O termo reumatismo é usado genericamente para se referir as mais de 200 doenças que afetam articulações, ligamentos, esqueleto e músculos. Elas são as principais responsáveis por afastamento no trabalho ou aposentadoria precoce. Muitas doenças reumáticas são crônicas, o que significa que persistem ao longo do tempo. Elas podem acometer igualmente crianças, jovens, adultos, homens e mulheres.

Com a proximidade do verão, portadores de doenças reumáticas se preocupam, afinal o clima quente pode afetar os sintomas reumatológicos de diversas maneiras, sendo que esses impactos variam de acordo com o tipo específico de condição e as características individuais de cada paciente. Devido aos dias quentes é possível notar mudanças de comportamento em pessoas com reumatismo.

Aumento da transpiração, impacto na qualidade do sono e mudanças na atividade física, são uns dos hábitos que se alteram durante a estação mais quente do ano e que influenciam no controle das doenças” explica a médica reumatologista Cláudia G. Schainberg.

Impactos do calor nas pessoas com doenças reumáticas

Algumas das influências do calor mais comuns em portadores da doença reumática são:

Desidratação e sintomas secundários: Temperaturas elevadas podem aumentar o risco de desidratação, o que intensifica a sensação de fadiga, uma queixa comum em muitas doenças reumáticas.

Inflamação articular: O calor pode contribuir para o aumento da inflamação nas articulações, agravando a dor e a rigidez em pessoas com condições como artrite reumatoide e osteoartrite.

Intolerância a medicamentos: Em climas quentes, algumas pessoas podem ter intolerância a medicamentos, especialmente aqueles que afetam a regulação térmica do corpo, o que pode impactar o tratamento eficaz.

Desconforto cutâneo: Pessoas com condições reumáticas, como a Síndrome de Sjögren, podem experimentar secura cutânea agravada pelo calor, resultando em desconforto adicional.

A especialista alerta que em casos de anormalidade ou piora do estado físico o ideal é visitar um médico reumatologista, que avaliará e indicará os procedimentos corretos que devem ser seguidos.

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Depressão e ansiedade afetam pessoas com doenças reumáticas

Pessoas com doenças reumáticas enfrentam um impacto significativo na qualidade de vida

Poucas pessoas sabem que transtornos mentais podem ter ligação também com doenças reumáticas. Sintomas de ansiosos e depressivos como mudanças de humor, estresse, incerteza em relação ao futuro, fadiga e medo são comuns na vida de pessoas com reumatismo.

O efeito da ansiedade em pessoas com artrite reumatoide, fibromialgia e outras doenças podem prejudicar a qualidade de vida e até mesmo na evolução do tratamento”, diz a médica reumatologista. “O distanciamento da sociedade e de atividades físicas faz com que as pessoas convivam com dores que podem parecer mais intensas e os sintomas físicos mais aflorados, gerando mais dificuldade nas atividades do dia a dia”, ressalta.

É de extrema importância se atentar aos aspectos físicos da doença, mas é preciso cuidar das relações emocionais envolvidas. O reumatologista deve encaminhar a pessoa a um profissional de saúde mental para realizar o suporte e acompanhamento.

A ajuda e incentivo de familiares e amigos são fundamentais, porém muitos querem ser independentes e não querem receber ajuda, sendo assim o espaço da pessoa deve ser respeitado, mas sempre com um acompanhamento adequado”, finaliza Schainberg.

Dia Nacional de Luta Contra o Reumatismo

O alerta chama atenção neste dia 30, quando é comemorado o Dia Nacional de Luta Contra o Reumatismo. Em média, 60 milhões de pessoas sofrem com dores crônicas no mundo, sendo boa parte delas associadas aos sintomas causados por doenças reumatológicas. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), cerca de 15 milhões de brasileiros são acometidos por essa categoria de doenças.

As doenças reumáticas ou reumatológicas caracterizam-se por comprometer o sistema músculo-esquelético, como cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Algumas doenças reumáticas podem, ainda, comprometer outras partes e funções do corpo, como rins, coração, pulmões, olhos, intestino e até a pele.

Existe mais de uma centena de doenças reumáticas. Entre as mais comuns estão a osteoartrite (também conhecida como artrose), fibromialgia, osteoporose, gota, tendinites e bursites, febre reumática, artrite reumatoide, lupus eritematoso sistêmico, Síndrome de Sjogren e outras patologias que acometem a coluna vertebral.

 

 

Diagnóstico precoce de doenças reumatológica

Para a médica reumatologista Cláudia Goldenstein Schainberg, a principal preocupação no combate as doenças reumáticas, está na falta de diagnóstico e tratamento precoce, que pode levar à perda de qualidade de vida e incapacidade física.

