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Com estimativa de alcançar 61 mil casos este ano no Brasil e levar a 13 mil mortes, o câncer de próstata é o mais comum dentre os cânceres que acometem os homens, depois dos não-melanoma, assim como o câncer de mama nas mulheres. Apesar disso, boa parte do público masculino ainda ignora a doença e descuida da própria saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, quase um terço dos homens brasileiros negligencia os cuidados com o corpo e não tem o hábito de ir ao médico regularmente, o que prejudica sua qualidade de vida.

Pesquisa realizada pelo Lado a Lado pela Vida com a Kaiser Associates junto a 1.130 homens a partir de 18 anos de idade, de todas as classes sociais e nas principais capitais, mostra que a maioria (74%) foi ao médico uma vez nos últimos seis meses. O clínico geral é a especialidade mais consultada, 54%. Apenas 10% dos homens procuraram o urologista. Somente 10% realizaram exame preventivo de próstata, dentre eles, 17% estão na faixa acima de 60 anos mostrando que a realização de exames de detecção é feita tardiamente.

Apesar de o médico ser o mais consultado para informações sobre saúde, a internet está tomando uma proporção importante. Daqueles que acessam websites e redes sociais para obterem informações sobre saúde, 79% tem entre 18 e 40 anos. Entre as doenças crônicas, a pesquisa mostra que são mais comuns a partir dos 40 anos de idade, e as principais são pressão alta, colesterol alto, doenças respiratórias e obesidade.

Dados da Sociedade Brasileira de Urologia apontam que 50% dos homens, mesmo estando na faixa etária recomendada, nunca visitaram um urologista. O Hospital Samaritano de São Paulo ouviu 500 homens com mais de 40 anos da sua base de pacientes e 45% disseram saber que o acompanhamento é importante, mas, como acham que está tudo bem com a sua saúde, não precisam visitar o urologista para prever possíveis doenças.

A pesquisa mostrou ainda que 20% dos entrevistados não consideram necessário realizar um acompanhamento preventivo. A falta de tempo foi apontada por 18% dos entrevistados como um fator para evitar as consultas e 7% dos que responderam a pesquisa não se consultam com um urologista por medo ou preconceito. Dentre os entrevistados que já visitaram um urologista, 17% só realizaram a consulta devido a algum problema específico e nunca mais retornaram.

Dos entrevistados, 15% alegaram que só buscam um especialista quando percebem alguma alteração em sua saúde, não realizando um acompanhamento preventivo, 5% dos entrevistados que visitam o urologista já tiveram o diagnóstico positivo para câncer de próstata e 22% possuem histórico da doença na família.

Segundo a psicóloga Carla Ribeiro, especialista em saúde do homem, um dos fatores principais que levam os homens a postergarem o exame do toque, é o psicológico. “A maioria dos homens ainda se sente desconfortável quando o assunto é esse exame. Acham que vai afetar sua masculinidade se deixarem outro médico os examinarem”, comenta a psicóloga. “Principalmente por ser um doença assintomática no início é de extrema importância que o exame seja feito todo ano, mas, infelizmente, alguns homens ainda carregam um pensamento errado sobre isso”, diz.

De acordo com médicos, o principal fator de risco é o hereditário. Pacientes com parentes de primeiro ou segundo grau diagnosticados com a doença, tem suas chances dobradas de contraí-la também. “Com o avanço da medicina atual, os pacientes reganham seu desempenho sexual normalmente um tempo depois da cirurgia. Não há mais o que temer quando o assunto é esse. Os homens precisam perder o medo do toque e se cuidarem. Muito pior do que o exame, é ser diagnosticado com câncer”, conclui a psicóloga.

Diagnóstico precoce, altas chances de cura

A boa notícia é que, se diagnosticado precocemente, o câncer de próstata apresenta altas chances de cura – aproximadamente em 90% dos casos. De acordo com especialistas, a evolução da doença, normalmente, é lenta, e pode levar até 15 anos para atingir 1 cm³. Na maior parte das vezes, o homem também não apresenta sintomas. Porém, alguns tumores crescem de forma rápida, podendo se espalhar para outros órgãos. E por isso a importância a investigação.

