Com 35 anos dedicados à medicina, Rita de Cássia Guimarães Firmino deixou de lado o jaleco e passou a ser paciente nesta pandemia. Isto porque aos 60 anos, com diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, a médica se viu contaminada pela Covid-19.
No começo, foram apenas sintomas leves, como febre baixa, tosse e dor muscular. Depois dos exames, iniciou o tratamento e foi liberada para se recuperar em casa em isolamento social. Diante de uma piora gradativa do quadro clínico e queda de saturação, dificultando a respiração, Rita buscou um dos hospitais públicos em que trabalha e rapidamente foi internada por seus colegas de profissão.
Entubada por 23 dias inconsciente e após dois meses de internação entre unidade de terapia intensiva e semi-intensiva, a médica pode dizer que venceu a doença.

Nós, médicos, somos vulneráveis em contato com doenças desde a faculdade. Enfrentamos várias epidemias, de H1N1, malária, meningite. Sou muito grata aos meus colegas que me permitiram recuperar sem nenhuma sequela. Saio desta situação fortalecida e com a convicção de que preciso manter o meu legado de cuidado, seja com meu trabalho ou com meus filhos, afinal duas já são médicas e tenho o caçula estudando Medicina também”, conta.

Já recuperada, Rita retomou as atividades na AMA 24h Capão Redondo e UBS Integrada Jardim Capela, administradas pelo Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, na zona sul de São Paulo. O seu retorno emocionou colegas e a médica segue empenhada em enfrentar a pandemia por meio de sua profissão.

São histórias como esta que marcam o Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro. A pandemia  causada pelo coronavírus ressaltou ainda mais a importância dos médicos para a sociedade. Heróis da vida real, esses profissionais se doam arduamente todos os dias, muitas vezes exercendo longas jornadas de trabalho e, principalmente hoje, estão na linha de frente no combate ao vírus que já vitimou mais de 152 mil pessoas no Brasil.

O Sindicato dos Médicos de São Paulo contabilizou 244 médicos mortos em todo o Brasil em decorrência da Covid-19, no período de 22 de março a 2 de setembro. “Como toda a população, um grande número de médicos brasileiros vem contraindo a Covid-19. Felizmente, a maior parte tem se recuperado, mas ocorreram óbitos e há os que desenvolveram sequelas, além de muitos que vivenciaram a perda de entes queridos e pacientes, cujos reflexos físicos e psíquicos precisam ser avaliados”, destaca o cardiologista Antônio Carlos Chagas, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor científico da AMB.

Condições de trabalho afetam equilíbrio emocional

Para conhecer o impacto da pandemia de Covid-19 na vida dos médicos brasileiros, a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) se uniram para realizar a pesquisa PSYQUALY-COVID. O estudo vai avaliar o psicotrauma, a resiliência e a qualidade de vida dos médicos brasileiros. Os resultados irão nortear as ações das entidades médicas.

O estudo está sendo enviado para os médicos de todas as especialidades e de todo o Brasil. Contamos com a participação de todos, independente se estejam envolvidos diretamente ou não no atendimento dos pacientes com COVID-19″, explica Lincoln Ferreira, presidente da AMB.

Segundo Marcelo Queiroga, presidente da SBC, “embora já existam algumas pesquisas sendo realizadas sobre o tema, a PSYQUALY-COVID foi estruturada com todo o rigor científico, utilizando questionários estruturados e validados para fazer o mais amplo diagnóstico do impacto psicossocial da pandemia sobre os médicos do país.”

Marcus Bolívar Malachias, coordenador da pesquisa e professor da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais pontua que são muitas as condições que podem afetar a qualidade de vida e o equilíbrio emocional desses profissionais. “Como a possibilidade de dano moral, a preocupação com a responsabilidade legal, o temor de exposição de membros da família vulneráveis à infecção, e até as transferências de locais de trabalho para atuar em ambientes não habituais. Todos esses pontos são avaliados no estudo”, aponta o cardiologista.

