“Na masculinidade tóxica, homens estão acima de mulheres numa presumida hierarquia social. Logo, eles seriam o troféu pelo qual toda fêmea anseia. É o homem que dita as regras, é ele quem escolhe. O estereótipo de ser forte, independente e durão está presente em várias das atitudes. Na fanfarronice típica de um ‘macho alfa’: é ele quem é assediado, é a mulher que não está à sua altura. A mulher não é boa de cama. A mulher o assedia no direct da rede social”.

As definições são da psicóloga Maria Rafart ao analisar o perfil de um participante de um reality show, trazendo à tona uma das questões comportamentais mais comentadas nos últimos tempos: a masculinidade tóxica. Afinal, como pequenas atitudes do dia a dia fazem um homem ser ridicularizado e tenha sua sexualidade e masculinidade colocadas à prova por uma grande parcela da sociedade?

É dentro desta temática que Edson Castro, co-fundador do Manual do Homem Moderno, convida as pessoas a repensarem sua conduta dentro e fora da internet. A masculinidade tóxica é constantemente colocada em pauta pelo influenciador em suas redes.

Para o jornalista, ator, desenhista e influencer, além do medo de ser julgado por querer se cuidar física e emocionalmente, a pressão psicológica no trabalho, na família e nas relações amorosas fazem parte de tudo que engloba a masculinidade tóxica, devido à necessidade constante de comprovar a heterossexualidade e a virilidade para os outros.

“Me incomoda muito ver como uma grande parte dos meninos não são emocionalmente acolhidos desde a infância e não aprendem a lidar com as frustrações e outras emoções. Infelizmente, a sociedade em que vivemos ainda é muito machista e isso se reflete na criação dos meninos, que sofrem com a pressão de serem ‘machões pegadores’ sem fraquezas ou sentimentos”, comenta Eddie.

Masculinidade tóxica na rotina: um risco à saúde

Edson explica que o problema está presente em vários momentos do cotidiano. “De forma geral, a maior parte das pessoas ainda vê com maus olhos homens que optam por ficar em casa cuidando do lar e dos filhos enquanto a mulher trabalha fora, ou homens que ganham menos que suas companheiras. Se o homem é vaidoso, já sabe que vão haver questionamentos sobre ele ser gay”.

O primeiro ponto que precisamos entender é que ser gay não é uma ofensa e essa história de que todo vaidoso é homossexual é apenas mais um estereótipo sem sentido. Nossa sociedade deve começar a entender que ser vaidoso, carinhoso e emotivo são características humanas que não definem masculinidade”, explica.

A ideia de que não é preciso ter cuidado com a própria higiene pessoal, pois isso seria ‘coisa de mulher’, é mais um exemplo de distorção da realidade, que pode causar muitos problemas. Segundo dados da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), sabe-se que cerca de mil homens têm o pênis amputado por ano no Brasil devido a problemas de saúde que podem ser evitados simplesmente com boa higiene.

De acordo com Edson, as perguntas sobre como cuidar da própria região íntima são constantes no canal, o que revela uma situação preocupante a respeito da saúde dos homens e os diálogos com a família.

“É estranho vivermos em um mundo cheio de tecnologia, mas onde muitas pessoas ainda não têm acesso à informação e não recebem orientação dentro de casa. Fico feliz em saber que consigo ajudar com meu canal, mas lamento muito que este tema ainda seja um tabu dentro das casas”, pontua.

Apesar de toda a problemática envolvendo essa questão ainda estar longe do fim, grandes marcas já patrocinaram o canal em campanhas sobre o assunto, como foi o caso da última publicidade de Edson para a Dove, com um vídeo intitulado “Se VOCÊ É HOMEM ASSISTA esse vídeo”, no qual o tema foi amplamente abordado.

“Hoje em dia, as marcas estão colocando cada vez mais propósito em suas criações e querem ter uma comunicação que reflita isso. Especialmente para as gerações mais jovens, os valores que uma empresa defende e as causas que ela apoia são um fator bastante relevante na decisão de compra. Por isso, as parcerias com marcas são sempre muito interessantes, ainda mais quando entramos em debates tão importantes juntos. Nós, como sociedade, precisamos nos unir para desconstruir a imagem distorcida e prejudicial que muitas pessoas têm a respeito do que é ser homem”, finaliza Edson.

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