Mais de 11.500 casos do novo coronavírus serão notificados até dia 30 de março no Brasil. É o que constatou uma nova nota técnica emitida pelo Núcleo de Operações e Inteligência e Saúde (Nois), após analisar novos dados do Ministério da Saúde sobre o avanço da pandemia. Os estados de Rio de Janeiro e São Paulo continuam concentrando o maior número de casos no país.

De acordo com o estudo do NOIS, o Rio pode ter um crescimento de 482% nos casos, chegando a 1.392 no pior cenário. Já São Paulo pode chegar a até 5.059 casos. O estado, no entanto, caiu de 68% (projeção da NT1 do NOIS) para 43% das estimativas nacionais da doença.

O estudo aponta que a taxa de crescimento do coronavírus no Brasil, em comparação com o resto do mundo, tem sido menor. O NOIS, no entanto, acredita que isso se deve à subnotificação, a um baixo volume de testagem e à demora nos resultados dos testes de confirmação da doença, fazendo com que os valores reportados pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estaduais estejam abaixo do que eles são na realidade.

Até a manhã desta quinta-feira (26), subiu para 2.567 o número de casos confirmados do novo coronavírus, com 61 mortes no Brasil, de acordo com as informações das secretarias estaduais de Saúde. A maior concentração continua no Sudeste. São Paulo tem 48 mortes e em seguida, está o Rio de Janeiro, com oito mortes confirmadas. Mas já há óbitos em todas as regiões do país.

Centro-Oeste, Norte e Nordeste registram um caso em cada. O mais recente foi Goiás, na manhã desta quinta-feira (26). Já no Sul, o segundo óbito foi confirmado na noite, em Florianópolis, Santa Catarina – o outro é no Rio Grande do Sul. As outras duas mortes ocorreram no Amazonas e em Pernambuco.  Na tarde de quarta-feira (25), o Ministério da Saúde anunciou 57 mortes, sendo 48 em São Paulo e seis no Rio.

Na ocasião, o secretário-executivo do MS, João Gabbardo Reis, disse que o crescimento diário vem sendo menor do que os 33% que havia sido projetado pela pasta. “Nos últimos três dias, o aumento de casos sempre ficou abaixo de 25%. Então, nós estamos acompanhando e a velocidade de crescimento está dentro do que nós esperávamos. Nossa curva de crescimento está entre os países que tiveram menor número de casos, como Alemanha e Espanha”, acrescentou.

Transmissão comunitária = isolamento social

Para garantir um esforço coletivo de todos os brasileiros para reduzir a velocidade de transmissão do coronavírus, na última sexta-feira (20), o Ministério da Saúde reconheceu a transmissão comunitária da Covid-19 em todo o país. A medida é uma estratégia para que todo o Brasil se una contra o vírus. “Em termos práticos, a declaração é um comando do Ministério da Saúde para que todos os gestores nacionais adotem medidas para promover o distanciamento social e evitar aglomerações, conhecidas como medidas não farmacológicas, ou seja, que não envolvem o uso de medicamentos ou vacinas”, ressalta a nota oficial.

Sobre as medidas para contenção do coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou a necessidade de um trabalho coletivo, com órgãos diversos. “Quarentena sem prazo determinado para terminar vira uma parede na frente das necessidades das pessoas que precisam comer, que precisam abastecer suas casas, que precisam ir aos supermercados e que precisam ir e vir, porque isso faz parte da própria sobrevivência”, comentou.

Mandetta reforçou, ainda, as medidas de prevenção. “Qualquer pessoa resfriada, gripada: evite o contato com outras pessoas. Mantenha a higiene das mãos para que a gente possa ter uma somatória de ações que nos dê equilíbrio para podermos atravessar esse momento de muito estresse para as pessoas e para o sistema de saúde”, concluiu. “Nós não vamos mudar um milímetro do foco na vida. Nós vamos focar na vida das pessoas durante todo esse período. Não vamos perder o foco que nós já construímos e estamos todos muitos conscientes, no foco da proteção da vida”, concluiu o ministro da Saúde.

