Começa por meio de um perfil fake ou o tal do catfish. Ele aparece com palavras bonitas e se transforma no “crush” perfeito, com um futuro incrível pela frente. Daqui a pouco, o príncipe encantado parte para o próximo passo: pedir ajuda financeira, afinal “quem ama, cuida”. E é aí que o sonho de um amor perfeito começa a pesar o prejuízo é grande: um rombo significativo no bolso e no coração.

Quando uma mulher conhece alguém via aplicativo de relacionamento, se envolve afetivamente e vê suas economias indo embora, o que fazer? Além da culpa e da vergonha, por muito tempo não haviam respostas rápidas sobre como resolver o problema, até que a Netflix exibiu o documentário “Golpista do Tinder” e trouxe à luz uma realidade mais comum do que se imagina.

O Dia dos Namorados levanta um alerta para as mulheres que se tornam vítimas de golpes amorosos mascarados de relação afetivas. A prática criminosa chamada de Estelionato Sentimental é uma realidade que atinge quatro entre 10 mulheres brasileiras e quem passa por essa situação não denuncia e se esconde por culpa e medo de julgamentos.

Para minimizar os riscos e apoiar as mulheres vítimas de golpistas amorosos, que agem em aplicativos de relacionamento, o hub “Era Golpe, Não Amor” abre uma porta de saída para que essas vítimas possam se informar e se reerguer emocional, judicial e financeiramente. Um coletivo social se uniu para oferecer, gratuitamente, atendimentos de terapia EMDR, orientação jurídica direcionada e orientações para colocar no ar uma vaquinha virtual para tentar reaver perdas financeiras.

Você não está sozinha: 4 em cada 10 mulheres já foram enganadas

Segundo o levantamento Golpe Amoroso Digital, conduzido pela Hibou Pesquisas, exclusivamente para o projeto “Era Golpe, Não Amor”, quatro em cada 10 mulheres já foram impactadas, de alguma forma, por golpes em aplicativos de relacionamento. A pesquisa foi desenvolvida a partir de respostas de mais de 1.200 mulheres brasileiras (março de 2022).

A lábia de golpistas atinge mulheres de todas as faixas etárias e classes sociais. Tanto é que 22% das mulheres afirmam conhecer alguém que passou por abordagem de um golpista nos aplicativos, 9% dizem que foram abordadas diretamente e perceberam na hora, e 7% foram abordadas e perceberam apenas depois de alguma interação.

Fragilizadas e envolvidas emocionalmente, elas buscam infinitas formas de agradar o “parceiro”. Os casos seguem a mesma lógica: começam com a paixão e promessas de algum futuro, passam pelo pedido “carinhoso” de apoio financeiro, e terminam com o sumiço. As abordagens do “crush” podem acontecer de diferentes formas que resultam em impacto no bolso e na saúde mental das mulheres.

Golpe financeiro e o impacto emocional

Os três golpes mais comuns relatados por elas estão, de fato, relacionados às finanças, mesmo que tenham sido bem sucedidos ou não. 53% das mulheres afirmam que o golpista pediu dinheiro emprestado; e 25% solicitou ajuda para pagar alguma conta. Outro engano sofrido pelas mulheres: 39% passaram por mentiras ou invenções sobre a vida real do “crush”.

Entre as mulheres que sofreram perdas por estelionato sentimental, 12% afirmam que perderam mais de R$5.000; 20% perderam entre R$500 e R$2.000; 10% até R$500; e 3% perderam de R$2.000 a R$5.000.

Dentre os danos emocionais, 38% das mulheres relatam que mudaram sua perspectiva quanto a conhecer pessoas pela internet; 29% desistiram de usar sites/apps de relacionamento; 14% desistiram de procurar alguém para se relacionar; 14% mudaram a perspectiva sobre conhecer novas pessoas; e 10% passaram por depressão.

“Quando veem suas economias e sua vida financeira desmoronarem por serem enganadas amorosamente, as vítimas encaram questões emocionais profundas, como depressão, ansiedade, baixa autoestima, entre outros. Infelizmente, elas sentem que foram inocentes, burras e até mesmo coniventes com o criminoso”, explica Ana Lúcia Castello, presidente da Associação Brasileira de EMDR. “A terapia focada na cura do estresse pós-traumático é uma importante ferramenta para que as vítimas possam seguir a vida e se reerguer rapidamente”, explica.

Esse crime tem nome: estelionato sentimental

Embora não exista uma lei com a nomenclatura específica para o Estelionato Sentimental, a prática criminosa é identificada pelo artigo 171 do Código Penal – ato de “obter para si ou para outrem vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.

“Por falta de conhecimento, muitas mulheres deixam de procurar o equipamento jurídico para se defenderem desse tipo de abuso e violência psicológica”, diz Silvia Chakian. “Mas existem diversos caminhos possíveis na lei. O mais importante é que as vítimas entendam que elas passaram, sim, por um crime e podem buscar a justiça”.

 “Era Golpe, Não Amor” é um hub de apoio para mulheres vítimas de golpes financeiros em relações amorosas, chamado de estelionato estelionato sentimental, que promove esclarecimentos jurídicos e acesso aos equipamentos públicos disponíveis atualmente, inicialmente em São Paulo (SP) para garantir acolhimento e suporte jurídico a mulheres vítimas de abuso emocional – inclusive financeira: a Casa da Mulher Brasileira e o NAVV. 

