Muita gente pensa que as estomatites são inflamações do estômago. A palavra estômato tem origem grega e significa boca. As estomatites são as inflamações da boca que acometem a região das bochechas, língua, gengiva e palato (céu da boca). O processo inflamatório acomete a mucosa da boca, surge a partir do aparecimento de aftas, acompanhadas de dor, febre e muito desconforto.
No outono e no inverno, os episódios são mais frequentes por ser uma temporada de gripes e resfriados, o que torna o sistema imunológico mais vulnerável. Além disso, a circulação em ambientes fechados facilita a transmissão dos vírus pela saliva contaminada ou contato com as lesões. O tratamento inclui cuidados especiais com a hidratação e a alimentação dos pacientes, que têm dificuldade para engolir alimentos e fazer a higiene bucal, porque a dor é muito forte.
Entre as principais causas estão infecção (vírus, fungos e bactérias), alergia a medicamentos (quimioterapia, anti-inflamatório). O problema é mais comum até os seis anos de idade, período em que há maior transmissão da doença. Já na idade adulta, a forma mais comum é a estomatite aftosa recorrente. “Vários fatores têm sido associados a doença entre adultos: anormalidades do sangue, alterações hormonais, doenças do estômago, estresse, baixa imunidade, próteses dentárias, deficiências de vitaminas e agentes infecciosos”, afirma o cirurgião-dentista José Augusto Cestari, do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).
Na infância, quando normalmente ocorre o primeiro contato da criança com o vírus herpes simples, é muito comum o quadro de estomatite herpética, que se inicia com pequenas lesões avermelhadas e aumentam de tamanho virando aftas, que duram, em média, 15 dias. “Às vezes confundidas com as aftas comuns, as lesões da estomatite herpética são constituídas por vesículas esbranquiçadas na área central cercadas por um halo vermelho. Pequenas no início, elas podem aumentar de tamanho, romper-se e ligar-se a outras formando úlceras rasas, com bordas bem definidas e extremamente dolorosas”, afirma Cestari.
“Escovar os dentes é muito importante para prevenção de infecção secundária”, afirma o dentista. A recomendação é procurar a ajuda de um cirurgião-dentista ao perceber os sintomas, para que se identifiquem as possíveis causas e se defina o tratamento mais eficaz. De acordo com o dentista, o uso da laserterapia auxilia no tratamento da doença, pois o laser alivia as dores e ativa as células da reparação no local da lesão. “A cicatrização ocorre mais rápido na maioria dos casos, porém, varia de paciente para paciente”, afirma.
Tire suas dúvidas sobre o problema
A pedido da NUK, marca que reúne profissionais de pediatria, odontologia, nutrição e ciência, o médico Marco Aurélio Safadi. professor de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador da Equipe de Infectologia Pediátrica do Hospital. Confira!
O que é estomatite?
A estomatite é uma inflamação da cavidade oral (stoma, do grego = boca). Na infância, acomete crianças pequenas e na maioria das vezes é causada por vírus.
Quais são os sintomas da estomatite?
A estomatite é caracterizada pelo aparecimento de aftas em todas a cavidade oral com inchaço e vermelhidão das gengivas, as vezes até com sangramento local. Por conta disso, é muito comum a criança apresentar “babação” e dificuldade de se alimentar e beber líquidos. Além dos sintomas locais, a criança pode apresentar febre, dor, irritabilidade e prostração. Todos esses sintomas podem durar até 15 dias, mas o período crítico ocorre no final da primeira semana.
O que provoca a estomatite?
Normalmente, os vírus são os responsáveis por essa infecção. Dentre eles, o principal é o vírus herpes simples (HSV-1). Em menor incidência, os vírus da família Coxsackie também podem causar estomatites, entre outros. Em menor frequência a estomatite pode ser a manifestação de outras doenças, não infecciosas. Caso o quadro seja recorrente e/ou persistente, deve-se atentar para outras possibilidades e a orientação do pediatra irá auxiliar no diagnóstico.
Em que períodos do ano a estomatite é mais comum?
Nos meses de outono e inverno, os episódios são mais frequentes. Nesse período, a maior frequência a ambientes fechados facilita a transmissão do vírus que ocorre pela saliva contaminada ou pelo contato com as lesões. As crianças menores são as mais acometidas também por frequentarem creches e escolas.
Pode haver complicações?
A principal complicação é a desidratação. Por conta da dificuldade de comer e beber e da própria inapetência causada pela doença, a criança ingere pouco líquido, podendo ficar desidratada. Embora aconteça na minoria dos casos, pode ocorrer infecção secundária por bactérias, com aparecimento de lesões com secreção e odor forte, podendo agravar e/ou prolongar os sintomas gerais como a febre. Nessa situação, o uso de antibióticos poderá ser necessário.
Como evitar a estomatite?
Infelizmente trata-se de uma infecção muito comum nos primeiros anos de vida e dificilmente o seu pequeno escapará dela. Cuidados gerais podem evitar a transmissão, como lavar as mãos com frequência e higienizar brinquedos de uso comum com água e sabão ou detergente, evitando-se a propagação do vírus.
Mas e se meu filho ficar doente, o que fazer?
Evite a ida a escolas ou creches porque poderá transmitir a infecção para outras crianças. Ofereça alimentos frios, pastosos, sem ácidos ou temperos. Estimule preferencialmente a ingestão de líquidos, oferecendo de forma fracionada mais vezes ao dia para se evitar a desidratação. Mantenha seu filho em repouso e o medique com analgésicos para aliviar a dor. Alimentos pastosos e líquidos, que não exijam mastigação, são mais facilmente aceitos. Iogurte, sorvete, gelatina e líquidos como sucos de frutas não ácidas, água, chá e leite frios são ótimas opções.
O que pode ser usado para aliviar os sintomas locais?
A higiene oral é um passo importante para se evitar as infecções secundárias. Pela resistência das crianças em permitir a escovação, podem ser usados antissépticos bucais, que aliviam a dor, na forma de bochecho.
Lembre-se que a estomatite é, na maioria das vezes, causada por infecções virais. Os cuidados são apenas sintomáticos, ou seja, objetivam aliviar os sintomas e prevenir as complicações. O vírus tem um ciclo com duração média de 1 a 2 semanas, com remissão de todos os sintomas.
A consulta pediátrica é fundamental para orientar o diagnóstico e as melhores opções para que o seu pequeno sofra o mínimo possível em consequência da estomatite.
Fonte: NUK e Seconci-SP