A recente declaração de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após o aumento de casos em diferentes países, acendeu o alerta no Brasil. Com o recente aumento de casos na África e a descoberta de uma nova cepa do vírus mpox, a OMS recomenda que todos os países intensifiquem seus esforços de vigilância epidemiológica, incluindo as Américas, onde a possibilidade de introdução dessa variante é real.
A transmissão do vírus exige atenção especial sobretudo de profissionais de saúde, familiares e parceiros íntimos, que estão entre os grupos com maior risco de infecção. No entanto, o surgimento de casos também preocupa entre as pessoas idosas. Em nota divulgada neste dia 27 de agosto, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) alerta para os riscos do mpox e que esclarece sobre os principais sintomas da doença.
De acordo com a entidade, “ainda há poucas evidências sobre a relação entre Mpox e idosos, mas o que se sabe até o momento é que esta parcela da população pode ser mais vulnerável ao vírus e suas complicações devido à existência de doenças crônicas como diabetes, cardiovasculares e pulmonares e a fragilização do sistema imunológico, comum no processo de envelhecimento”, ressalta a SBGG.
Em geral, a Mpox pode causar febre, erupções cutâneas. Já no caso dos idosos, há um risco maior de complicações graves, incluindo infecções bacterianas secundárias e sepsis, bem como haver um tempo maior para recuperação das erupções cutâneas, decorrentes do vírus. Diante do risco de maior gravidade, todos os idosos precisam ter atenção aos cuidados para evitar a contaminação”, diz a nota técnica.
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Infectologista explica sobre sintomas, tratamento e prevenção
Em sua série histórica, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde, até o dia 15 de agosto, a cidade de São Paulo tinha 3.278 casos confirmados, com dois óbitos. A região central é a mais afetada, com 915 indivíduos infectados pelo vírus.
Diante deste novo alerta sanitário, é importante se manter informado sobre a mpox e seguir as orientações dos órgãos de saúde. “O cenário atual exige atenção, mas com as medidas adequadas, podemos reduzir o risco de disseminação da doença”, explica a infectologista do São Cristóvão Saúde, Michelle Zicker.
A mpox é uma doença viral zoonótica causada pelo vírus Monkeypox. Sua transmissão ocorre pelo contato direto com lesões na pele, fluidos corporais ou objetos contaminados de pessoas infectadas. Beijos, abraços, relações sexuais e o compartilhamento de objetos de uso pessoal são formas comuns de contágio. A transmissão também pode ocorrer por meio de gotículas, através do contato próximo prolongado entre o indivíduo infectado e outras pessoas.
Os sintomas da mpox incluem o surgimento de lesões na pele, que podem aparecer em qualquer parte do corpo, inclusive na região genital. Esses sintomas podem ser acompanhados de febre, dor muscular e cansaço. O diagnóstico é confirmado por meio de exames laboratoriais específicos. “A evolução da doença costuma ser leve a moderada, com duração de 2 a 4 semanas. No entanto, é essencial que o diagnóstico seja precoce para evitar complicações”, afirma a médica.
Tratamento e prevenção
Atualmente, o tratamento da mpox se baseia em medidas de suporte clínico, que visam aliviar os sintomas e prevenir complicações. Embora não exista um medicamento específico para o vírus, a vacinação tem sido uma ferramenta importante na proteção de grupos de risco, como pessoas vivendo com HIV/aids e profissionais da saúde que tem contato direto com pacientes infectados ou análises laboratoriais.
Dra. Michelle ressalta que “a principal medida de controle é a prevenção. Evitar o contato com pessoas infectadas e seguir as orientações de isolamento são fundamentais para conter a propagação do vírus.” O caso confirmado de mpox deverá se manter em isolamento até que a erupção cutânea esteja totalmente resolvida, ou seja, até que todas as crostas tenham caído e uma nova camada de pele intacta tenha se formado.
