Neste momento, em que a vacinação segue avançando em todo o país, o Brasil tem visto uma queda nos principais indicadores da pandemia, uma conquista resultado da campanha de imunização contra a Covid-19. No entanto, a pandemia ainda não acabou e, assim como houve o surgimento da variante Delta no final de 2020, uma nova variante, a Ômicron, também representa um alerta sobre a pandemia e a realização das festividades de fim de ano.
Apesar das conquistas, é fundamental avançar na vacinação e manter as medidas adicionais de proteção. Por isso, o Observatório Covid-19 Fiocruz lança uma nova cartilha, que sistematiza um conjunto de recomendações que orientam sobre formas mais seguras de passar o Natal e o Réveillon e diminuir os riscos de transmissão da Covid-19 no período. A cartilha pode ser acessada aqui.
“Estamos num cenário mais favorável do que no ano passado, mas ainda temos que nos manter alertas, especialmente diante das incertezas relacionadas à nova variante e à intensidade de circulação de pessoas nesse período do ano. Por isso, reforçamos que o principal cuidado neste fim de 2021 é garantir que todos estejam vacinados com o esquema completo, incluindo a dose de reforço, caso a pessoa já tenha essa indicação”, ressalta o coordenador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado.
Para quem ainda não está com o esquema completo, a recomendação é que vá ao posto de saúde 14 dias antes do evento para que possa estar protegida e ajudar a proteger os outros também. “Essa é uma mensagem que gostaríamos que fosse muito compartilhada e incentivada nos grupos de família e amigos do WhatsApp”, acrescenta o pesquisador.
Aglomerações ainda devem ser evitadas
Em sua segunda edição, o material traz como mensagem principal a vacinação como forma mais importante de proteção. Mas algumas das recomendações presentes na cartilha do ano passado continuam valendo, especialmente para aquelas pessoas que não sabem se todos nos encontros e eventos estarão vacinados, se são do grupo de risco ou mais vulneráveis, como os idosos, ou ainda se há crianças na família, que ainda não puderam se vacinar.
A cartilha é focada em orientações para eventos familiares e pequenos encontros entre amigos, já que as aglomerações ainda devem ser evitadas. Para os pesquisadores envolvidos na produção da cartilha, as orientações sugeridas podem e devem ser compartilhadas e discutidas em família, grupos de amigos, locais de trabalho, comunidades e outros coletivos.
“O objetivo é esclarecer, dialogar e pactuar estratégias solidárias e conscientes para que possamos manter as festas cuidando uns dos outros, bem como incentivar familiares, amigos e colegas de trabalho não imunizados a se vacinarem”, destaca o texto.
Além da cartilha, as orientações serão divulgadas em formato de cards informativos que possam ser compartilhados pelo WhatsApp e demais redes sociais, bem como por uma enquete nas redes, que simula um jogo para a pessoa que deseja ir a um encontro de fim de ano da maneira mais segura possível.
Fim de ano seguro: quais cuidados devem ser mantidos
Evitar aglomerações, especialmente se não souber se todos estão vacinados, é uma medida importante nesse momento
Por Isabella Sanches, da Agência Einstein
Pela segunda vez neste período pandêmico, os brasileiros estão diante do mesmo dilema: é possível reencontrar os parentes e amigos para as celebrações de fim de ano ou deve-se esperar um pouco mais? E, se houver encontros, quais cuidados devem ser mantidos ou mesmo retomados?
Para a infectologista Tânia Chaves, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), as festas certamente vão acontecer. “É inevitável”, acredita, mas reforça que a pandemia ainda não terminou. “Não dá para flexibilizar o uso de máscaras, na minha avaliação. As medidas de proteção devem ser mantidas, especialmente com a notícia da nova variante [Ômicron]. É muito prematuro também a flexibilização de reunião de pessoas”, alerta.
Segundo a especialista, as bases do cuidado devem continuar ou serem retomadas, como o uso correto das máscaras, a higienização adequada das mãos, manter o distanciamento social e evitar aglomerações, mas também não viajar ou visitar pessoas se estiver com sintomas de doença respiratória.
“Para os viajantes, nesse momento com a nova variante, é importante fazer a quarentena e o teste RT-PCR 72 horas antes entre os vacinados”, destaca a infectologista. O exame avalia a presença do material genético do vírus, e a coleta é feita pelo swab inserido na via respiratória do paciente.
Caso as recomendações dos especialistas mudem nos dias anteriores às festas, vale a precaução e manter as celebrações remotamente.
Como aumentar a segurança nas festas de fim de ano
Estar em uma aglomeração com pessoas desconhecidas (que podem estar vacinadas ou não) é considerado um comportamento arriscado, e que deve ser evitado nesse momento, de acordo com Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Embora a vacinação completa seja uma forma de reduzir os riscos, outras medidas associadas contribuem com a segurança dos encontros:
Realizar um teste RT-PCR (que verifica a presença do vírus a partir do material genético coletado pela via respiratória do paciente) três dias antes do encontro;
Permanecer em quarentena durante pelo menos cinco dias, que é o tempo para o surgimento dos primeiros sintomas;
Conferir se todos que participarão do encontro estão vacinados e, se não, manter distância de pessoas não imunizadas;
Evitar ambientes de maior risco, como lugares fechados, com aglomeração de pessoas e que não exijam a vacinação completa;
Manter as celebrações em grupos pequenos, de preferência com famílias que já convivem no dia a dia;
Usar a máscara cobrindo nariz e boca, e higienizar as mãos, sempre que possível.
As medidas valem tanto para os adultos quanto para as crianças. “A maioria das crianças tem um quadro leve da doença, mas ainda assim podem passar o vírus para outras pessoas”, explica Vecina Neto.
Deslocamento seguro
De acordo com a infectologista Tânia Chaves, no caso de suspeita de covid-19, deve-se evitar a transmissão. “Se estiver com algum sintoma de doença respiratória, mesmo com o esquema vacinal em dia, a recomendação é ficar em casa”, alerta.
As viagens de carro são consideradas menos arriscadas para a covid-19, desde que feitas com pessoas com quem a família já convive e que todos estejam vacinados, de acordo com os especialistas. Os deslocamentos de ônibus têm um risco maior, pois há uma concentração maior de indivíduos e nem sempre há garantias de que todos estejam vacinados ou tomando os cuidados para não se contaminar.
No caso das viagens de avião, o filtro utilizado no ar-condicionado da aeronave é eficaz para filtrar partículas, como os vírus, e segundo Tânia Chaves, infectologista, a viagem pode ser segura, desde que as medidas de proteção sejam seguidas. “Como, por exemplo, o uso de máscaras, de preferência as de tipo PFF2 ou N95, e a higiene das mãos”, lista a especialista.
Quem for viajar de avião precisa se preocupar mais com o trânsito nos aeroportos. De acordo com o médico sanitarista Vecina Neto, os momentos antes e depois de entrar nas aeronaves são quando há maior chance de contato com o coronavírus. Por isso, é fundamental reforçar as medidas de distanciamento social nesses ambientes e lavar as mãos constantemente.
Fonte: Agência Fiocruz e Agência Einstein