A maioria das doenças reumáticas tem como manifestações iniciais a dor persistente e o inchaço nas articulações. Essa dor pode surgir como uma espécie de fisgada ou pontada ao realizar tarefas e movimentos simples, como por exemplo manejar um garfo ou faca para se alimentar ou subir escadas”, explica a médica.

Situações como esta causam dificuldades que podem afetar o dia a dia e até mesmo atividades no trabalho dos pacientes. De fato, hoje as doenças reumáticas estão entre as principais causas de afastamento e aposentadoria precoce por doença.

O ideal é procurar um médico especializado para diagnosticar, tratar e nortear quanto à realização de atividades adequadas. A melhor forma de se cuidar é, sem dúvidas, seguindo as orientações do seu médico, praticar exercícios físicos, manter uma boa alimentação leve e colorida, somada a um estilo de vida saudável”, conclui a especialista.

Evelyn Calleia, reumatologista da clínica Felippe Mattoso, explica que as doenças reumatológicas são, em geral, crônicas, necessitando de medicamentos e/ou fisioterapia por longos períodos de tempo (às vezes, por toda a vida). Atualmente existem variados recursos para diagnóstico e tratamento das patologias reumatológicas.

Estas devem ser acompanhadas de modo adequado para evitar os riscos de deformidades físicas e até mesmo risco de vida (no caso de doenças com envolvimento de outros órgãos, além das próprias articulações)”, frisa a médica.

Segundo ela, sendo detectadas no início, é possível melhorar os sintomas e minimizar os impactos gerados na saúde e qualidade de vida do indivíduo. “Dor, vermelhidão, edema, rigidez das articulações são os sintomas mais comuns, podendo também ocorrer febre, lesões avermelhadas em pele, emagrecimento, queda de cabelo”, alerta ela.

A reumatologista explica também que os exames diagnósticos variam de acordo com a suspeita clínica, podendo ser exames de sangue, de imagem (radiografia, tomografias, ressonância magnética etc) e biópsias. “No entanto, há doenças cujo diagnóstico é clínico, ou seja, não há nenhum exame laboratorial específico”, enfatiza.

Dra. Evelyn esclarece que há doenças específicas que ocorrem em diferentes faixas etárias. “Boa parte delas tem o envolvimento do sistema imunológico, que se encontra ativo em nosso organismo durante toda a nossa vida, por isso há doenças que se manifestam em jovens”, alerta.

Segundo a médica, a prática de atividades físicas beneficia grande parte dos pacientes, devendo ser o planejamento individualizado. A seguir, Dra. Evelyn dá algumas orientações para quem tem dores reumáticas:

a) Dores articulares persistentes sem história de traumatismo anterior devem ser investigadas inicialmente pelo reumatologista
b) Os tratamentos não devem ser interrompidos sem o conhecimento do médico assistente
c) Manter uma dieta saudável, evitar o sobrepeso, evitar o tabagismo e bebidas alcóolicas

Biotecnologia e inteligência artificial prometem detecção precoce

Os exames laboratoriais são ferramentas essenciais no diagnóstico e tratamento e as evoluções, como testes baseados em imunofluorescência e algoritmos de Inteligência Artificial (IA), aumentam a sensibilidade e a especificidade dos exames. Quanto mais cedo o tratamento, mais chances de evitar danos permanentes e até alcançar a remissão das doenças

A identificação precoce de doenças reumatológicas é fundamental para garantir um tratamento eficaz e prevenir danos permanentes. Exames laboratoriais, como fator reumatoide (FR) e anticorpos antinucleares (ANA ou FAN), desempenham um papel central no diagnóstico de condições como artrite reumatoide (AR) e lúpus eritematoso sistêmico (LES).

Segundo Cristóvão Mangueira, médico reumatologista e patologista clínico, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), os exames laboratoriais são essenciais não apenas para estabelecer diagnósticos, mas também para diferenciar doenças com sintomas semelhantes, como AR, LES e síndrome de Sjögren. “A detecção precoce pode fazer toda a diferença na abordagem terapêutica”, ressaltou.

Os avanços em biotecnologia também têm revolucionado o diagnóstico. De acordo com Mangueira, testes baseados em imunofluorescência associados a algoritmos de Inteligência Artificial (IA) estão se tornando ferramentas valiosas, aumentando a especificidade e a sensibilidade dos exames.

Essas inovações têm potencial para acelerar o diagnóstico e facilitar a identificação de padrões complexos, utilizando também perfis multiplexados de autoanticorpos”, ressalta o médico.

A detecção precoce dessas doenças permite intervenções rápidas que podem reduzir significativamente o risco de danos articulares e comprometimento de órgãos vitais. “Com o tratamento adequado, é possível controlar a atividade da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, aumentando suas chances de remissão”, conclui Mangueira.

Com assessorias

 

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