento prevenido. Até setembro, 411 mulheres tiveram diagnóstico da doença no estado.

Para isso, devemos incentivar a vacinação do HPV em meninas de 9 a 14 anos e meninos dos 11 a 14 anos de idade como uma forma de prevenção”, explica Leila Adesse, médica coordenadora da Área Técnica de Saúde das Mulheres da SES.

Neste mês, a Campanha Nacional de Multivacinação oferecerá a vacina HPV quadrivalente nos postos de saúde dos municípios a partir do dia 5. De acordo com Leila, a campanha é também contra o preconceito e a banalização dos sintomas da doença. Entre os principais, estão sangramento e corrimento vaginais, que, ao serem observados, indicam a necessidade de atendimento especializado.

Ações de prevenção em clínicas da família

Na cidade do Rio, o mês de outubro também é uma oportunidade para conscientizar a população sobre o câncer de colo de útero. As unidades de Atenção Primária, clínicas da família e centros municipais de saúde têm papel fundamental na detecção precoce dos cânceres de mama e colo de útero, realizando a captação das mulheres para o rastreamento e o acesso oportuno a confirmação diagnóstica e tratamento dos casos positivos.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), marca presença na mobilização do Outubro Rosa com a intensificação, em suas unidades, das práticas de promoção da saúde da mulher.  Estas ações, que fazem parte da prática diária das clínicas da família e centros municipais de saúde, chegaram a ser interrompidas durante a pandemia, mas retornaram em julho – e serão intensificadas durante o mês de outubro.
 
Durante o acolhimento, os profissionais de saúde das unidades municipais vão dar orientações sobre a detecção precoce dos cânceres da mama e do colo do útero para mulheres nas faixas etárias priorizadas nas Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde. Outros temas de promoção da saúde feminina serão tratados, entre eles a importância da alimentação saudável e da prática de atividades físicas, a prevenção da violência doméstica e o planejamento reprodutivo.

Este olhar para a saúde da mulher, de maneira integral, deve ser lembrado e estimulado durante o ano inteiro. É fundamental informar e conscientizar a população sobre importância de estar alerta a qualquer alteração suspeita no corpo, uma das peças chave para o diagnóstico precoce, o que aumenta as chances de cura”, reforça Ana Mello, gerente da área técnica do câncer da Secretaria Municipal de Saúde.

Três pilares definem as estratégias de atuação para proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e diminuir as taxas de mortalidade: mobilizar e informar mulheres sobre o câncer de mama; profissionais capacitados e atuantes no diagnóstico das lesões mamárias suspeitas de câncer e nas ações de rastreamento; e uma rede assistencial preparada para diagnosticar e tratar as lesões identificadas em prazo adequado.

Fundação Laço Rosa pede mais doações

Uma das responsáveis por disseminar o Outubro Rosa no Brasil desde 2011, a Fundação Laço Rosa lança sua tradicional campanha destacando o avanço da doença, que pode se agravar em tempos de isolamento e distanciamento social, devido às dificuldades enfrentadas pelas pacientes. A Femama –  Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama  já vem denunciando que a Lei dos 30 Dias não vem sendo respeitada desde o início da pandemia do novo coronavírus.

O câncer não vai esperar a Covid passar e os números, que já eram feios, agora são mais alarmantes. Mais do que nunca, é necessário e urgente que todos ajudem a salvar vidas! Nossa campanha lembra aos brasileiros que essa é uma doença que não faz quarentena e não espera”, afirma Marcelle Medeiros, presidente da Fundação Laço Rosa. 

Este ano a campanha Outubro Rosa da Fundação Laço Rosa tem como mote #doarsalva (bit.ly/doarsalva). “Convido a todos que puderem para doar e arrastar outras pessoas pelo exemplo”, afirma Marcelle. A presidente da Laço Rosa também chama a atenção para a necessidade de ampliar a cultura da doação no país com ações como o Outubro Rosa.

A pandemia escancarou a fratura exposta que vivemos diariamente na saúde brasileira e acordou a sociedade para a importância do terceiro setor no dia a dia do país. Nunca antes na história do Brasil tivemos tantas doações financeiras ajudando as pontas mais vulneráveis e esse é um movimento que não tem mais volta. Doar precisa estar na cultura da população porque vimos que #doarsalva”, ressalta a ativista.

Campanha garantiu acesso de 788 mulheres ao tratamento em 2019

Entre os números da campanha da Laço Rosa em 2019 estão 8.340 perucas doadas desde o início do programa, 1.579 pacientes com acesso a atividades culturais, 165 alunos formados no curso de perucaria; 788 mulheres navegadas para acesso de diagnóstico e tratamento no tempo certo, dados do projeto piloto Andaraí, mais de 1,5 milhão de pessoas impactadas indiretamente pelas ações na mídia.

A Fundação Laço Rosa foi criada por Aline Lopes, suas irmãs, Marcelle Medeiros e Andréa Ferreira, familiares e amigos. Empoderamento feminino, influência de políticas públicas, resgate de autoestima e defesa de direitos de pacientes são os pilares da instituição que mantém programas e atividades com esses objetivos.

