Cega desde que nasceu, Marina Guimarães, de 31 anos, escrevente do Tribunal de Justiça de São Paulo e bailarina da associação Fernanda Bianchini – Ballet de Cegos conseguiu pela primeira vez folhear livros em uma livraria. “Difícil descrever a sensação porque muitas vezes não valorizamos nossa liberdade de escolha, que de tão simples, esquecemos de lembrar. Isso é inclusão. Poder escolher uma ou várias formas para ter acesso à leitura”, afirma ela.
Marina lançou mão de uma novidade que fez sucesso na Mobility & Show, feira de mobilidade e inclusão realizada semana passada no Rio de Janeiro. É um aparelho que imita um óculos e promete dar mais independência às pessoas com deficiência visual, déficit de leitura, dislexia e síndrome de down. O dispositivo fotografa, escaneia e transforma instantaneamente textos de qualquer superfície em áudio. Isto acontece com livros, jornais, revistas, placas de rua, cardápios de restaurantes, nomes de lojas, mensagens do celular, folhetos etc.
A versão 2.0 do OrCam MyEye foi desenvolvida pela Mais Autonomia Tecnologia Assistiva e custa quase R$ 15 mil. O aparelho pode ser financiado em até 60 vezes pela linha de crédito do Governo Federal para tecnologias assistivas, através do Banco do Brasil. Dotado de uma câmera inteligente intuitiva acoplada à armação dos óculos do usuário, reconhece até 200 produtos previamente cadastrados. Após o reconhecimento, retransmite a informação discretamente no ouvido do usuário.
O equipamento conta ainda com uma tecnologia avançada de reconhecimento de faces que auxilia o usuário a identificar as pessoas ao seu redor. É possível cadastrar até 150 rostos. Sempre que o usuário passar por uma pessoa cadastrada, o dispositivo reconhece o nome de maneira instantânea e automática, revelando quem está à sua frente. Além disso, detecta as pessoas por gênero quando não estão cadastradas.
Marina não é a única a aprovar a novidade. Um dos sonhos de Jucilene Braga, psicóloga e coach, era sentar em um trem do metrô ou ônibus e abrir um livro ou revista para ler como qualquer um. Hoje ela consegue com apoio do aparelho. “Vai ajudar na escola porque eu não vou precisar mais de auxiliar – é só eu olhar para o livro, apontar ou apertar o play, que ele vai ler para mim”, comenta Giulia Rodrigues, 11 anos, filha do jogador Roger, do Corinthians. Para João Anadão, analista de sistemas do Banco Itaú, a tecnologia do OrCam conseguiu “juntar em um único equipamento tudo aquilo que a gente busca em vários aplicativos no celular”.
Mais de 1 bilhão de pessoas como público-alvo
De acordo com a fabricante israelense, o potencial de pessoas que podem ser beneficiadas em todo o mundo supera 1 bilhão. Números da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que 17% da população mundial têm dislexia e 5% sofrem de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Com relação à Síndrome de Down, a OMS aponta que a cada 1.100 crianças nascidas no mundo, uma possui a anomalia genética do cromossomo 21. São 300 mil famílias afetadas no Brasil e 250 mil nos Estados Unidos. Já o número de deficientes visuais no planeta atinge 380 milhões.
Disponível em português e inglês, o dispositivo possui controle de velocidade, possibilitando a leitura de 100 a 250 palavras por minuto; permite escolher entre voz masculina e feminina; e tem comandos para pausar, adiantar ou retroceder a leitura. Tudo isso offline. O OrCam MyEye identifica produtos por meio de códigos de barra; reconhece cores com um simples toque; e, por ser dotado de leds, opera também no escuro. Possui reconhecimento automático de notas de dinheiro (Real e Dólar) e informa a hora e a data sempre que o usuário girar o punho, como se estivesse com um relógio. Sua bateria integrada tem duração contínua de 2 horas e necessita de apenas 20 minutos para o carregamento.
“Cerca de 80% das atividades que realizamos no dia a dia estão relacionadas à leitura. O OrCam MyEye proporciona, com o poder da visão artificial, a inclusão, ao oferecer acesso à informação disponível aonde a pessoa estiver. Com este dispositivo é possível ler até uma revista de bordo, a 10 mil metros de altura”, explica Doron Sadka, diretor da Mais Autonomia Tecnologia Assistiva, distribuidora exclusiva da OrCam no Brasil.
Palavra de especialista
A oftalmologista Juliana Sallum, professora do Departamento de Oftalmologia da Unifesp e diretora do Instituto de Genética Ocular, diz que o OrCam MyEye é uma ferramenta excelente para melhorar o dia a dia dos pacientes. “Devolver a capacidade de leitura inclui na sociedade a pessoa com deficiência visual”.
Mauro Muszkat, coordenador responsável e criador do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar (NANI) do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, também aprova o aparelho, que pode ser usado para deficientes visuais e também para pessoas com transtorno de desenvolvimento e com dificuldade no processo de leitura, seja por distúrbios cerebrais ou por problemas de aprendizagem. “Leve, funcional e prático, o aparelho amplia a qualidade de vida das pessoas que tem necessidades específicas relacionadas a dificuldade de decodificação visual”, relata
Fonte: Mais Autonomia
Gostaria de ter informações sobro esse acessório pra deficientes visual pra ver valor de cédula de dinheiro.
Gostaria muito de saber mais detalhes sobre o óculos p leitura,minha filha tem 21 anos e é portadora de retnose pigmentar,esse óculos ajudaria muito minha filha no colégio,aguardo anciosa o contato de vcs!
Tenho apenas 20 % da minha visão, gostaria de saber como adquirir os óculos inteligentes e as formas de pagamentos?
gostaria de maiores imformações a respeito do oculos inteligente.
Onde consigo informações sobre e onde comprar??