Em pleno feriadão do Dia do Trabalho, muita gente aproveita para pegar estrada. Mas o balanço e as curvas das estradas são a combinação perfeita para desencadear dor de cabeça, náuseas e até provocar vômitos em algumas pessoas, especialmente crianças e idosos. Uma tia minha, aos 74 anos, evita viajar de carro porque sente muito enjoo. Minha avó, hoje aos 92 anos, até pouco tempo também não entrava por nada dentro do carro porque se sentia muito mal.
O mal estar sentido com o veículo em movimento, que interrompe qualquer viagem tranquila, não é frescura. De acordo com o neurologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Tiago Sowmy, esse incômodo tem relação com as funções cerebrais.
A resposta dada pelo corpo ocorre devido a um conflito de informações no cérebro, que não compreende os estímulos provenientes de diferentes sistemas do organismo. Segundo o médico, isso ocorre principalmente com quem está no banco do passageiro.
O que acontece é que há um conflito entre o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio, o sistema visual e o sistema sensorial, pois se tem a impressão visual do movimento do carro, a sensação de repouso em relação ao carro, mas o labirinto recebe informações de movimento. Estas informações conflitantes geram os sintomas”, explica.
Apesar de o mal estar ser sentido no estômago, Sowmy desmitifica a relação da sensação com o órgão do sistema digestivo. “Esse reflexo independe do estômago. Ele ocorre no tronco encefálico, uma parte mais primitiva do cérebro. Esta região é estimulada por estar próxima aos sistemas de equilíbrio e sensorial. Quando um deles é sobrecarregado, ocorre o incômodo.”
O problema, no entanto, pode ser atenuado ou extinto com o tempo. O neurologista esclarece que o corpo tem a capacidade de aprender a lidar com esse conflito de informação ocasionado durante as viagens de carro.
Além do aprendizado natural, há também tratamentos que amenizam os sintomas. “Além dos remédios, o tratamento mais efetivo é a fisioterapia vestibular, que é direcionada para esse tipo de sintoma”, explica o médico.
Fonte: Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, com Redação