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Orientações para a pessoa infectada:
- Não sair de casa, exceto quando necessário para emergências ou cuidados médicos de acompanhamento;
- Contato com amigos, familiares somente em emergências;
- Não praticar atividade que envolva contato íntimo;
- Não compartilhar itens potencialmente contaminados, como roupas de cama, roupas, toalhas, panos de prato, copos ou talheres;
- Limpe e desinfete (hipoclorito de sódio ou produto alcoólico) rotineiramente superfícies e itens comumente tocados, como balcões ou interruptores de luz, usando desinfetante acordo com as instruções do fabricante;
- Use máscara cirúrgica bem ajustada quando estiver em contato próximo com outras pessoas em casa;
- Higiene das mãos (lavar das mãos com água e sabão ou uso de produto para as mãos à base de álcool) deve ser realizada por pessoas infectadas e contatos domiciliares após tocar na lesão cutânea, roupas, lençóis ou superfícies ambientais que possam ter tido contato com a secreção da lesão;
- Caso utilize lentes de contato, evite para prevenir possíveis infecções oculares;
- Evite depilar áreas do corpo cobertas de erupções cutâneas, pois isso pode levar à propagação do vírus;
- Se possível, use um banheiro separado das outras pessoas que moram no mesmo domicílio;
- Se não tiver a possibilidade de um banheiro separado em casa, o paciente deverá limpar as superfícies como balcões, assentos sanitários, torneiras com desinfetante, depois de usar um espaço compartilhado. Isso inclui: atividades como tomar banho, usar o banheiro ou trocar bandagens que cobrem a erupção cutânea. Considere o uso de luvas descartáveis durante a limpeza se houver erupção nas mãos;
- Evite a contaminação de móveis estofados e outros materiais porosos que não podem ser lavados colocando lençóis, capas de colchão, cobertores sobre essas superfícies;
- A roupa suja não deve ser sacudida para evitar a dispersão de partículas infecciosas;
- Cuidado ao manusear a roupa suja para evitar o contato direto com o material contaminado;
- Roupas de cama, toalhas e vestimentas devem ser lavadas separadamente. Podem ser lavadas em uma máquina de lavar, se possível com água morna e com detergente; não é obrigatório o uso de hipoclorito de sódio;
- Pratos e outros talheres não devem ser compartilhados. Não é necessário que a pessoa infectada use utensílios separados se devidamente lavados. A louça suja e os talheres devem ser lavados com água morna e sabão na máquina de lavar louça ou à mão;
- Pessoas com mpox devem evitar o contato próximo com animais (especificamente mamíferos), incluindo animais de estimação em casa. Em geral, qualquer mamífero pode ser infectado com mpox.
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Nota técnica da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – MPOX
No dia 14 de agosto de 2024, a Mpox, também conhecida como varíola dos macacos, foi decretada como emergência de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O anúncio se deu após o aumento exponencial de casos da doença em nível internacional.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, apenas em 2024, foram registrados 709 casos da doença. Muito se tem questionado se a Mpox seria uma espécie de “nova Covid” e qual impacto teria esta, que é uma doença infecciosa, entre os idosos.
Conhecida como uma espécie de “prima” distante da varíola, a Mpox é uma doença infecciosa proveniente do vírus “monkeypox”. Sua transmissão se dá por meio do contato direto com animais infectados e/ou materiais contaminados, o que pode incluir itens como roupas, roupas de cama e toalhas.
Também pode se propagar por meio do contato direto com secreções de pessoas infectadas (por meio do beijo, gotículas de suor ou espirros, bem como relações sexuais). O período de incubação do vírus varia de 3 a 17 dias. O risco de transmissão somente se encerra quando as erupções estiverem completamente curadas.
Ainda há poucas evidências sobre a relação entre Mpox e idosos, mas o que se sabe até o momento é que esta parcela da população pode ser mais vulnerável ao vírus e suas complicações devido à existência de doenças crônicas como diabetes, cardiovasculares e pulmonares e a fragilização do sistema imunológico, comum no processo de envelhecimento. Diante do risco de maior gravidade, todos os idosos precisam ter atenção aos cuidados para evitar a contaminação.
No que cabe aos sintomas, em geral, a Mpox pode causar febre, erupções cutâneas. Já no caso dos idosos, há um risco maior de complicações graves, incluindo infecções bacterianas secundárias e sepsis, bem como haver um tempo maior para recuperação das erupções cutâneas, decorrentes do vírus.
Entre os meios de prevenção, podemos citar manter a higiene pessoal e evitar contato com pessoas infectadas. A vacinação também é uma ferramenta de defesa contra o vírus. Como a imunização contra a varíola, que representaria alguma proteção contra o Mpox, foi extinta em 1980, os indivíduos que nasceram após este período não apresentam alguma imunidade preexistente contra o Mpox.
Atualmente, no Brasil, o desenvolvimento de um imunizante nacional é uma das prioridades da Rede Vírus, o comitê de especialistas em virologia criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Paralelamente, já foram adquiridas 47 mil doses do imunizante Jynneos em 2023, das quais foram aplicadas 29 mil. Há previsão de aquisição de mais 25 mil doses neste ano, conforme informou o Ministério da Saúde. Até que haja imunizantes disponíveis a todos, é fundamental manter os cuidados.
Comissão de Imunização SBGG
Com Assessorias