O “morango do amor” virou febre nas redes sociais, vídeos ensinando a receita caseira ultrapassam milhões de visualizações, e o doce já virou presença constante em festas, cafeterias e lojas de sobremesa. Em poucos dias, o “morango do amor” tomou conta do Instagram, do TikTok e das confeitarias de todo o Brasil. A nova versão da clássica maçã do amor combina morango fresco, recheio de brigadeiro branco e uma camada espessa de caramelo crocante e brilhante.
O sucesso visual, sensorial e comercial foi tanto que confeiteiras relataram faturamentos de mais de R$ 30 mil em dois dias e filas com clientes oferecendo até R$ 50 por unidade. Mas por trás da aparência inofensiva de fruta com calda açucarada, médicos e nutrólogos alertam: o morango virou isca para uma bomba calórica e inflamatória.
Em meio a muita empolgação estética e das crostas de açúcar, uma pergunta se impõe: o que essa sobremesa provoca no seu corpo? Vídeos com a receita explodem nas redes, mas médicos alertam para o risco metabólico.
O olhar médico por trás da sobremesa bonita
Três camadas de dopamina, glicação e inflamação disfarçadas de fruta. Esse tipo de sobremesa reforça um padrão nocivo: usar açúcar para anestesiar emoção, ansiedade e carência afetiva”, diz o médico Rodrigo Schröder, sobre a mistura de brigadeiro e caramelo em torno de uma fruta.
Segundo , o preparo do morango do amor envolve ingredientes altamente prejudiciais à saúde metabólica. “A receita inclui brigadeiro branco feito com leite condensado, creme de leite, leite em pó e manteiga, que depois é envolto por uma calda dura de açúcar refinado com corante alimentício. Ou seja, temos aqui três camadas de estímulo dopaminérgico, glicação e inflamação — tudo isso disfarçado com uma fruta no centro”, afirma.
De acordo com Schröder, uma única unidade do doce pode conter mais de 300 kcal e ultrapassar a quantidade de açúcar de uma lata de refrigerante. “A grande armadilha é o apelo afetivo e visual. Como há um morango no meio, muitas pessoas o associam à ideia de ser ‘menos pior’ ou ‘natural’. Mas, na prática, esse tipo de sobremesa reforça um padrão nocivo: usar açúcar para anestesiar emoção, ansiedade e carência afetiva”, explica o especialista.
O médico destaca também os riscos do consumo recorrente desse tipo de sobremesa em crianças. “A combinação de açúcar em ponto de bala, corantes artificiais e gordura saturada altera o paladar infantil e estimula a compulsão alimentar precoce. O que parece um mimo da infância pode se tornar um gatilho de saúde comprometida na vida adulta.”
Apesar de reconhecer que momentos de prazer alimentar são importantes, Schröder defende a consciência crítica. “Não é sobre demonizar o doce, mas sobre entender o impacto metabólico real por trás de modismos virais. Um morango puro, por exemplo, é excelente: tem vitamina C, fibras, antioxidantes. Mas quando é mergulhado em três camadas de ultraprocessados, deixa de ser fruta e vira armadilha.”
Nutrólogo ensina versão mais saudável para fazer em casa
Saiba como adaptar a receita de forma mais equilibrada para quem não quer abrir mão do doce — nem da saúde
Para o nutrólogo Ronan Araujo, especialista em emagrecimento, longevidade e saúde metabólica, o morango do amor é mais um exemplo do que ele chama de “alimentos mascarados de saudáveis”.
As pessoas veem fruta e pensam que estão comendo algo leve. Mas na prática, esse doce é um verdadeiro pico de glicose, com uma combinação de açúcar refinado, gordura saturada e corante artificial, ingredientes que juntos disparam a inflamação, aumentam a resistência à insulina e favorecem o acúmulo de gordura visceral.”
Segundo ele, para quem está em processo de emagrecimento, modulação hormonal ou controle de doenças inflamatórias como obesidade, síndrome metabólica ou lipedema, esse tipo de alimento pode ser prejudicial quando consumido em excesso ou com frequência.
Não é um doce que vai comprometer sua saúde, mas sim o hábito repetido, disfarçado de inofensivo, que se acumula ao longo do tempo. O problema não está em um morango com cobertura, está em transformar isso numa rotina.”
O excesso de açúcar e o risco silencioso
O alerta vai além do doce da vez: a Organização Mundial da Saúde recomenda que o consumo de açúcares livres não ultrapasse 10% das calorias diárias e, idealmente, fique abaixo de 5%. Uma única unidade de morango do amor pode conter até 20g de açúcar refinado, além de picos de glicemia que afetam o metabolismo e o controle de apetite.
Quando o consumo de açúcar é diário, mesmo em pequenas quantidades, ele ativa processos inflamatórios crônicos, altera a sensibilidade à insulina e compromete a queima de gordura. Isso é ainda mais preocupante em pessoas com predisposição genética, resistência insulínica ou distúrbios hormonais.
O morango do amor viralizou, encantou e tem seu lugar como sobremesa eventual. Mas a mensagem do Dr. Ronan é clara: o cuidado está na frequência, não na exceção.
Para quem está em busca de saúde, energia e equilíbrio hormonal, o mais importante não é cortar prazeres pontuais, mas fazer escolhas mais conscientes no todo. Porque, no final das contas, não é o morango que te sabota é o hábito que você repete sem perceber.
O Dr. Ronan Araujo conclui: “Meu trabalho não é tirar o prazer das pessoas. É mostrar que é possível comer bem, com sabor, mas com escolhas que respeitam seu metabolismo. Porque saúde de verdade começa com consciência e continua com boas decisões todos os dias.”
Com Assessorias