Com 27 anos de carreira e mais de 29 CDs gravados, com grande sucesso em todo o Nordeste, o cantor e compositor de forró Adelmario Coelho é um exemplo de como a atividade física traz benefícios para a saúde. Aos 68 anos, ele pratica caminhada, corrida e musculação, com apoio de um cardiologista e um personal trainer. O artista baiano é acompanhado da mulher e dos filhos nos exercícios e também estimula os amigos.

“A atividade física é minha meta de vida, é a primeira missão ao me levantar pela manhã. Se não fosse por ela, eu seria um doente. O exercício me dá muita força, disposição e entusiasmo para subir ao palco e fazer três horas de show. Quando eu encontro alguém desanimado, brinco que vou oferecer um tênis para ele começar a caminhar ou ir para academia porque eu conheço os resultados”, diz.

De fato, a atividade física é fundamental para o pleno desenvolvimento humano e deve ser praticada em todas as fases da vida e em diversos momentos, como preconiza o Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Neste Dia Mundial da Atividade Física (6/4), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) ressalta a importância dos exercícios, principalmente para o sistema cardiovascular e cardiorrespiratório.

Benefícios para a saúde do coração

A atividade física reduz a probabilidade de diabetes, melhora o controle da hipertensão arterial e a saúde mental, aumenta a força, a flexibilidade das articulações, a coordenação e o equilíbrio. “Quanto mais envelhecemos, mais benefícios temos com as atividades físicas. Por isso, elas devem fazer parte da nossa vida, diariamente”, expõe Valdir Pereira Aires, membro do Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular (DERC) da SBC.

Especificamente sobre o coração, a atividade física melhora a capacidade cardiorrespiratória, ou seja, quem pratica regularmente reduz a probabilidade de doenças vasculares e aumenta a expectativa de vida. O exercício físico também aumenta a vasodilatação arterial, reduz a possibilidade de deposição de gorduras nos vasos e diminui a inflamação da parte interna dos vasos (endotélio), ajudando a evitar o processo de aterosclerose.

“O exercício físico faz com que tenhamos o coração mais saudável, com maior força de contração do ventrículo esquerdo, contribuindo, dessa forma, para a obtenção de maior longevidade e melhor qualidade de vida”, reforça Aires.

OMS: 150 a 300 minutos de exercícios físicos moderados por semana

Para sair da faixa de sedentarismo, ideal é praticar de 150 a 300 minutos de exercícios físicos moderados por semana, aponta OMS (Foto: Divulgação)

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para sair da faixa de sedentarismo, o ideal é praticar de 150 a 300 minutos de exercícios físicos moderados por semana, como andar na esteira a 6 km por hora ou jogar uma partida de tênis, em dupla. No caso de exercícios físicos vigorosos, a recomendação é a prática de 75 a 150 minutos por semana, como correr ou pedalar na bicicleta ergométrica por 30 minutos.

 “A periodicidade deve ser no máximo em dias alternados, mas eu aconselho que se faça pelo menos cinco vezes na semana. Importante lembrar que, além dos exercícios físicos aeróbicos, deve-se praticar exercícios físicos resistidos, chamados de musculação, que aumentam a força e a massa muscular, contribuindo para o aumento da densidade óssea e reduzindo a probabilidade de quedas e fraturas, principalmente nos idosos”, conta Aires.

Pessoas doentes também podem praticar exercícios?

E no caso de doenças? Elas poderão impedir a realização de atividade física?  Para Aires, no caso de doenças agudas, não existe dúvida que o exercício deverá ser evitado, considerando que, no curso desse tipo de enfermidade, todas as energias do organismo se voltam para saná-la.

Sobre as doenças crônicas em geral, incluindo as cardíacas, o médico cardiologista deverá avaliar a integridade do sistema cardiovascular através de uma avaliação pré-participação para os exercícios físicos, em uma tentativa de identificar e afastar condições que sejam consideradas “gatilhos” que imporiam riscos para o desenvolvimento de arritmia cardíaca e/ou isquemia miocárdica. Portanto, é necessário realizar uma prévia avaliação cardiológica ao retorno das atividades físicas, para estabelecer limites seguros.

Em casos de gripe ou Covid-19, o exercício físico não deve ser feito durante o curso da doença. “Geralmente após 14 dias de Covid-19 de forma leve sem sintomas, ou 14 dias após a pessoa ter tido um teste positivo e continuado sem sintomas, o retorno aos exercícios físicos deverá ser precedido por uma avaliação cardiológica, inclusive para afastar qualquer sinal sugestivo de miocardite. Confirmando a ausência de qualquer alteração cardiológica, o retorno às atividades físicas será permitido, de forma leve e gradual”, recomenda Aires.

Estimular a prática de exercícios ainda é um desafio

Apesar das inúmeras recomendações, o grande desafio é motivar as pessoas à prática regular de exercícios. “Tenho feito isso no meu consultório diariamente e, infelizmente, no próximo retorno anual, o paciente confessa que não seguiu as minhas orientações, continuando ainda na condição de sedentário. A missão da Comissão de Promoção da Saúde Cardiovascular da SBC é, justamente, informar a comunidade sobre os benefícios dos exercícios físicos e os malefícios do comportamento sedentário”, ressalta o médico.

Em 2018, a OMS lançou o plano de ação global para a atividade física 2018-2030, cujo objetivo é fazer com que todos os países reduzam a inatividade em 15% até 2030. “As pessoas precisam avaliar se estão cuidando da sua saúde apropriadamente. Neste Dia Mundial da Atividade Física, entre outras ações, a SBC vai divulgar vídeos para levar essa mensagem à sociedade. Se a atividade física fosse praticada, muitas mortes seriam evitadas”, salienta Aires.

Da SBC, com Redação

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