Esse tempo será muito maior se considerarmos a raça/etnia, a localização geográfica e as mulheridades. Além disso, mulheres são mais afetadas por transtornos de ansiedade do que homens, muitas vezes devido à dupla jornada de trabalho. No Brasil mulheres gastaram quase o dobro de tempo que os homens em afazeres domésticos.
Com a proposta de debater a equidade de gênero na saúde, um tema urgente e inadiável, a Women in Global Health Brazil realizará seu primeiro seminário no dia 28 de março, no Anfiteatro João Yunes da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), reunindo líderes, especialistas e gestoras públicas.
Com o tema “Desafios para as Mulheres na Saúde: do local ao global”, o seminário buscará explicitar desafios enfrentados pelas mulheres no campo da saúde global, da ciência, das tomadas de decisões e da formação profissional, além de discutir a relação mulheres, carreira e cuidado, destacando a importância da Política Nacional de Cuidados.
O seminário trará uma análise profunda sobre avanços, desafios e possibilidades de soluções, com vozes de especialistas nacionais e internacionais, para uma discussão com olhares de mulheres negras, indígenas, trans, jovens e experientes em seus campos de atuação.
Março é um mês especial para as mulheres em todo o mundo, um período para reafirmarmos o compromisso com a equidade, os direitos e as oportunidades que ainda precisam ser ampliadas. É hora de transformar essa realidade. Em um mundo em que os direitos e as possibilidades das mulheres têm estado em constante risco é preciso reconhecer os avanços e (re)construir estratégias de ação coletivas e colaborativas para resistir e avançar”, diz Laurenice Pires, vice-presidente da Women in Global Health Brazil
Segundo ela, o seminário é uma oportunidade única de ouvir mulheres que estão moldando políticas e pesquisas no Brasil e no mundo para o enfrentamento dos desafios para as mulheres na saúde, do local ao global. “Buscamos mulheres com diferentes experiências e olhares para construirmos o esperançar de um SUS de fato equitativo, integral, universal e sensível ao gênero“, completa.
O evento contará com a presença de nomes de peso na política, na ciência e na gestão pública, como Cristina Araripe, pesquisadora da Fiocruz; Clician do Couto Oliveira, economista do IBGE; Deisy Ventura, do Programa de Pós-Graduação Saúde Global e Sustentabilidade (USP); Maricelma Fialho, embaixadora One Young World, especialista em saúde indígena e Nicoletta Dentico, da Sociedade para o Desenvolvimento Internacional (Roma/Genebra). Também participam as secretárias de Mulhres dos estados do Rio de Janeiro, Heloísa Aguiar, e Ceará, Lia Gomes.
Sobre a Women in Global Health Brazil
Iniciada em 2015, a rede global Women in Global Health (WGH), dedicada a alcançar a igualdade de gênero na liderança em saúde, cresceu exponencialmente. Até o início de 2024 eram 58 capítulos em 53 países, com mais de 6.500 membros e 110.000 apoiadores englobando enfermeiras, parteiras, médicas, profissionais de saúde pública, formuladores de políticas de saúde, agentes comunitários de saúde, pesquisadores, farmacêuticos e agentes de saúde do setor privado que tem desafiado o poder e o privilégio para a equidade de gênero na saúde.
Esse crescimento reflete a força transformadora da união feminina, demonstrando como sonhos alinhados a um propósito podem gerar impacto real e além-fronteiras. Acreditamos que quando unimos nossas vozes, criamos um eco poderoso que ressoa por todos os espaços, exigindo justiça, igualdade e respeito. Não somos apenas dados em uma pesquisa. Somos força em movimento, inteligência em ação e diversidade que transforma”, diz a ativista.
A Women in Global Health Brazil integra desde 2022 a rede global. No Brasil, o movimento foi iniciado por Flávia Virginio, Gabriela Borin, Janessa Morgado, Laurenice Pires e Luana Tanaka, a convite da WGH Global. O objetivo é promover a igualdade de gênero fomentando condições dignas de trabalho e apoiando mulheres a alcançarem paridade na liderança e tomada de decisões no sistema de saúde brasileiro, a fim de torná-lo responsivo ao gênero.
Visamos alcançar um sistema de saúde equitativo para mulheres, com oportunidades profissionais asseguradas em espaços de tomada de decisões independente de gênero, idade, deficiência, etnia, raça, religião, condição social”, afirma Magda Robalom diretora executiva interina da Women in Global Health Brazil;
Desde seu início, o capítulo brasileiro da Women in Global Health participou anualmente da Assembleia Mundial de Saúde, da Assembleia Geral das Nações Unidas, de grupos de trabalho no C20, de discussões sobre Cobertura Universal de Saúde, sobre sistemas de saúde sensíveis ao gênero, o papel das mulheres na saúde global, formação de liderança junto a outros capítulos da WGH.
Por meio de participações em eventos estratégicos nacionais e internacionais e publicações de artigos, a organização busca contribuir para um sistema de saúde mais equitativo e diverso, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com destaque para o de saúde (3), equidade de gênero (5), parcerias e meios de implementação (17) e Igualdade Étnico-Racial (18).
Somos moldadas por histórias de luta, superação e determinação. Nossa causa vai além de números e estatísticas, ela diz respeito a vidas, trajetórias e conquistas reais. Cada passo rumo à equidade de gênero na saúde nos aproxima de um futuro mais justo, inclusivo e sustentável”, conclui.