Dizem que amor de Carnaval é fantasia e dura poucos dias, mas se o ditado é realidade para a maioria ou não, o fundamental é que o feriado não seja motivo de transtornos futuros. A diversão do momento, embalada por festas, maior oportunidade de relacionamentos e uso de bebidas alcoólicas, faz com que homens e mulheres sejam menos cuidadosos durante as relações sexuais e, consequentemente, aumente a disseminação de doenças e infecções sexualmente transmissíveis (IST).

As ISTs estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que 40 mil novos casos de doenças como HIV, sífilis e hepatite são diagnosticados por ano. Esses números aumentam em períodos festivos, como o carnaval, que pode favorecer o aumento do consumo de álcool e drogas e com isso a redução de métodos contraceptivos, como preservativos. Esse comportamento facilita a transmissão de infecções sexuais graves, como Sífilis, HPV, HIV, Herpes Genital, Gonorreia e as Hepatites B e C.

Em geral, as ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) são causadas por vírus e bactérias, transmitidas principalmente durante o ato sexual sem proteção com pessoa infectada. Em muitos casos, o resultado é o aparecimento de feridas, corrimentos, bolhas e verrugas, que podem evoluir para complicações mais graves como câncer e até a morte”, explica o infectologista Alberto Chebabo, do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica, laboratório da Dasa.

Porém, esclarece, existem infecções que são assintomáticas e, por essa razão e pela gravidade, são recomendados, além da prevenção, o diagnóstico e o tratamento o mais rápido possível. Ele ainda faz um alerta para a subnotificação das doenças. No Brasil, segundo ele, apenas os casos de HIV e Sífilis são de notificação obrigatória ao Ministério da Saúde, o que coloca em risco a precisão das estatísticas e minimiza a real dimensão de contágio. Esses fatores são um desafio para o controle destas doenças e para o acesso ao diagnóstico precoce.                                                                                                                                                                                 

Camisinha é a melhor forma de evitar

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) pouco mais da metade dos jovens entre 15 e 24 anos usa preservativo na relação com parceiros eventuais, método mais eficaz para inibir as ISTs, tanto para sexo vaginal quanto oral e anal.

De acordo com Renato de Oliveira, ginecologista e infertileuta da Criogênesis, as IST’s podem surgir de atividade sexual desprotegida e estado imunológico. “A camisinha reduz significantemente as chances de contaminação. Portanto, é extremamente importante usá-la no sexo vaginal, anal e oral.

No entanto, vale lembrar que algumas doenças, como o vírus do HIV e da hepatite B podem ser transmitidas por outras maneiras, como por objetos cortantes contaminados. Já no caso do HPV, a transmissão pode ocorrer por meio de objetos contaminados”.

O uso de preservativo masculino ou feminino em todas as relações sexuais e a redução do número de parceiros ainda é a melhor forma de prevenir as IST”, comenta Silvana Quintana, professora livre docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

A médica destaca ainda outras formas de prevenção, como vacinas para o HPV (Papiloma Vírus Humano) e hepatite B, e exames diagnósticos. “Mesmo com a vacinação, o uso de preservativos não deve ser descartado, pois previne outras infecções. A detecção precoce dos agentes causadores de IST também é uma forma de prevenir, pois interrompe a cadeia de transmissão. Sem falar que tratamentos têm melhores resultados quanto antes forem iniciados”, completa.

Outras formas de doenças transmitidos pelo sexo sem proteção

A possibilidade de realizar a profilaxia pós-exposição ao vírus HIV tem sido apontada por especialistas como um dos motivos para a queda da prevenção entre jovens e adultos. A Aids é uma das doenças que mais assusta, porém, outras IST também podem causar sérios danos à saúde, principalmente por serem assintomáticas e receberem diagnósticos tardios.

Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, a clamídia é a IST mais comum no mundo. Corrimento amarelado e espesso, dor abdominal e queimação ao urinar são alguns dos sinais. No entanto, a doença é assintomática para cerca de 80% das mulheres. O risco está na grande probabilidade de propagação e na possibilidade de parto prematuro, complicações e até morte do bebê durante a gestação.

Já a sífilis apresenta três estágios, com agravamento do risco conforme evolução. No início, costuma apresentar lesões como caroços rosados que geralmente desaparecem em algumas semanas. A infecção, no entanto, permanece latente e pode voltar a se manifestar e agravar a qualquer momento.

O herpes genital pode se tornar uma herança para a vida toda: não tem cura, apenas tratamento para as crises, geralmente desencadeadas por diminuição da imunidade ou estresse. Também da família herpes e catapora, o citomegalovírus (CMV) é um vírus que pode ser contraído por meio da relação sexual. A doença apresenta grandes riscos para o feto cuja mãe foi infectada na gravidez, pacientes imunossuprimidos e transplantados.