Saiba mais sobre o estudo

Em sua primeira Nota Técnica, de 16 de março, o NOIS projetou que, no cenário mais pessimista, o Brasil teria no dia 23/03 (segunda-feira) 1.979 casos de coronavírus. Uma variação de apenas 4,4% acima do total de 1.891 casos confirmados pelo Ministério da Saúde na terça-feira (24), às 16h.

Em função da dinâmica constante em relação aos dados informados oficialmente dia a dia, o NOIS atualizou seus números em seu quarto estudo denominado NT4: “Projeção de casos de infecção por COVID-19 no Brasil até 30 de março de 2020”.

O NOIS fez as projeções a partir do Dia 0 no Brasil, datado de 11 de março, quando o número de casos estava acima de 50. As primeiras medidas de contenção começaram a ser implementadas quase uma semana depois, no dia 17.

Conforme apresentado na Nota Técnica 3, essas ações irão começar a influenciar na desaceleração da taxa de crescimento do número de casos dentro de uma ou duas semanas da data de sua aplicação, pelo que se observou em outros países. Todas as análises e gráficos brasileiros da Nota Técnica 4 foram comparados com outros países, tendo o Dia 0 como mesmo ponto de evolução.

O NOIS é um grupo de pesquisa formado por profissionais do Departamento de Engenharia Industrial, PUC-Rio, Instituto Tecgraf, PUC-Rio, Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal), Espanha, Divisão de Pneumologia, InCor, Hospital das Clínicas FMUSP, Universidade de São Paulo, Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino – Rio de Janeiro e Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Figura 7. Predição do número de casos de COVID-19 no Brasil de 21/03/2020 a 30/03/2020

(cenário otimista, mediano e pessimista).

 

 

Figura 8. Predição do número de casos de COVID-19 no Estado de São Paulo de 21/03/2020 a

30/03/2020 com cenários pessimista, mediano e otimista.

 

Figura 9. Predição do número de casos de COVID-19 no Estado do Rio de Janeiro de 21/03/2020 a

30/03/2020 (cenário pessimista, mediano e otimista).

 

Figura 5. Comparação dos 9 primeiros dias de crescimento da epidemia de COVID-19 no Brasil com outros países (a partir do dia que registrou o 50º caso), em escala logarítmica.

Fonte: Ministério da Saúde e World Health Organization com pela John Hopkings University

Assista à coletiva com a atualização dos casos – 25/03/2020

Tabela com detalhamento dos casos por UF

ID UF CONFIRMADOS ÓBITOS
N N %
NORTE – Total: 105 (4,3%)
1 AC 23 0 0 %
2 AM 54 1 2 %
3 AP 1 0 0 %
4 PA 7 0 0 %
5 RO 5 0 0 %
6 RR 8 0 0 %
7 TO 7 0 0%
NORDESTE –  Total: 390  (15,8%)
8 AL 11 0 0%
9 BA 84 0 0%
10 CE 200 0 0%
11 MA 8 0 0%
12 PB 3 0 0%
13 PE 46 1 2.2%
14 PI 8 0 0%
15 RN 14 0 0%
16 SE 16 0 0%
SUDESTE – Total:  1.404 (57,9%)
17 ES 39 0 0%
18 MG 133 0 0%
19 RJ 370 6 1,6%
20 SP 862 48 5,6%
CENTRO-OESTE – Total:  221 (9,1%)
21 DF 160 0 0%
22 GO 29 0 0%
23 MS 24 0 0%
24 MT 8 0 0%
SUL – Total:   313 (12,9%)
25 PR 81 0 0%
26 SC 109 0 0%
27 RS 123 1 0,8%
BRASIL 2.433 57 2,4%

Mais informações aqui.

Com Assessorias e Agências

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