Já o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) de Minas Gerais, e diretor de Pesquisas da SBC, David Brasil, avalia que também tem sido fatores agravantes para os profissionais da saúde na pandemia “a instabilidade econômica das instituições médicas, devido a períodos prolongados de suspensão de atividades eletivas, o estresse gerado por demissões, licenças e cortes e a redução da remuneração em muitas especialidades”, complementa.

A pesquisadora e cardiologista Glaucia Moraes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que há diferentes perfis de atuação médica no atual contexto. “Desde aqueles que estão na linha de frente, outros que trabalham em setores diagnósticos, ou em diferentes especialidades, mas que também estão expostos ao contágio e ao estresse, até aqueles que por pertencerem a grupos de risco encontram-se afastados do trabalho”, observa.

A psiquiatra, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretora da AMB, Carmita Abdo, que também faz parte da pesquisa, afirma que “situações traumáticas podem promover diferentes respostas em cada indivíduo, havendo a necessidade de se estimar o nível de estresse pós-traumático neste grande universo de médicos do país. Por isso vamos utilizar a PSYQUALY-COVID para conhecer os reflexos desse contexto na saúde desses profissionais e assim desenvolvermos ações assertivas”, pontua Carmita Abdo.

Os resultados da pesquisa deverão ser publicados no fim desse ano. O estudo deve ser respondido exclusivamente pela classe médica. O link está disponível no site da AMB e da SBC.

Reconhecimento ao trabalho durante a pandemia

No Brasil, segundo levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), são mais de 500 mil médicos com registro ativo nos conselhos regionais. Para Edilson Bianqui, diretor de Prescrição Médica da Prati-Donaduzzi, tanto no combate ao Covid-19, quanto em outras situações clínicas desafiadoras, é elogiável a atitude desses profissionais.

Sabemos que os médicos são profissionais essenciais em nossa sociedade. É por meio de suas mãos que muitas vezes temos a significação ou a ressignificação da vida. Quem tem essa responsabilidade não pode parar e por isso, o Dia do Médico é tão importante”, ressalta.

Segundo ele, a data destaca o agradecimento de cada paciente ou familiar que foi impactado de maneira positiva por esses profissionais. ]”É uma forma de homenagear a quem se dedica ao outro, assim como estimular momentos de reflexões sobre a valorização dos que promovem a evolução para a vida”, afirma.

Homenagens em todo o Brasil

Rio tem iluminação especial no Cristo Redentor

Neste domingo, 18 de outubro, quando se comemora o Dia dos Médicos, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) promoverá uma homenagem no Cristo Redentor, um dos principais pontos turísticos do país. O monumento receberá uma iluminação especial na cor verde a partir das 18h. O objetivo é agradecer a todos os médicos do Rio de Janeiro por sua dedicação e empenho, principalmente, em 2020, com a pandemia do novo coronavírus, além de homenagear os profissionais que faleceram em decorrência da doença.

Queremos com essa homenagem abraçar todos os colegas neste momento difícil, além de oferecer uma mensagem de esperança. Sabemos que muitos precisaram deixar suas casas, para não expor suas famílias. Foram necessárias escolhas difíceis também no trabalho. Perdemos pessoas queridas. Como o Conselho que representa esta profissão, estamos orgulhosos e emocionados porque, a cada dia, uma etapa é vencida”, declarou o presidente do Cremerj, Walter Palis.

Antes da iluminação, haverá uma missa, às 17h, na capela localizada no Cristo Redentor, celebrada pelo Dom Antonio Augusto Dias Duarte, que também é médico. A cerimônia contará com a presença de diretores e conselheiros do Cremerj. O evento é restrito para convidados, respeitando todas as orientações das autoridades sanitárias.