Serviços oferecidos pelo hub Era Golpe, Não Amor

Dados inéditos sobre o cenário do golpe financeiro em relacionamentos afetivos fornecidos por pesquisa da Hibou – empresa de pesquisa e monitoramento;

Esclarecimentos jurídicos concedidos por Silvia Chakian, promotora de Justiça e integrante da Promotoria Especializada de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar do Ministério Público de São Paulo;

Apoio e contatos para acesso a suporte jurídico gratuito da NAVV – Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência do Ministério Público de São Paulo;

Atendimento psicológico gratuito de terapia EMDR, abordagem terapêutica recomendada pela Organização Mundial da Saúde para tratamento de estresse pós-traumático. As consultas são realizadas por profissionais da Associação Brasileira de EMDR, mediante cadastro;

Dicas da Kickantecanal do projeto – plataforma brasileira de vaquinha online – para orientar e incentivar a criação de crowdfunding em busca de reaver os prejuízos com o golpe.

O hub “Era Golpe, Não Amor” é uma iniciativa da agência de comunicação FRESH PR, com a parceria da Associação Brasileira de EMDR, da Hibou Pesquisas e da Kickante. A ação conta com o apoio de conteúdo e acessos da NAVV – Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência do MPSP e Phono Filmes.

8 dicas para ficar longe dos ‘golpes do amor’

Nem todo romance é seguro. O número de pessoas vítimas dos chamados Golpes do Amor tem crescido e já aparece em alguns tribunais. A armadilha é muito simples. O criminoso cria perfis fake nos aplicativos de relacionamento e aborda possíveis vítimas com um papo envolvente.

De acordo com Francisco Gomes Júnior, advogado especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), após conquistar a confiança da vítima, o golpista promete supostas vantagens financeiras e acaba por induzi-la a fazer investimentos, transferências financeiras, além do roubo de dados, direcionamento para cliques em links maliciosos, sextorsão (convence a vítima a enviar fotos íntimas para depois chantageá-la), ou seja, tenta aplicar algum tipo de golpe.

“O fim é sempre o mesmo. O golpista após ‘conquistar’ a vítima e convencê-la, acaba por desaparecer. São golpes que podem ser evitados, mas muitas vezes as pessoas caem por inocência, distração ou impulso. É preciso desconfiar de grandes vantagens e do vitimismo nos aplicativos, as chances de ser golpe são exorbitantes e as maneiras de aplicá-los fica cada vez mais sofisticada”, explica o advogado, autor do livro ‘Justiça Sem Limites’ e sócio da OGF Advogados.

Para não cair na roubada, partindo o coração e prejudicando a conta bancária o especialista dá 8 dicas muito importantes:

1- A plataforma Google possui um aplicativo chamado Google Lens. A ferramenta permite que você pesquise a foto do perfil da pessoa, para que possa encontrar perfis com a mesma foto;
2- Leia com atenção os termos de usos dos aplicativos, alguns realizam gravações e fazem monitoramento de conteúdo, deixando o usuário mais vulnerável;
3- Ative sempre os dispositivos de bloqueio em duas etapas nos apps;
4- Desconfie daquelas pessoas que fazem juras de amor logo nos primeiros contatos insistindo para obter informações pessoais;
5- Suspeite se a pessoa pedir dinheiro emprestado ou compartilhar alguma ação de doação;
6- Não aceite um encontro imediato, prefira passar mais tempo conversando antes do encontro presencial para saber mais informações um do outro;
7- Nunca envie fotos comprometedoras. Fotos também são dados pessoais e podem ser expostas;
8- Se achar que é o momento certo, marque o encontro em local público e faça uma chamada de vídeo antes para confirmar se a pessoa é real.

“O criminoso sempre buscará um ponto fraco, um atrativo que faça com que a vítima reduza seu nível de atenção e por impulso tome uma atitude que se pensasse com calma certamente evitaria. O fim não precisa ser o mesmo. Desconfie, pesquise e caso seja vítima de algum golpe, denuncie registrando um boletim de ocorrência com todas as provas existentes”, conclui o especialista.

Era Golpe, Não Amor

“Nós como instituto de pesquisa, acreditamos que os números devem ser ainda maiores, pois muitas mulheres ainda têm vergonha de expor esse tipo de situação. É o momento para ajudar e encorajar mulheres a percorrerem o caminho da superação e recuperação”, afirma Lígia Mello, sócia da Hibou e responsável pela pesquisa inédita.

“A Kickante tem como premissa ajudar pessoas a levantarem fundos para os mais variados propósitos. Oferecer a possibilidade de resgate financeiro a mulheres vítimas de golpes como o estelionato sentimental faz todo sentido para nós. Por isso entramos nessa iniciativa com um canal específico onde as interessadas podem criar suas campanhas de forma gratuita e confiável”, diz Candice Pascoal, fundadora e CEO da Kickante.
“A FRESH PR é uma agência de comunicação liderada por mulheres que promovem o trabalho de relações públicas com propósito. Esta iniciativa nasceu da urgência de fazermos a diferença na vida de mulheres vítimas de golpes financeiros em relacionamentos amorosos. Temos como objetivo, usar a expertise do PR para despertar a atenção delas para a prática de estelionato sentimental, e oferecer informações e suporte psicológico”, diz Desiree Hamuche, sócia da FRESH PR.

Saiba mais

Portal Era Golpe, Não Amor
Instagram: eragolpenaoamor
Canal “Era Golpe, Não Amor, na Kickante
Vídeo da campanha
Acesso à pesquisa na íntegra
Baixar infográfico em alta resolução

 

 

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