Campanhas como o Novembro Azul, de conscientização sobre o câncer de próstata – cujo dia mundial de combate é lembrado nesta quinta-feira (17) ajudam a mostrar aos homens a importância da detecção precoce. “Temos que ressaltar a importância de ir ao médico preventivamente em vez de somente quando apresentar sintomas. Na grande maioria dos casos o câncer de próstata é uma doença silenciosa”, alerta Rafaela Pozzobon, oncologista clínica do Grupo Oncologia D’Or e especialista em tumores genito-urinários.

Segundo ela, a conscientização da doença é primordial, pois a maior parte dos homens procura ajuda tardiamente. A especialista reforça que o acompanhamento regular da saúde coloca tanto o médico quanto o paciente em condições seguras de escolher o melhor tipo de tratamento. “Quando o tumor ainda está localizado, ou seja, ainda não se espalhou para outras áreas fora da próstata, o leque de tratamentos é grande e as chances de cura maiores”, diz o oncologista.

Para o oncologista e diretor da Oncoclínica, Carlos Augusto Vasconcelos de Andrade, tão importante quanto estar atento aos sintomas é manter uma agenda regular de visitas ao médico, a fim de identificar precocemente um diagnóstico, caso haja suspeita da doença. “Se o tumor for descoberto no estágio inicial, há tratamento e elevadas chances de cura. Caso ele se espalhe pelo corpo, essas chances desaparecem”, afirma.

O oncologista destaca, ainda, que tornar universal a toda a população sintomas, formas de prevenção e fatores de risco pode fazer a diferença na redução do número de novos casos: “Sinais como sangue na urina, sensação de bexiga não completamente vazia e dificuldade de urinar são os mais comuns e apontam para a presença de tumores na próstata. Por isso, todos os homens, principalmente os acima de 40 anos, devem conhecer esses sintomas”.

Ele destaca que também é essencial saber que a qualidade de vida é uma poderosa arma de prevenção. “A combinação de exercícios regulares com um cardápio saudável, repleto de frutas, legumes, cereais, grãos integrais e pouca gordura, sobretudo as de origem animal, é um forte aliado na prevenção do câncer de próstata”, ressalta.

A partir de informações colhidas de vários profissionais, o Blog Vida & Ação elaborou um guia sobre a doença:

O que é próstata?

“É uma glândula do sistema reprodutor masculino que pesa cerca de 20 gramas e se assemelha a uma castanha. Ela localiza-se abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma”, informa Rafaela Pozzobon, oncologista clínica do Grupo Oncologia D’Or e especialista em tumores genito-urinários.

O que é câncer de próstata?

No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais frequente em homens, após os tumores de pele não melanoma. Acontece quando as células deste órgão começam a se multiplicar de forma desornada. A doença pode demorar a se manifestar, exigindo exames preventivos constantes para não ser descoberta em estágio avançado e potencialmente fatal.

Quais são os principais sintomas?

Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e, quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 90% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura.  Geralmente na uretra – pela proximidade com a próstata – caracterizam-se na obstrução do canal urinário e dificuldade ao urinar. Já fase avançada, pode provocar: dor óssea, sangue na urina e/ou no sêmen, dor ao urinar e vontade de urinar com frequência.

Quais são os fatores de risco?

Histórico familiar de câncer de próstata (pai, irmão ou tio com a doença), obesidade (excesso de peso pode contribuir para o desenvolvimento desse tumor), raça (homens de pele negra sofrem maior incidência deste tipo de câncer).

Como diagnosticar?

A única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce. Mesmo com a falta de sintomas, homens a partir dos 45 anos de idade com fatores de risco, ou 50 anos sem estes fatores, devem ir anualmente ao urologista.

A partir de que idade?

No Brasil, a recomendação é que homens com risco médio para o câncer de próstata comecem o rastreamento a partir dos 50 anos, procurando um urologista. Aqueles com alto risco, como os que têm um parente de primeiro grau com diagnóstico antes dos 65 anos, devem começar aos 45 anos. Em alguns casos específicos, quando o médico avalia que o risco é ainda maior, como quem possui caso de parente de primeiro grau com câncer de próstata em idade precoce, pode ser recomendado o rastreio a partir dos 40 anos.

Que exame deve ser feito?

