Neste sábado, dia 17 de setembro, comemora-se o Dia Mundial da Segurança do Paciente. O objetivo da data é conscientizar os profissionais da área da saúde e os próprios pacientes sobre a necessidade de implementar práticas de segurança dentro dos serviços de saúde para minimizar riscos e danos ao paciente, refletindo na melhoria da qualidade do cuidado prestado à população.

Erros com diagnósticos e tratamentos são as principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Ciências da Saúde (INCS) aponta que anualmente, são registrados 134 milhões de eventos adversos com pacientes, em razão de cuidados incorretos, nos países de baixa e média renda, contribuindo para 2,6 milhões de mortes.

Neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama a atenção para a informação sobre práticas inseguras e erros de medicação, com o tema “Medicação sem danos”. A preocupação se justifica. Segundo um levantamento feito em mais de 20 países, incluindo o Brasil, em média, 10% dos pacientes internados sofrem algum tipo de evento adverso, sendo que, destes, 50% são evitáveis.

A  estimativa da OMS é que um em cada dez pacientes possa ser vítima de erros ou eventos adversos durante a assistência à sua saúde. Alguns podem não ter consequências mais sérias, outros podem gerar graves complicações. É por isso que os pacientes precisam receber todo o cuidado, que deve ser redobrado quando se trata de pacientes menores, como os recém-nascidos, que precisam de mais atenção, dada a sua vulnerabilidade.

Os cuidados na prescrição e na administração de medicamentos são foco de foco de ações que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro realiza em celebração ao Dia Mundial da Segurança do Paciente. Para lembrar a importância do tema, o Monumento ao Cristo Redentor foi iluminado neste sábado, de laranja, cor que representa a causa. Prédios da administração pública do Estado, como o Palácio Guanabara e o Hospital Estadual da Criança, estão com suas fachadas iluminadas em tom alaranjado desde a semana passada.

Cristo Redentor recebe iluminação alaranjada para lembrar Dia Mundial de Segurança do Paciente (Foto: Divulgação SES/RJ)

Menos de 15% das doses são totalmente corretas no Brasil

O Instituto Brasileiro para a Segurança do Paciente (IBSP) considera esse debate de extrema importância, afinal, os medicamentos fazem parte da vida de todos e são de interesse geral, independendo de idade, sexo ou condição socioeconômica. Porém, esses mesmos remédios que salvam vidas, podem causar sérios danos se forem prescritos, dispensados, administrados ou armazenados de maneira incorreta.

O problema é global, mas nacionalmente, podemos listar alguns dados que demandam atenção. Por exemplo, a estimativa é que menos de 15% das doses medicamentosas administradas são totalmente corretas e 56% das prescrições com medicamentos potencialmente perigosos apresentam erros. Além disso, nos hospitais públicos, os erros de dispensação chegam a 34%. Entre os medicamentos mais comumente relacionados aos casos estão aqueles para tratar doenças do sistema cardiovascular e nervoso. E com a pandemia do Covid-19 esse se agravou.

“A preocupação com os erros de medicamentos é uma constante para os problemas em Segurança do Paciente. A pandemia mais uma vez mostrou que o estresse emocional, o número reduzido de profissionais sobretudo despreparados e os ambientes conturbados, foram situações contribuintes para a ocorrência de falhas na assistência à saúde”, pontuou a a diretora de novos negócios do IBSP, Karina Pires.

Entre os objetivos da campanha da OMS para 2022 estão aumentar a conscientização global sobre a carga de danos relacionados à falta de segurança medicamentosa; defender a criação de ações urgentes para melhorar a segurança do paciente; engajar todas as partes envolvidas na assistência à saúde; além de capacitar pacientes e familiares sobre o uso seguro de medicamentos.

“É de suma importância que medidas de prevenção sejam adotadas com vistas a reverter este panorama. A data traz essa reflexão e incentiva os profissionais da saúde a buscarem se conscientizar e desenvolver ações que reforcem a segurança do ambiente onde estão inseridos, deles próprios e, em especial, dos pacientes”, alerta Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem).

Falhas humanas: a situação dos profissionais de saúde e o piso dos enfermeiros

Especialista em Direito Médico, Raul Canal chama a atenção para outro ponto a ser considerado quando se trata de erros relacionados à medicação: a situação dos profissionais da saúde. “Estes erros podem ocorrer, entre outras razões, por fatores humanos, como fadiga, más condições do ambiente de trabalho ou até escassez de profissionais. Assegurar uma jornada de trabalho mais apropriada aos profissionais de saúde, por exemplo, garante a possibilidade de melhoria da qualidade do atendimento e aumenta a segurança do paciente”, ressalta.

Falando especificamente sobre o cenário nacional, o presidente da Anadem lembra uma medida que muito beneficiará os profissionais de saúde e que, embora já aprovada, encontra-se suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se do projeto que fixa um piso salarial para enfermeiros. “É um avanço necessário para os profissionais da saúde, dada a desigualdade salarial que hoje enfrentam e a incompatibilidade com a sua luta diária. Conceder essa reparação é uma questão de justiça”, afirma o presidente da Anadem.

