Fernanda Cardoso descobriu a doença renal aos 17 anos. Chegou a fazer transplante de rim, doado pela mãe, que era compatível. Mas meses depois o rim transplantado parou de funcionar e ela precisou voltar para a hemodiálise. Há sete anos, Fernanda chegou a engravidar, de gêmeas, mas as bebês não resistiram ao parto prematuro de 22 semanas de gestação. A cerimonialista não desistiu. Dois anos depois descobriu nova gravidez, apesar de saber que ovular, no seu caso, era raro.
O filho de Fernanda se chama David e está com cinco anos. É um menino saudável e cheio de vida. Ela revela, emocionada, que encapar livros e levá-lo pra escola são coisas simples de mãe que ela pensou que nunca teria a chance de fazer. “Para mim foi a realização de um sonho. Uma combinação de fé, disciplina e qualidade no cuidado”, conta ela, que é personagem da segunda matéria da série ‘Empoderadas’, que ViDA & Ação traz esta semana em homenagem a o Dia Internacional da Mulher (8 de março).
Milagre? Talvez, tendo em vista que boa parte de mulheres com problemas renais crônicos não consegue engravidar e ter os filhos. Mas Fernanda conseguiu realizar o sonho de ser mãe graças ao apoio da equipe da Clínica de Doenças Renais (CDR) de Nova Iguaçu, uma das unidades da Fresenius Medical Care, referência na região. São 500 pacientes em tratamento, sendo 60% provenientes do SUS.
“Tive todo o suporte da equipe da CDR Nova Iguaçu, que me acompanhou em todas as etapas do pré-natal, auxiliando no controle da hipertensão e aumentando a frequência da diálise para que eu pudesse eliminar todo o líquido do meu organismo. O resultado não podia ter sido melhor, meu bebê nasceu com 34 semanas, bem e saudável”, conta Fernanda, que faz hemodiálise com a Fresenius Medical Care desde 2004.
Problemas renais reduzem a fertilidade
Em estágios avançados da doença, quando a paciente já depende da diálise, a gravidez é considerada quase um milagre e é uma situação de risco para a mãe e especialmente para o bebê. O nefrologista é parte essencial da equipe médica de acompanhamento, pois cabe a ele garantir a estabilidade clínica da mãe para uma gestação saudável e um bom desenvolvimento fetal.
A gravidez em mulheres com doença renal crônica não é frequente. A ocorrência de alterações hormonais provoca irregularidade nos ciclos menstruais e até ausência de ovulação, diminuindo a fertilidade. Mesmo para aquelas que conseguem engravidar, manter uma gestação saudável é um desafio, pois há riscos de complicações para a mãe e especialmente para o desenvolvimento do bebê. Mas o sonho de ser mãe, mesmo em diálise, pode ser realizado, com cuidados especiais e dedicação tanto da paciente quanto da equipe de saúde. O tema de 2018 para o Dia Mundial do Rim, que neste ano será celebrado em 8 de março, é justamente a saúde da mulher.
“Apesar de a fertilidade diminuir à medida que agrava a disfunção renal, a mulher com doença renal pode engravidar, sendo muito importante que conheça os riscos envolvidos para poder decidir de forma consciente o seu planejamento. Enquanto na população geral a incidência de pré-eclâmpsia é de 8%, na doença renal, principalmente se há também tem hipertensão arterial, esta complicação pode afetar até 50% das gestantes”, destaca a nefrologista Ana Beatriz Barra, gerente médica da Fresenius Medical Care.
A especialista afirma, no entanto, que mesmo em estágios avançados da doença, quando a paciente já necessita de diálise, os desfechos, tanto para a mãe quanto para o bebê, melhoram bastante com um tratamento intensivo, que envolve a atenção de uma equipe multidisciplinar e a aderência das orientações pela paciente.
Segundo ela, quando uma mulher com doença renal planeja ter um bebê, precisa levar tudo isso em conta. Medicamentos precisarão ser substituídos e uma dieta saudável e rigorosa deve ser seguida, com rígido controle dietético. Para isso, além do ginecologista, todo o acompanhamento precisa ser feito com o suporte de um médico nefrologista.
Brasil é campeão em ações de prevenção
Diante dos diversos papéis que a mulher assume e em tempos de empoderamento feminino, o desafio da mulher moderna é ainda maior. Mãe, mulher, dona de casa, profissional, é ela quem incentiva toda a família a cuidar da saúde. Segundo estimativas da Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN), a doença renal crônica afeta aproximadamente 195 milhões de mulheres em todo o mundo, e atualmente é a 8ª principal causa de morte entre o sexo feminino, com cerca de 600 mil mortes por ano.
A boa notícia é que, de acordo com o relatório oficial da Campanha de 2017, o Brasil foi o país que mais realizou ações de prevenções (450 eventos), seguido por Eslovênia (79) e Índia (45). Idealizado pela ISN em 2005, o Dia Mundial do Rim (DMR) visa reduzir o impacto da doença renal em todo o mundo, sendo comemorado na segunda quinta-feira de março. Neste ano, a data coincide com o Dia Internacional da Mulher, 8 de março. O objetivo é destacar o ônus da doença renal crônica em mulheres e a dificuldade de acesso aos cuidados com os rins.