Um minuto de aplausos no Corinthians e Flamengo

Neste domingo, a Neo Química Arena, em parceria com Corinthians e Flamengo, realizou uma homenagem aos médicos brasileiros, acrescentando ao tradicional minuto de silêncio que tem antecedido partidas do Brasileirão 2020 um minuto de aplausos – em referência aos aplausaços espontâneos que foram presenciados em diversas cidades do mundo no início da pandemia, em agradecimento à comunidade médica .

A homenagem ocorreu justamente no dia 18 de outubro, data em que se comemora o Dia Internacional do Médico. Durante a ação, os médicos dos dois clubes foram ao centro do gramado, simbolizando toda a classe médica brasileira, e foram aplaudidos por jogadores, comissões técnicas e arbitragem. Também foi exibida homenagem em vídeo à comunidade médica na Neo Química Arena, ao lado do telão onde normalmente são exibidos os torcedores virtuais.

Em função da pandemia, os jogos na arena continuam sendo realizados sem a presença física de torcedores. Mas as caixas de som contribuíram com os aplausos, amplificando a intensidade do momento.

Fachadas dos prédios de Curitiba homenageiam médicos

Em Curitiba, a partir deste domingo (18) e até terça-feira (20), mensagens em homenagem aos médicos da cidade serão projetadas nas fachadas de edifícios com palavras de agradecimento por responder ao WhatsApp, por atender às duas horas da manhã, por indicar outro colega, por ajudar a abandonar o cigarro ou a recuperar o sono e por voltar a andar, entre outros tantos motivos.

As mensagens fazem parte da campanha preparada pela Unimed Curitiba para comemorar o Dia do Médico. Com o mote “A cidade inteira tem motivos para agradecer. Feliz Dia do Médico, a campanha também tem um filme de 30” que entra hoje no ar nos canais próprios da cooperativa, além de peças para mídias digitais, impressos e OOHs que serão veiculadas até o fim deste mês.

Nossos médicos têm um cuidado muito grande com seus pacientes, que reconhecem isso no dia a dia dos consultórios, clínicas e hospitais. Aproveitamos essa sinergia entre pacientes, médicos e cooperativa para lançar essa campanha que expressa, de forma explícita, o reconhecimento da importância dos médicos para a vida da cidade”, explica Rached Hajar Traya, presidente da Unimed Curitiba.

Em Curitiba, hospitais dão “injeção de ânimo” nas equipes médicas

“Uma homenagem sem aglomeração, mas cheia de afeto”. Assim está sendo celebrado o Dia do Médico pelos profissionais de saúde dos hospitais do Grupo Marista, de Curitiba. Neste ano a data ficará marcada não apenas pela pandemia do novo coronavírus, mas por uma ação sinérgica promovida pelos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, incluindo os residentes e professores da Escola de Medicina da PUC-PR que atuam nos hospitais.

Por meio de diversas iniciativas em plataformas digitais, como o Telegram, os profissionais estão sendo impactados diariamente, desde o início do mês de outubro, por mensagens inspiradoras, denominadas “Injeção de Ânimo“. Nessa ação, os hospitais compartilham o perfil de médicos de seu corpo clínico com destaque para hobbies, inspirações e curiosidades, que vão além da rotina médica.

Além disso, foram produzidos vídeos com profissionais vinculados às instituições em duas frentes. Em uma delas, chamada “O Som que nos Toca“, músicas foram interpretadas pelos membros do corpo clínico. Como, por exemplo, a cardiologista Camila Hartmann, médica da qualidade do Hospital Marcelino Champagnat e professora da Escola de Medicina da PUCPR, que canta Vilarejo, clássico de Marisa Monte.

Já na ação “Ampliando Horizontes“, foram produzidos conteúdos técnicos, nos quais alguns convidados mostraram conhecimento complementar à atuação na área médica, desbravando algumas áreas, como finanças e marketing digital. E, para enriquecer ainda mais, o chef Guilherme Guzella produziu vídeos exclusivos para o projeto, ensinando receitas de pratos pensados para os próprios médicos executarem em casa.