A Anadem acompanha, desde o início, a tramitação do PL que prevê o piso salarial fixo para enfermeiros, além de diversas iniciativas junto ao poder público, e tem feito contínua mobilização em prol de melhorias nas condições de trabalho para os profissionais da saúde. A entidade defende suporte estrutural e psicológico para a categoria; auxílio indenizatório para profissionais vítimas da covid-19; e redução da carga horária para 30 horas, entre outras medidas.

Soluções envolvem profissionais de saúde, líderes do setor, pacientes e familiares

Para diminuir os erros na medicação, o IBSP aponta que é preciso trabalhar em três frentes: com os profissionais da saúde, com líderes do setor e com os pacientes e seus familiares. Em relação ao primeiro grupo, as orientações são: manter-se atualizado sobre as melhores práticas de medicação, envolver o paciente na tomada de decisão, fornecer informações claras e completas sobre as medicações aos membros da equipe, relatar incidentes, ficar atento às situações de risco e, claro, compartilhar as lições apreendidas.

Já para os líderes de saúde, a recomendação do instituto é que sejam desenvolvidos processos para garantir a segurança em medicamentos, padrões de protocolos operacionais para uso seguro de medicamentos levando os fatores humanos em consideração. Além do fornecimento de um sistema de notificação de incidentes e do fortalecimento da cultura de segurança da instituição.

Por fim, para os familiares e pacientes, o IBSP ressalta a importância da instrução. É preciso orientá-los a tirar todas as dúvidas sempre que receber uma receita, reforçar a necessidade de fazer uso de medicamentos exatamente como prescrito, manter uma lista atualizada dos medicamentos que estão em uso e fazer o armazenamento correto.

Segurança do paciente propõe olhar estratégico de cuidado nas instituições

Promover a segurança do paciente como uma questão a ser conduzida pelos sistemas de saúde e não como responsabilidade isolada de cada um dos seus integrantes é uma das propostas do Dia Mundial de Segurança do Paciente. A iniciativa aborda temáticas sensíveis e bastante atuais sobre os cuidados que devem nortear toda a jornada do paciente.

A data visa conscientizar sobre a necessidade de implementação de práticas de segurança dentro dos serviços de saúde, minimizando riscos e danos ao paciente e auxiliando na melhoria da qualidade do cuidado prestado nos serviços de saúde. A campanha da OMS e os indicadores de saúde evidenciam a importância de práticas que engajem esforços da cadeia produtiva para prevenção de eventos adversos e aumento dos padrões de segurança das instituições.

No Grupo Sabin, por exemplo, o Núcleo de Segurança do Paciente define internamente as estratégias de cuidado e segurança do paciente. A empresa informa que adota protocolos baseados em diretrizes globais e devem ser aplicados em todos os serviços de saúde oferecidos à população, nas 324 unidades que a empresa mantém em 12 estados e no Distrito Federal, atendendo mais de 6.5 milhões de clientes.

“Em 2021, nosso percentual de eventos adversos apresentou uma queda expressiva de 43,75% em comparação com 2020”, observa a gerente de Qualidade e Sustentabilidade do Grupo Sabin, Maria Alice Escalante. Segundo ela, o núcleo também faz uma avaliação de indicadores e índices de ocorrência de eventos adversos e direciona as ações para a melhoria dos resultados.

Como alcançar as metas estabelecidas pela OMS

O Dia Mundial da Segurança do Paciente foi estabelecido no dia 17 de setembro, durante a 72ª Assembleia Mundial da Saúde realizada em 2019, pela OMS. O objetivo da data é fomentar informações sobre os direitos e a segurança dos pacientes, convocando a participação de profissionais, formuladores de políticas, pesquisadores e o setor de modo geral.

No cenário nacional, a iniciativa do governo federal foi instituir o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). A meta é contribuir com a qualificação dos profissionais de saúde, nos cuidados de atendimento aos pacientes em diferentes instituições (clínicas, UBS, hospitais).

Atualmente, existe um esforço contínuo para alcançar as metas estabelecidas pela OMS em parceria com a Joint Commission International (JCI), confira que são:

• Identificar o paciente corretamente

• Melhorar a eficácia da comunicação

• Melhorar a segurança dos medicamentos de alta-vigilância

• Assegurar cirurgias com local de intervenção correto, procedimento correto e paciente correto

• Reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde

• Reduzir o risco de danos ao paciente, decorrente de quedas.

Com esse entendimento, os organizadores têm objetivo de promover melhorias específicas na segurança dos pacientes, destacando problemas recorrentes e apresentando soluções que possam reduzir as situações elencadas. Nesse sentido, o Senac EAD conta com cursos de qualificação e especialização na área de gestão de saúde e cuidado aos pacientes. Confira os títulos e acesse o site para conhecer os detalhes de cada um.

Com Assessorias

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