A campanha ainda conta com apoio de celebridades de diversas partes do mundo. No ano passado, a apresentadora Angélica Ksy e a atriz Júlia Gomez ficaram entre os top 4 com maior interação nas redes sociais. O jogador de futebol Neymar e o treinador da Seleção Brasileira de Futebol Tite também vestiram a camiseta comemorativa do evento, entre outros famosos.
“Em associação ao World Kidney Day, estamos desenvolvendo uma série de atividades para promover a adoção de comportamentos preventivos e pretendemos nos manter na primeira posição do ranking de países mais ativos com um número ainda muito maior de eventos. O DMR é um caso de sucesso, no qual realizamos mais de 50% das ações mundiais e somos reconhecidos pelo WKD como um modelo a ser seguido. Com essa iniciativa, temos a oportunidade de conscientizar profissionais de saúde, autoridades e sobretudo a população sobre doenças renais. Consideramos que a mulher é um potencial agente de prevenção da DRC, que merece notoriedade nesta missão”, justifica Dra. Carmen Tzanno, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Um em cada 10 brasileiros tem alguma doença renal
No Brasil, um em cada dez brasileiros sofre de algum tipo de doença renal, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia. A doença renal é qualquer patologia ou distúrbio que afeta os rins, alterando a sua capacidade de filtrar resíduos, sais e líquidos do sangue. Embora existam condições específicas, as mais frequentes são a Insuficiência Renal Aguda (IRA), Insuficiência Renal Crônica (IRC), Doença Renal Hereditária (DRH) e Doença Renal Crônica (DRC).
A DRC possui uma taxa de mortalidade maior que o câncer mamário e o câncer de próstata, atingindo 10% da população mundial. O início da doença renal crônica normalmente é silencioso, uma vez que os rins conseguem tolerar por um determinado tempo a diminuição da função. Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que 120 mil pessoas fazem hemodiálise no Brasil, sendo que 70% descobriram a doença tardiamente.
O dado reforça a necessidade de campanhas para prevenção de enfermidades que podem levar a uma disfunção renal, como a diabetes mellitus e a hipertensão arterial. A primeira afeta 50% dos pacientes que fazem hemodiálise, e a segunda, 30% dos pacientes. A hemodiálise é a “filtragem do sangue”, uma denominação genérica para qualquer procedimento que promova a remoção das substâncias tóxicas que ficam retidas quando os rins deixam de funcionar adequadamente.
Para prevenir a Doença Renal Crônica, a dica épraticar exercício físico regularmente, controlar o nível de açúcar no sangue para evitar o diabetes, monitorar a pressão arterial, manter uma alimentação saudável e evitar o sobrepeso. “Hidrate-se ingerindo líquidos não alcoólicos, não fume, não tome remédios sem orientação médica e consulte um médico frequentemente para verificar a situação dos rins”, recomenda a médica.
Como é possível diagnosticar
Os exames de imagem, laboratoriais e de point of care são fundamentais para a triagem, diagnóstico e monitoramento da maioria das condições renais. Na área laboratorial, a Siemens Healthineers oferece marcadores, como a creatinina, Cistatina C, proteína beta-trace* e NGAL*. A creatinina no sangue está presente nos exames de rotina e é utilizada tanto na avaliação inicial da função renal quanto no cálculo da taxa de filtração glomerular, ferramenta essencial no diagnóstico das doenças renais. Em casos onde o uso de creatinina pode apresentar algumas variações devido a condições do paciente, a Cistatina C pode ser utilizada como uma alternativa, além de ser recomendada para o diagnóstico da Doença Renal Crônica.
A proteína beta-trace é um marcador usado para avaliar e diagnosticar a Insuficiência Renal Crônica, sendo extremamente relevante por auxiliar as decisões clínicas no tratamento de hemodiálise, enquanto o marcador NGAL* auxilia na detecção precoce de Insuficiência Renal Aguda.
O ACR (relação albumina/creatina) é um teste de point of care que possibilita identificar a progressão da doença renal por meio da avaliação da severidade do dano no sistema excretor. O teste também tem a finalidade de detectar precocemente alterações renais em pacientes de alto risco, como diabéticos e hipertensos, excluindo a necessidade da coleta de urina pelo período de 24 horas, já que reduz a interferência da variação da concentração do líquido, reduzindo os impactos para o paciente. Um dos diferenciais do produto é a rapidez no resultado, que sai em um minuto após a dosagem das duas substâncias, o que permite que profissionais de saúde definam as estratégias de tratamento com maior agilidade e assertividade.
Na área de imagem, a ultrassonografia abdominal, parte do check up anual, pode identificar pequenos cálculos renais, mesmo que ainda sem sintomas, e outras alterações nos rins. Nesta linha, a Siemens Healthineers destaca o ACUSON S2000 HELX, um equipamento voltado para exames de imagens gerais e saúde da mulher, que fornece imagens em alta qualidade e com maior sensibilidade.
.Fonte: Clínica de Doenças Renais (CDR) de Nova Iguaçu, Sociedade Brasileira de Nefrologia e Siemens Healthineers, com Redação