Também fazem parte das ações histórias em homenagem aos médicos. Com o tema “#gratidão”, foi criado um podcast com cartas enviadas por pacientes, mostrando a importância do trabalho desses profissionais. Além disso, a instituição produziu um manifesto emocionante, com a seguinte mensagem:

A gente respira Medicina. Dia e noite vivemos pela saúde. Trabalhamos duro para continuar histórias que não conhecemos. Para que abraços sejam sempre de alegria. Para que pessoas continuem próximas. Trabalhamos por corações que não estão em nosso peito. Mas que fazem o nosso pulsar mais forte. Inspiramos confiança. Expiramos o orgulho da nossa escolha. Afinal, somos contagiados pela vida. E se nossas mãos hoje não podem se tocar, elas se estendem como nunca à sua profissão, médico do Hospital Marcelino Champagnat. Reconheço seu trabalho, Agradeço sua dedicação, Valorizo sua presença”.

Para reforçar a importância da empatia e da solidariedade, será realizada uma campanha de arrecadação denominada “Solidariedade em Dose Dupla“, na qual serão arrecadadas doações para pessoas em situação de vulnerabilidade social, entre elas pacientes do Hospital Universitário Cajuru.

Goiás comemora a data com mais médicos

Goiás tem mais do que motivos para comemorar esse Dia do Médico. De acordo com dados do Conselho Regional de Medicina (Cremego), o estado tem atualmente 16.827 médicos ativos, uma proporção de 2,37 profissionais para cada mil habitantes. O número aponta para um crescimento de 20,3% em relação a 2018, quando o número de médicos era de 1,97 médicos para cada mil habitantes no Estado. O aumento é um dos fatores que contribuem para melhorar o atendimento à população.

Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, divulgada no início de setembro de 2020, apontou que 1,2 milhão de pessoas que procuraram algum atendimento de saúde, nas duas últimas semanas anteriores à data da entrevista 90,1% o conseguiram. É o maior percentual  do país, empatado com Mato Grosso do Sul. Desse percentual, 77,3% das pessoas conseguiram atendimento na primeira vez que procuraram, enquanto no país a média é de 73,6%. 5,1 milhões (73,1%) de pessoas haviam se consultado com um médico em Goiás, nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista.

Mas, além de ter mais médicos, ter lugares preparados, com infraestrutura adequada para o bom exercício da medicina, também é um fator que promove o benefício para a comunidade médica e para os pacientes, que ganham em qualidade no atendimento. A afirmação é do presidente da Associação Médica de Goiás (AMG), José Umberto Vaz de Siqueiramédico, especialista em ortopedia. “É muito importante ter uma infraestrutura apropriada para o médico poder realizar seu trabalho. Em Goiânia percebemos que houve uma melhoria qualitativa em geral dos empreendimentos de saúde principalmente nos últimos cinco anos”, avalia. .

Para a médica e empresária Queiliane Rosa o desenvolvimento de empreendimentos que ampliem e concentrem os serviços de saúde – realização de exames, terapias complementares, farmácias e óticas, por exemplo –  é um fator que contribui para facilitar a vida do paciente e também do profissional da saúde. Ao lado dos sócios e também médicos Eldom Medeiros, Nayara Portilho e Eloise Allen, Rosa levou para o Órion Complex a Oncore, clínica especializada no tratamento de câncer. “O fator decisivo para irmos para lá foi o fato do paciente poder encontrar em um só lugar tudo o que precisa, com conforto e segurança”, detalha Queiliane.

Inaugurado em 2018, o Órion Business & Health Complex reúne centro clínico, business, shopping, hotel e um hospital de alta complexidade com gestão do Albert Einstein. Atualmente, já são cerca de 50 especialidades em atendimento e mais de 200 médicos e profissionais de saúde, e a previsão é que chegue a 1000 quando estiver em ocupação completa. No local, estão instaladas duas farmácias, uma convencional e outra de manipulação. Dois laboratórios de exames clínicos devem ser inaugurados em breve no complexo.

Com Assessorias

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