O apresentador da ESPN Antero Greco, de 69 anos, morreu nesta quinta-feira (16), vítima de um tumor cerebral. Ele sofria com a doença desde junho de 2022 e, após passar por cirurgia, vinha passando por sessões de radioterapia para tratar um meningioma, tipo de tumor das membrana cerebrais, que costumava chamar de “corpo estranho”.
Apesar de ter realizado a cirurgia para a remoção, durante exames de rotina, o jornalista esportivo foi informado que ainda restava um pedaço do tumor e, por isso, passaria por nova operação. O procedimento estava previsto para outubro, porém, teve de ser adiado após Greco passar mal na bancada do Sportscenter.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que os tumores cerebrais são responsáveis por 4% de todos os casos de câncer no Brasil, o que representa 11 mil pacientes diagnosticados com tumores do Sistema Nervoso Central (SNC). Os números mostram que a taxa de mortalidade é de 84% para o câncer cerebral, que ocupa o 10º lugar entre os tipos mais comuns da doença no Brasil, excluindo os cânceres de pele não melanoma.
Conheça o meningioma, o tumor das membrana cerebrais
Originado no encéfalo, região de membranas que faz parte do SNC, o meningioma geralmente é um tumor benigno comum e é resultado da divisão celular anormal das meninges. Essa parte do cérebro é responsável por envolver o cérebro e a medula, mas suas causas podem ser genéticas ou por distúrbios hormonais.
“Os principais sintomas deste tipo de tumor podem ser dor de cabeça, por causa do crescimento anormal das membranas, crises convulsivas em casos de meningiomas que afetam o córtex cerebral, falta de coordenação, perda de força ou sensibilidade em algum membro. Normalmente, os sintomas variam de acordo com o local em que o tumor se desenvolve”, afirma Roberto Abramoff, oncologista do Hcor.
Para detectar um meningioma, exames preventivos e de imagem como tomografia e ressonância magnética são indispensáveis. Entretanto, a pessoa deve estar atenta aos fatores de risco para desenvolvimento do tumor, que são: neurofibromatose e radiação ionizante na região da cabeça.
O exame mais utilizado para o diagnóstico é a ressonância magnética do crânio. Para a confirmação da histologia do tumor faz-se necessária biópsia que pode ser feita por procedimento micro invasivo antes da cirurgia, durante uma cirurgia para ressecção da lesão, ou por análise do tumor retirado na cirurgia”, explica Dácio Quadros Netto, oncologista clínico do Instituto Paulista de Oncologia (IPC).
Após o estabelecimento do diagnóstico, a análise molecular também ajuda a melhorar a percepção médica do prognóstico e mostrar um caminho de qual tratamento seguir, sendo sempre de caráter multidisciplinar, discutindo cada caso individualmente para decisão sobre os protocolos.
A localização do tumor é primordial em relação ao planejamento da cirurgia, pois a depender da região e funções exercidas por ela, podem ocorrer sintomas diferentes e sequelas também com a cirurgia”, afirma Dácio Quadros Netto.
Então, quando o tumor está presente em uma região não tão nobre do cérebro, é possível uma ressecção mais ampla e segura. Já quando está localizada em uma região com funções nobres como a fala, visão, olfato, movimentação, a cirurgia é mais desafiadora e muitas vezes limitada pela possível sequela grave.
“O método mais efetivo para o tratamento deste tipo de câncer, quando grande e sintomático, é a cirurgia seguida de radioterapia, podendo ser considerada a radiocirurgia também. Os meningiomas pequenos e assintomáticos podem ser acompanhados com exames de imagem”, informa o especialista.
Tumor cerebral mais comum em adultos representa um terço de todos os casos
Neurologista da BP explica que os tumores cerebrais malignos mais frequentes são as metástases, ou seja, tumores que se originam de outros cânceres no organismo e que terminam acometendo o cérebro
Dores de cabeça intensas, convulsões, visão turva, fraqueza nos braços e pernas, dormência, perda de equilíbrio, audição e memória são os principais sintomas de meningioma grau 1 – o tumor cerebral benigno mais comum em adultos. São lesões que se desenvolvem a partir das meninges (tecidos que revestem o cérebro e todo o sistema nervoso central, incluindo o cérebro, tronco encefálico, cerebelo e medula espinhal). Embora geralmente não malignos, nem todos os meningiomas são inofensivos.