Atualmente, a dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico) é o exame indicado para rastreio do câncer de próstata. “Normalmente é recomendado que seja feito uma vez ao ano. O resultado costuma ser mais alto na presença de alterações na próstata, como tumores de próstata”, explica o patologista clínico Helio Magarinos Torres Filho, diretor médico do Richet Medicina & Diagnóstico.

Como é feito o PSA?

A vantagem deste exame é que ele é realizado em amostra de sangue e consegue diagnosticar essas alterações muito precocemente. “Mas é importante ressaltar que um PSA alterado não quer necessariamente dizer que a pessoa está com câncer na próstata, por isso a avaliação médica é fundamental”, destaca Torres Filho. O toque retal também pode ser realizado como parte do rastreamento.

Só o PSA é suficiente?

Muitos homens desconhecem que somente o exame do PSA, que pode indicar o aparecimento de problemas na próstata, caso apresente alterações – não é suficiente para diagnóstico de todos os tumores. Por isso, é fundamental que homens a partir dos 40 anos (caso tenham histórico familiar, pois a recomendação é para os que não têm fatores genéticos é a partir dos 50 anos)procurem um urologista para a realização do toque retal. A avaliação pode ajudar muito no diagnóstico precoce, salvando vidas”, orienta o médico Carlos Augusto Vasconcelos de Andrade.

Quando a ressonância magnética é indicada?

Outro exame que vem ganhando destaque para o diagnóstico auxiliar do câncer de próstata é a ressonância magnética, através de um protocolo chamado avaliação multiparamétrica. Com as imagens obtidas pelo exame é possível realizar a avaliação estrutural da próstata e identificar possíveis áreas de aumento ou distorções na anatomia da glândula, assim como detectar locais de maior celularidade, aspectos que ajudam na caracterização de focos do câncer de próstata. Também é possível fazer um comparativo das imagens antes e após a administração intravenosa de contraste (gadolíneo).

“Esse conjunto de achados com base nas diferentes imagens contribui na diferenciação, de forma mais precisa, entre tecido sadio e doente”, destaca Antonio Siciliano, responsável técnico de Diagnóstico por Imagem do Richet Medicina & Diagnóstico e especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).

Outra função da ressonância magnética é a de poder acompanhar a progressão ou regressão do tumor. Com a evolução tecnológica dos equipamentos, hoje é possível realizar o exame sem a necessidade de bobinas endorretais, acessórios utilizados em exames mais antigos para facilitar a detecção do tumor, e que geravam desconforto ao paciente.”

Como tratar?

O câncer de próstata é uma doença silenciosa e por esse motivo é necessário acompanhamento médico regular. Sem apresentar sintomas relevantes em sua fase inicial, estes começam a aparecer já na fase avançada.O tratamento e cura deste tipo de câncer envolve radioterapia ou cirurgia de remoção da glândula e até mesmo também da bexiga, em casos onde as células cancerígenas já se espalharam.

AÇÕES NO METRÔ RIO

Até o dia 29 de novembro, quem passar pela estação Carioca do Metrô Rio terá a oportunidade de tirar suas dúvidas sobre o câncer de próstata, responsável pela maioria das mortes masculinas por tumores. De segunda a sexta, das 10h às 15h, a estação contará com um estande onde será possível se informar sobre a doença com um profissional de saúde.

A ação é fruto da parceria entre o Grupo Oncologia D’Or e o MetrôRio para a campanha Novembro Azul, que tem como objetivo alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce deste tipo de câncer. Além disso, os carros do MetrôRio contarão com vídeos recheados de informações sobre o tema. A Eletromídia também participa da campanha com painéis pela estação.

* AÇÕES EM FRIBURGO E SÃO GONÇALO

CON, centro de diagnóstico e tratamento oncológico, fará uma série de ações de conscientização sobre a prevenção do câncer de próstata, em apoio ao Novembro Azul.  Serão distribuídos materiais com dicas para a saúde do homem, que serão entregues das 10h às 17h, no Campo de São Bento. Além do material, o público terá a oportunidade de tirar dúvidas ao vivo com uma equipe multidisciplinar com médico, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta. No dia 14, a ação acontece em Nova Friburgo. Dia 17 é a vez de São Gonçalo, no shopping Pátio Alcântara, e dia 18, Botafogo.

Fontes: Richet Medicina & Diagnóstico, Grupo Oncologia D’Or, Oncoclínica, Hospital Samaritano e Lado a Lado pela Vida

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