A hepatite B também é uma IST porque o vírus está presente no sangue e esperma. Afeta principalmente o fígado e os sintomas podem demorar até seis meses para aparecer. A boa notícia é que a doença pode ser prevenida com vacina.

Outra infecção de transmissão sexual bastante frequente em todo o mundo é o Papiloma vírus humano (HPV) e a forma mais eficaz de prevenção também é a vacinação, que protege contra os principais tipos do vírus e deve ser administrada, preferencialmente, antes do início da atividade sexual.

Mulheres são mais vulneráveis

“Infecções sexualmente transmissíveis que persistem ou retornam, fazendo grande número de vítimas, sugerem que a população brasileira baixou a guarda e deixou de reconhecer a importância do sexo seguro. Exames e tratamentos de baixo custo levam a acreditar que a prevenção não é essencial. Há ainda o equívoco de pensar que apenas pessoas com hábitos sexuais promíscuos podem se infectar”, alerta Chebabo.

Se o paciente tiver se exposto ao risco, o ideal é que procure um médico imediatamente para realizar exames diagnósticos e receber acompanhamento. Hoje em dia, podemos contar com testes moleculares que apresentam resultados mais rápidos e mais precisos”, destaca a ginecologista.

Exames moleculares conseguem detectar patógenos em amostras de locais onde nem sempre o agente infeccioso é percebido com facilidade, o que confere maior precisão nos resultados e avaliação de uma ampla gama de agentes infecciosos em uma única amostra.

Testes baseados na tecnologia de PCR em tempo real podem detectar, em alguns casos, o DNA do agente patológico mesmo que a pessoa não tenha desenvolvido a doença. Além disso, os resultados costumam ficar prontos em algumas horas”, revela Lucas França, responsável pelo laboratório da Mobius Life Science. Resultados rápidos garantem tratamento precoce e ajudam a impedir que a doença seja transmitida para outros parceiros.

A ginecologista também alerta para a eficácia dos exames moleculares na detecção precoce do HPV, o que consequentemente ajuda a prevenir a doença pré-câncer de colo uterino: “Vale ressaltar que no início da vida sexual da mulher a infecção por HPV é muito frequente, porém sua incidência reduz significativamente após os 30 anos. O ideal é realizar os testes de biologia molecular apenas em mulheres mais velhas, evitando assim resultados positivos e intervenções desnecessárias antes do recomendado”, comenta Dra. Silvana.

As mulheres, mais do que os homens, devem estar atentas e redobrar os cuidados, já que os sintomas de algumas ISTs se confundem com as reações comuns de seu organismo”, finaliza Chebabo.

Quatro dicas para prevenir as ISTs

Para aproveitar os dias de folia sem preocupação e com a saúde em dia, o ginecologista Renato de Oliveira recomenda quatro passos. Confira:

Use camisinha – Segundo a Organização Mundial da Saúde, a camisinha é um dos métodos mais efetivos para prevenir as infecções sexualmentetransmissíveis. “Apesar de o preservativo masculino ser o mais utilizado, o feminino também é eficaz. Os dois tipos de preservativo estão disponíveis de graça em qualquer serviço de saúde do SUS”, recomenda Renato.

Mantenha a vacinação em dia – As vacinas garantem a prevenção contra o HPV e a Hepatite B. “O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina quadrivalente, usada na prevenção contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Na rede pública de saúde, ela está disponível para meninos com idades entre 11 a 13 anos e meninas de 9 a 14 anos. Já a vacina contra a Hepatite B está disponível para todos”.

Não compartilhe objetos íntimos – Escovas de dentes, batom, copos, talheres, lâminas, tesouras ou outros objetos de uso pessoal não devem ser compartilhados, pois algumas doenças são transmitidas pela corrente sanguínea e uma pequena quantidade de sangue já é suficiente para causar a infecção.

Cuide da higiene – Algumas doenças podem ser transmitidas pela saliva. “Para se prevenir, escove os dentes, no mínimo, três vezes ao dia para afastar as bactérias e se alimente de forma adequada a fim de garantir as vitaminas adequadas para que o corpo resista a possíveis infecções”, finaliza.

ISTs EM NÚMEROS: RADAR DASA DA SAÚDE

Close-up of Woman Holding CondomSífilis

O Brasil vive uma epidemia de Sífilis. Não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas um desafio mundial controlar a disseminação  da doença, que acomete 12 milhões de pessoas no planeta. A causa pode ser atribuída ao descaso quanto ao uso de preservativos. A detecção da doença é rápida, simples e disponível gratuitamente na rede pública de saúde e em laboratórios de análises clínicas.