A instituição é reconhecida nacionalmente pelo seu empenho contínuo para diminuir as desigualdades de acesso e tratamento do câncer. A ONG é feita por um grupo de pessoas que luta diariamente para mudar a realidade do câncer de mama no Brasil e no mundo.  Sua missão é ajudar o paciente com câncer de mama e seus familiares a atravessarem os impactos do diagnóstico com otimismo, conhecimento e sem perder a fé de que dias melhores sempre virão”, explica Marcelle, em nota. 

Iluminação especial em monumentos e prédios públicos do Rio

Palácio Guanabara iluminado com as cores do Outubro Rosa (Foto: Paulo Vitor)

No Rio de Janeiro, a Laço Rosa programou uma série de atividades para o mês, começando pela cerimônia de iluminação especial no Cristo Redentor neste dia 1º. Prédios públicos como o Palácio Guanabara e o Estádio do Maracanã, e unidades de saúde como o Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE), estão iluminados na cor rosa ao longo do mês para ajudar a alertar a população.

No Hospital Estadual da Mãe de Mesquita, serão realizadas palestras sobre prevenção e conscientização do câncer de mama, além da iluminação da unidade e da distribuição de laços e máscaras rosas para os colaboradores. As mesmas iniciativas também ocorrerão no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti.

Conteúdo digital também está sendo elaborado para ajudar a informar sobre o câncer por meio das redes sociais da SES. Uma webinar transmitida pelo canal da SES no Youtube, no dia 8 de outubro, às 14h, reunirá especialistas da Área Técnica de Saúde das Mulheres da secretaria, que falarão sobre empoderamento feminino, prevenção do câncer e cuidados com a saúde da mulher.

Celebridades se engajam na campanha

Mantendo a tradição de atrair celebridades, em clima de glamour e celebração, o lançamento do Outubro Rosa 2020 conta com uma cerimônia para celebrar a vida e renovar a fé. A Fundação Laço Rosa ilumina, neste dia 1º de outubro, o Cristo Redentor, abrindo a programação do mês.

Como nesta edição não será possível reunir presencialmente no monumento as pacientes em tratamento, o evento contará com uma ação online pelas plataformas da Laço Rosa. Neste dia a apresentadora Ana Furtado também será apresentada como madrinha da campanha.  

Uma live musical pós-iluminação terá a participação de Maria Rita e apresentação de Adriane Galisteu, e será transmitida diretamente do rooftop do Hotel Fasano, em Ipanema, a partir das 20h30,  e contará com o QR Code da Ame Digital para doações que serão revertidas para a causa. A live contará ainda com a participação em depoimentos de famosas como Juliana Paes e Flávia Alessandra, madrinhas em edições anteriores, e outras personalidades como Ingrid Guimarães e Alinne Moraes.

Outra tradição da campanha da Laço Rosa é o apoio de grandes marcas nacionais que abraçam a causa. A ONG lançou o “selo rosa” para as empresas comprometidas com a fundação. Esse ano, as marcas Pantene, Grand Cru, Vigor, Ame Digital, Aneethun, Mamma Jamma, Eva, Agilitá, Afghan, Duloren, Antônio Banderas e Crossnetworking ganham da Laço Rosa o selo “Amigo Rosa” como marcas parceiras da instituição.  

Femama foca em ‘3 perguntas que salvam 1 vida’

A Femama também fará, como todo ano, uma campanha de Outubro Rosa, para trazer awareness para a prevenção da doença e, dessa vez, o foco vai além da mulher, mas buscando as pessoas ao seu redor. A campanha vai se unir na hashtag #PerguntaPraEla e vai estimular as pessoas a fazerem as ‘3 perguntas que salvam 1 vida’ para as mulheres que amam.

Segundo levantamento da Femama, as pessoas sabem que existe o câncer de mama, que têm que se cuidar, mas ainda é meio tabu e não partem para ação, de fazer o exame de autoconhecimento da mama, por exemplo. Uma live com participação de artistas marca o lançamento da campanha da Femama também no dia 1º. Mais informações no site www.femama.org.br.

A Femama é uma organização sem fins econômicos que trabalha para reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, lutando por mais acesso a diagnóstico e tratamento ágeis e adequados. Com foco em advocacy, a instituição busca influenciar a formação de políticas públicas para defender direitos de pacientes, ao lado de mais de 70 ONGs de apoio a pacientes associadas em todo o país.

Outras novidades do Outubro Rosa 2020 

Uma programação online também vai movimentar as redes da Laço Rosa no mês de outubro com conteúdos diversos de conteúdo médico, informações sobre direitos do paciente e entretenimento – Confira a programação da Laço Rosa no perfil @fundacaolacorosa.

Em parceria com a Crossnetworking, no dia 10 de outubro, o projeto chamado Extra Life vai contar com a participação de youtubers e gamers, que num formato de game show solidário disputarão com o objetivo de arrecadar doações para a causa do câncer de mama.  

A Laço Rosa será representada por Malena, dona do maior canal gamer feminino do Brasil com mais de 6 milhões de seguidores. Ela vai disputar o jogo Minecraft contra um especialista e, para conseguir vencer esse desafio, vai precisar da ajuda do público. As pessoas vão poder fazer doações até atingirem metas que “atrapalhem” o especialista — e façam a Malena vencer.  

Com Assessorias

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