“Além destes, que representam 80% dos casos, cerca de 15% são classificados como grau 2, que estão associados a maiores taxas de recidiva (retorno do tumor) e, por isso, podem ter indicação de radioterapia de forma complementar”, explica Iuri Neville, neurocirurgião da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Em contrapartida, aproximadamente 5% dos casos são classificados como grau 3 e possuem comportamento bastante agressivo, com necessidade de tratamento cirúrgico, radioterapia complementar e, em alguns casos, quimioterapia. “Entre os tumores cerebrais malignos, os mais frequentes são as metástases, que se originam de outros cânceres no organismo e terminam acometendo o cérebro”, afirma o médico.
Cerca de 20% a 30% dos pacientes com cânceres apresentam metástase no cérebro em algum momento da doença. Os cânceres de pulmão, de mama e melanoma (um tipo de câncer de pele maligno) são os que mais geram metástases no cérebro.
Dentre os tumores cerebrais primários (que se originam no próprio cérebro), o mais comum em adultos é o glioblastoma, que se forma a partir de uma célula chamada astrócito, responsável por nutrir e dar sustentação aos neurônios.
De acordo com o médico, os principais sintomas não estão associados ao tipo de tumor e, sim, à área do cérebro onde a lesão se desenvolve e à agressividade do seu comportamento biológico. “Esses são os principais fatores que determinam quais funções nervosas podem ser afetadas e, portanto, as reações neurológicas que podem surgir”, enfatiza o especialista.
Como diagnosticar
Os tumores não malignos costumam crescer em ritmo mais lento, não se espalham em outras regiões do cérebro e nem desencadeiam metástases. Apesar disso, nunca devem ser negligenciados. Dependendo da área do cérebro onde se desenvolvem, podem afetar drasticamente a vida do paciente, portanto, devem ser sempre tratados e/ou acompanhados.
Diante de uma suspeita de tumor cerebral, os exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, são ferramentas importantes para detectar a presença da massa tumoral.
A gravidade de caso é avaliada sempre de forma individualizada, levando-se em conta vários fatores, como a saúde geral do paciente (idade e outras doenças que eventualmente também possua), sintomas neurológicos apresentados, áreas cerebrais afetadas, velocidade de crescimento do tumor e quantidade de lesões tumorais.
Quando a cirurgia é indicada
Para alguns pacientes com tumores cerebrais benignos, a neurocirurgia pode ser necessária, enquanto outros podem ser apenas monitorados por meio de consultas médicas e exames de imagem regulares. Já os tumores malignos apresentam riscos extras, principalmente por causa de sua velocidade acelerada de crescimento e da capacidade de invadir e destruir outras regiões do cérebro.
A cirurgia para remoção do tumor é uma modalidade terapêutica importante, especialmente no tratamento de tumores primários, acompanhada por radioterapia e quimioterapia na maior parte dos casos.
No manejo local das metástases cerebrais, além da cirurgia, outras modalidades são frequentemente utilizadas, como a radiocirurgia. Apesar do nome, não se trata de uma cirurgia, mas um tipo de radioterapia com aplicação de altas doses de radiação em pontos localizados, que pode ser realizada em somente um dia, ou em poucas sessões.
Tratamento sistêmico
Além disso, existem ainda os tratamentos sistêmicos, incluindo quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. Enquanto cirurgia, radioterapia e radiocirurgia são direcionadas a pontos tumorais específicos, o tratamento sistêmico age sobre todos os focos da doença ao mesmo tempo.
A quimioterapia, por sua vez, compreende um amplo conjunto de remédios que visam controlar a rápida multiplicação das células neoplásicas, mas também podem afetar tipos de células saudáveis e que se reproduzem rapidamente no nosso organismo, como as células do sangue e da pele, causando os efeitos colaterais.
Com Assessorias