Segundo o Ministério da Saúde, desde 2014, o número de pessoas infectadas aumentou 32,7%: as taxas que em 2001 eram de 2,1 casos por 100 mil pessoas passaram, em 2015, a 7,5 casos. Entre 2016 e 2017 houve um aumento de notificação de 31,8%, de acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

A Sífilis adquirida aumenta entre os brasileiros mais jovens e mulheres. Nos laboratórios Dasa – empresa líder brasileira em medicina diagnóstica, segundo o estudo Radar Dasa da Saúde, os exames para detecção estão concentrados nas faixas etárias de 25 a 45 anos de idade. Entre janeiro e agosto de 2018, foram realizados 576.872 testes, um crescimento de 28% com relação ao mesmo período em 2017.

Aids

Cresce de forma acelerada a detecção de novos casos de infecção por HIV (na soma de Sinan, SIM e Siscel/Siclom) e a explicação do fenômeno está atrelada à notificação compulsória, desde 2014, às políticas de detecção precoce da infecção e ao acesso ao tratamento a todos os portadores do vírus ao Programa Conjunto das Nações Unidas. Em 2016, cerca de 827 mil pessoas viviam com o HIV no País e aproximadamente 112 mil brasileiros têm o vírus, mas não sabem.

Em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos de infecção por HIV e o vírus acomete mais que o dobro de homens; a razão entre sexos foi de 26 homens para cada 10 mulheres, sendo que a maioria dos casos está na faixa de 20 a 34 anos. E, nos últimos 10 anos a taxas de detecção entre brasileiros até 14 anos de idade caíram, em ambos os sexos, porém aumentaram em mulheres acima de 60 anos.

Nos laboratórios Dasa, os exames de detecção de infecção por HIV predominam entre mulheres, com destaque para o número de jovens adultas, três vezes maior que em outras faixas etárias. Homens de 60 anos ou mais são testados para HIV/AIDS quase na mesma proporção que jovens e adultos, de 16 a 24 anos de idade. Isso tem a ver com o crescente aumento de idosos infectados pelo vírus no país.

HPV

Na Dasa, as mulheres entre 25 e 44 anos são as que mais realizam exames para detecção do HPV. O vírus está associado ao câncer de colo de útero e, segundo o INCA, cerca de 16 mil mulheres podem ter morrido no Brasil em 2018 pela doença. Entre os homens, o HPV é causador de câncer genital e de ânus, que vitimou, em 2016, 408 homens (câncer de pênis) e 140 (câncer do ânus). Além disso, também está associado ao câncer de boca e garganta.

Hepatites B e C

A hepatite viral do tipo B tem transmissão predominantemente sexual e junto com a hepatite C, que também pode ser transmitida sexualmente, representam 71% dos casos da doença. Dos casos notificados no Brasil, entre 1999 e 2017, 37,1% eram de hepatite B e 34,2% hepatite C. A hepatite C é responsável pela maioria dos óbitos e a terceira maior causa de transplantes de fígado; já a hepatite B, cuja forma de contágio é semelhante ao HIV – por via sexual, contato com sangue, durante a gravidez e parto – é muito contagiosa e pode evoluir de forma assintomática assim como a hepatite C e precisam ser detectadas para evitar danos ao fígado ao longo do tempo.

De 2007 a 2017, a Hepatite C teve crescimento gradual e a mudança de critério de notificação, que leva em conta apenas um dos dois reagentes – e não mais a dupla detecção dos marcadores antiHCV ou HCV-RNA – levou ao salto em detecção.

Todas as faixas acima de 39 anos de idade tiveram aumento na detecção nos 10 anos de análise, em particular entre pessoas de 60 anos de idade ou mais – a taxa passou de 4,4 casos para 7,4 casos para cada 100 mil habitantes. A maior detecção entre homens em 2017 ocorreu entre 45 a 49 e 50 a 54 anos (15,1 e 15,0 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente).

A Hepatite C, o tipo de maior gravidade entre as hepatites virais, de maior fatalidade e incidência, preocupa o poder público e também os serviços privados de saúde.  Em 2017, a faixa etária mais afetada pela Hepatite C foi de 55 a 59 anos, para ambos os sexos. No entanto, a detecção entre os homens (42,4 casos por 100 mil homens) é quase o dobro da detecção entre mulheres (25,2 casos por 100 mil mulheres).

Nos laboratórios Dasa, exames para detecção de hepatite C somaram 787.517 em 2018. E assim como para Hepatite B, a proporção de homens e mulheres que solicitam exames é de um homem para cada duas mulheres. Importante destacar que as informações de exames realizados nos laboratórios da Dasa não representam estatisticamente a totalidade da população brasileira.

Da Redação, com Assessorias

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